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Por Fabian Chacur

Um dos grandes méritos do formato CD consiste nas reedições de álbuns clássicos dos mais diversos estilos. Um deles acaba de ganhar essa roupagem de luxo. Trata-se de Sticky Fingers (1971), para alguns (eu incluso) o melhor álbum da brilhante carreira dos Rolling Stones, que chega às lojas brasileiras em reedição absolutamente imperdível.

O novo Sticky Fingers traz o disco original em versão remasterizada e um CD bônus dividido em duas partes distintas. Uma traz cinco versões alternativas de faixas do álbum, incluindo uma de Brown Sugar com a participação especial de Eric Clapton. Nenhuma delas supera as originais, mas são todas ótimas, para fazer o fã babar de prazer.

A segunda metade nos proporciona cinco gravações ao vivo extraídas de show dos Stones realizado no mítico Roundhouse londrino em 1971, nos quais o quinteto esbanja energia e talento nas fantásticas Live With Me, Stray Cat Blues, Love in Vain, Midnight Rambler e Honky Tonk Women. Adrenalina pura, para botar os ya’ya’s para fora agora.

A capa do álbum é quádrupla no esquema digipack, e traz de quebra um encarte repleto de fotos inéditas e com a reprodução das célebres imagens do jeans e da cueca criados pelo mítico artista plástico Andy Warhol. A ficha técnica surge completa. Só faltaram um texto sobre o álbum e as letras das músicas para a reedição ganhar um dez com louvor.

Sticky Fingers é o primeiro álbum completo com a presença do guitarrista Mick Taylor, e pode ser considerado aquele em que Mick Jagger e Keith Richards chegam ao formato perfeito para a sua música. Brown Sugar, faixa que abre o LP, é uma das gravações mais perfeitas da história do rock, e seria a fonte a partir do qual o grupo faria inúmeras outras tão boas quanto, do tipo Start Me Up e She’s So Cold.

Guitarrista oriundo do universo do blues e com influências jazzísticas, Mick Taylor trouxe aos Stones um acréscimo em termos técnicos que se refletiu em faixas como Can’t You Hear Me Knocking (com seu envolvente improviso jazzístico em sua metade final), I Got The Blues, You Gotta Move e Moonlight Mile. O parceiro perfeito para a guitarra crua e de riffs matadores e inconfundíveis de Keith Richards.

Uma grande virtude desse álbum, que atingiu o topo da parada americana em 1971 e marcou o início da Rolling Stones Records e do célebre símbolo da boca com a língua de fora, um dos maiores ícones do rock and roll, é a concisão. São apenas dez faixas, uma melhor do que a outra, com direito aos hits Brown Sugar e a comovente Wild Horses.

O famoso zíper da versão original em vinil, que tantos problemas trouxe em termos logísticos na época, desta vez veio apenas em papel, não seguindo a reedição em CD feita nos anos 1990 pela Virgin Records. Mas é um detalhe que pode ser deixado em segundo plano e devidamente relevado, pois a qualidade artística dessa reedição merece ser apreciada pelos fãs do melhor rock and roll.

Can’t You Hear Me Knocking– The Rolling Stones:

Brown Sugar (versão alternativa com Eric Clapton)- The Rolling Stones:

Wild Horses– The Rolling Stones: