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Tag: rock anos 1960 (page 1 of 3)

Robbie Robertson, 80 anos, um dos integrantes do The Band

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Por Fabian Chacur

The Band foi uma das bandas mais incríveis e seminais da história do rock. Em sua fase áurea, entre 1968 e 1977, produziu um trabalho consistente, sólido e no qual seus 5 integrantes tinham participação ativa. Nesta quarta-feira (9), perdemos mais um deles, o guitarrista e principal compositor, Robbie Robertson. Ele nos deixou aos 80 anos, vítima de uma doença não revelada por seu empresário, Jarred Levine.

Nascido em Toronto, Canadá, em 5 de julho de 1943, Robertson foi uma espécie de menino prodígio do rock. Aos 16 anos, não só já integrava a banda de apoio do roqueiro americano radicado no Canadá Ronnie Hawkins como ainda tinha duas músicas gravadas por ele. E esse grupo de apoio acabou sendo o berço do que viria a ser o The Band.

Após deixar Hawkins para tentar a própria sorte, a partir de 1964, o grupo se envolveu com ninguém menos do que Bob Dylan, acompanhando-o com variações na formação entre o fim de 1965 e meados de 1966 no início da fase mais roqueira daquele artista. Em 1967, Dylan se recuperou de um grave acidente de moto e eles gravaram juntos músicas que só seriam lançadas oficialmente em 1975 no seminal álbum The Basement Tapes.

Poucos grupos poderiam usar um nome tão aparentemente arrogante, The Band (a banda), sem soar como pretensiosos, e esse quinteto podia se dar a esse luxo sem sustos. Além de Robbie, que era o guitarrista e seu principal compositor, tínhamos um talentoso multi=instrumentista, Garth Hudson (agora, o único do grupo ainda entre nós) e três grandes vocalistas e músicos.

Levon Helm (1940-2012), o único norte-americano do time, tinha uma voz mais áspera, além de tocar bateria. Rick Danko (1942-1999), o baixista, era o rei das harmonizações vocais, e Richard Manuel (1943-1986) tinha uma linda voz e também tocava piano.

Juntos, eles criaram uma sonoridade que poderia ser definida de forma muito abrangente por country soul, pois mistura de forma extremamente original rock, soul music, country, folk e música americana tradicional. Nas composições de Robertson, ele usava temas como religiosidade, fé e as culturas americana e canadense.

Quando Music From Big Pink saiu, em 1968, conquistou rapidamente a crítica especializada, o público e os colegas músicos, especialmente gente do gabarito de Eric Clapton e George Harrison, trazendo músicas marcantes como The Weight, que virou uma espécie de cartão de visitas do grupo, além de ter sido incluída em várias trilhas de filmes.

Além de gravar as músicas de Robertson, The Band também registrou várias músicas de Bob Dylan e fez alguns covers muito bacanas em seus anos de ouro. Eles ainda arrumaram tempo para uma nova parceria com o autor de Blowin’ In The Wind em 1974, que rendeu um álbum de estúdio, Planet Waves, e um ao vivo simplesmente espetacular, Before The Flood.

Em 1976, Robertson decidiu que havia chegado a hora de sua banda encerrar a sua trajetória, não sem antes realizar um último show, registrado por Martin Scorsese e gerando o excelente filme The Last Waltz (1978- exibido no Brasil como O Último Concerto de Rock).

Como legado, deixaram álbuns incríveis como o já citado Music From Big Pink e também pelo menos The Band (1969), Stage Fright (1970) e outro álbum ao vivo simplesmente matador, Rock Of Ages (1972). Se bem que qualquer um dos discos desse período merece ser ouvido com carinho, pois são todos no mínimo ótimos.

Das composições de Robbie Robertson gravadas pelo The Band, podemos citar como exemplos de excelência maravilhas do naipe de Chest Fever, Acadian Driftwood, Up On Creeple Creep, The Shape I’m In, The Night They Drove Old Dixie Down e Rag Mama Rag, só pra começo de conversa. Ouça essas e tente não querer ouvir muitas outras…

O The Band voltaria à ativa nos anos 1980, mas sem Robbie Robertson, que preferiu se dedicar à carreira-solo, compondo trilhas incidentais para diversos filmes de Martin Scorsese, entre os quais The Colour Of Money (A Cor do Dinheiro-1987), que emplacou o hit It’s In The Way That You Use It, interpretado por seu parceiro nesta composição, Eric Clapton.

Robertson lançou discos solo muito elogiados pelos críticos e com resultados comerciais aceitáveis, como Robbie Robertson (1987- com participações de U2 e Peter Gabriel), Storyville (1991) e How To Become a Clayrvoyant (2011), este último com participações de Eric Clapton, Steve Winwood, Trent Reznor e Tom Morello e atingindo o 13º posto nos EUA, sua melhor performance fora do The Band.

The Weight (ao vivo em Woodstock)- The Band:

Mick Jagger: 80 anos dos lábios mais famosos do rock and roll

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Por Fabian Chacur

Em 1970, o designer britânico John Pasche criou um símbolo que se tornou um dos ícones mais famosos e facilmente identificáveis de todos os tempos. Esse logo surgiu para representar uma então já mundialmente famosa banda de rock, baseando-se em uma das marcas registradas de seu integrante mais destacado. E esse cidadão, um certo Mick Jagger, completou 80 anos de idade nesta quarta-feira (26) com símbolo da eterna juventude.

O cantor, músico e compositor que criou os Rolling Stones junto com o também icônico Keith Richards em 1962 equivale a uma verdadeira façanha ambulante. Afinal de contas, não são muitos os profissionais que podem se gabar de se manter relevantes e cultuado por milhões de pessoas durante seis longas décadas, onde milhares de artistas e grupos surgiram e sumiram de cena como que por passe de mágica.

Jagger se tornou o template do vocalista de banda de rock, com sua presença de palco energética, carismática e repleta de cumplicidade com as plateias. Tive a honra de ver os três shows dos Stones em janeiro de 1995 no Hollywood Rock em São Paulo, no estádio do Pacaembu, e fiquei impressionado com a capacidade do cidadão em verdadeiramente reger as plateias. Poder que ele mantém até os dias de hoje.

Grande cantor e performer, ele também possui no currículo a coautoria de alguns dos maiores clássicos do rock and roll, maravilhas do porte de (I Can’t Get No) Satisfaction, Jumpin’ Jack Flash, Start Me Up, Brown Sugar, Miss You, The Last Time e Street Fighting Man, entre dezenas de outros.

Como todos sabem (ou deveriam saber), só talento artístico não possibilita uma permanência tão grande, e Mick Jagger soube usar seu tino para os negócios como forma de se manter firme na cena cultural, além de multiplicar sua fortuna. E sua sacada de gênio ocorreu quando ele e Richards resolveram criar a Rolling Stones Records (RS Records) em 1970.

De forma inteligente, a RS Records criou como padrão assinar contratos de parceria com grandes gravadoras que se incumbiriam da prensagem, divulgação e distribuição dos discos que lançariam. Mas o pulo do gato era sempre realizar compromissos com prazo pré-determinado, sendo que, quando encerrados, Jagger e Richards levavam consigo todo o acervo que tivessem criado em cada período.

Dessa forma, e também graças ao sucesso dos álbuns e singles que lançaram, os Stones enriqueceram ainda mais a cada novo contrato de distribuição, tendo passado por Atlantic, EMI, Sony/CBS, Virgin e Universal Music. Sempre com direito a relançamentos e reaproveitamento de material antigo de modo inteligente e lucrativo. Mick virou o real Tio Patinhas do rock.

Jagger também soube manter a sua forma física, o que lhe permite até hoje esbanjar energia nos palcos, com poucos e raros momentos de problemas de saúde. Até as marcas do tempo aparentes em seu corpo se mostram verdadeiras provas de um vencedor que soube enfrentar os inúmeros desafios apresentados aos artistas para se manterem na crista das ondas.

O cantor dos Rolling Stones também desenvolve uma carreira solo que, se não teve tanto sucesso como a de sua banda, ainda assim mostrou que ele poderia sobreviver dignamente dessa forma, se quisesse. Mas é fato que Jagger e Richards amam esse tal de rock and roll e amam fazer isso juntos, tanto que vem aí um novo álbum da banda, mesmo após a perda do baterista Charlie Watts. E novos shows. Yeah, yeah, yeah, wow!

Brown Sugar– The Rolling Stones:

Janis Joplin e Jorma Kaukonen em uma gravação lendária

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Por Fabian Chacur

Em 1964, Janis Joplin e Jorma Kaukonen eram apenas dois jovens músicos batalhando por um lugar ao sol no competitivo mercado musical estadunidense. No dia 25 de junho daquele ano de triste memória para o povo brasileiro, eles resolveram fazer uma gravação despojada na casa do guitarrista. Nascia ali um registro lendário, que, acredite se quiser, apenas agora ganhará um lançamento oficial e autorizado, nos formatos LP de vinil e CD, com o título The Legendary Typewriter Tape, pela gravadora Omnivore Records (saiba mais sobre este selo aqui).

Jorma e Janis se conheceram em 1962 em San Jose, Califórnia (EUA), e com o tempo começaram a fazer apresentações eventuais, com ela no vocal e ele no violão. Ou seja, a dupla já tinha um certo entrosamento quando fez essa histórica gravação. O clima era tão informal que você pode ouvir ao fundo o barulho de Margareta, esposa de Jorma, digitando em uma máquina de escrever, o que gerou o nome para esse registro (typewriter, em inglês).

O repertório traz seis composições, entre elas clássicos do blues, além de dois pequenos trechos de diálogos entre eles. Apenas duas dessas gravações, Trouble In Mind e Hesitation Blues, já haviam sido lançadas de forma oficial, ambas na caixa de 3 CDs intitulada Janis (1993).

Desta vez, temos o material na sua íntegra, com direito a restauração de áudio e masterização feitas pelo especialista Michael Graves. O lançamento contou com a autorização de Jorma (que de quebra escreveu as liner notes incluídas no encarte do CD e LP) e do Janis Joplin State, que cuida do acervo da saudosa cantora que nos deixou em 1970 com apenas 27 anos.

Muito legal ter a chance de conferir em seus estágios iniciais de carreiras uma das maiores cantoras da história do rock e um músico que depois se tornaria integrante de duas bandas seminais, Jefferson Airplane e Hot Tuna, como excelente guitarrista e violonista do nosso amado rock and roll. Este álbum sairá no exterior entre o final de novembro e o início de dezembro, e também será disponibilizado nas gloriosas plataformas digitais.

As faixas de The Legendary Typewriter Tape:

Are We Taping Now?(dialogue)
Trouble In Mind
Long Black Train
Kansas City Blues
Hesitation Blues
Nobody Knows When You’re Down and Out
“How ‘Bout This?” (dialogue)
Daddy, Daddy, Daddy

Veja o comercial sobre o lançamento do álbum:

Stevie Nicks relê com classe hit marcante do Buffalo Springfield

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Por Fabian Chacur

No finalzinho de 1966, uma jovem adolescente americana ficou fascinada com For What It’s Worth, canção do grupo Buffalo Springfield que registrava de forma instantânea e direta o clima de beligerância entre a polícia de então e os integrantes da contracultura, na Sunset Strip, Hollywood. Essa linda e talentosa garota, que ficaria mundialmente conhecida como a cantora e compositora Stevie Nicks, do Fleetwood Mac e artista-solo de sucesso também, resolveu agora regravá-la, em uma versão sensacional já disponível nas plataformas digitais.

Escrita no calor daquele momento conturbado por um dos integrantes da banda, que se incumbiu do vocal principal e guitarra, o grande Stephen Stills (ouça aqui), For What It’s Worth atingiu o 7º lugar na parada pop americana e se tornou o maior hit da carreira do Buffalo Springfield, que também trazia em sua formação Neil Young. Ambos continuariam a tocar essa canção na sua banda posterior, a Crosby, Stills, Nash & Young.

Em comunicado publicado em suas redes sociais, a cantora afirma que a canção a marcou na época, e que continua fazendo todo o sentido nos dias atuais. “Sempre quis interpretar essa canção sob o olhar de uma mulher, e sinto que nos dias de hoje essa música ainda tem muito o que dizer”.

A produção da gravação ficou a cargo do premiado Greg Kurstin, conhecido por seus trabalhos como Beck, Foo Fighters, Adele e Paul McCartney. Ele se incumbiu também de tocar bateria, órgão, percussão, violão e guitarra, tendo o auxílio do guitarrista Waddy Wachtel e da vocalista Sharon Celani.

For What It’s Worth- Stevie Nicks:

Graham Nash celebra 80 anos como um roqueiro elegante

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Por Fabian Chacur

Em maio de 2012, tive um dos momentos mais sublimes da minha vida. Vi, na extinta Via Funchal, o show dos meus amados Crosby, Stills & Nash (leia a resenha aqui). Dos três ícones do rock, o que parecia estar mais em forma era Graham Nash, então com 70 anos. Ele completa 80 nesta quarta (2) e mostra que continua firme e forte (veja entrevista dele em dezembro de 2021 aqui). Ele acabou de lançar no exterior um livro com fotos feitas por ele, A Life In Focus: The Photography Of Graham Nash.

Uma forma simples de definir a trajetória musical de Graham Nash é chamá-lo de um roqueiro elegante. Sim, ele é cria da primeira geração que cresceu tendo o rock and roll como a principal influência musical e comportamental. Foi inspirado por esse estilo musical que este cantor, compositor, músico e fotógrafo britânico resolveu se dedicar à música. Inicialmente, foi integrante de um dos mais bem-sucedidos grupos da chamada British Invasion, The Hollies, com suas canções melódicas, bem arranjadas e fortemente próximas da música pop.

Depois de aproximadamente cinco anos com a banda, Nash começou a ambicionar voos mais ambiciosos em termos musicais, que refletiram em faixas dos Hollies como King Midas In Reverse, por exemplo. Durante uma viagem aos EUA em 1968, mais precisamente na casa da cantora Mama Cass (dos The Mammas And The Papas) teve a oportunidade de fazer uma jam session com David Crosby (dos Byrds) e Stephen Stills (do Buffalo Springfield). O entrosamento das vozes foi tão imediato que nenhum dos três teve dúvidas: uma parceria importante nascia ali.

E a ideia era a da liberdade, sem amarras. Tanto que o supergrupo foi intitulado Crosby, Stills & Nash. Seu álbum de estreia, de 1969, é um dos melhores de todos os tempos, com canções maravilhosas e icônicas. Marrakesh Express, de Nash, foi um dos grandes sucessos. No ano seguinte, o trio viraria quarteto com a entrada de Neil Young (outro ex-Buffalo Springfield), e lançaria Dèja Vu (1970), cujo maior hit foi a doce Our House, dedicada por Nash a Joni Mitchell, com quem teve um breve, porém marcante relacionamento afetivo.

Vale lembrar que em agosto de 1969 Crosby, Stills & Nash, em sua segunda apresentação ao vivo (já com Young no time), tiveram grande destaque no mitológico festival de Woodstock, ganhando fama mundial após o lançamento do documentário que imortalizou o evento. Livre para voar musicalmente, Graham Nash passou, a partir da saída dos Hollies, a alternar parcerias com os amigos com trabalhos individuais, com direito a canções românticas e também brados de inspiração política como Military Madness e Chicago.

Além de grande cantor e compositor, o astro britânico sempre encontrou tempo para defender causas ecológicas e políticas das mais justas, mas sem perder a ternura jamais. Dos integrantes do Crosby, Stills & Nash (com ou sem o Young), sempre se mostrou o mais simpático, acessível e tranquilo. Em 1983, até teve um breve retorno com os Hollies, que gerou um álbum de estúdio e alguns shows.

Graham Nash é a prova de que um artista de rock pode ser romântico, doce e delicado, sem no entanto deixar o lado vigoroso e contestador do rock de lado. No momento, dedica-se a lançar livros com fotografias que tirou desde que era criança, uma paixão paralela à da música. Ele promete mais uma publicação para breve. Pena que sua briga com David Crosby há não muito tempo parece ter encerrado para sempre o Crosby, Stills & Nash. Mas, com esses caras, nunca se sabe… Bem, pelo menos pude ver um de seus shows, pena que sem uma companhia essencial a meu lado. Parabéns a ele, com votos de muitos anos mais de vida com saúde, paz e produtividade.

Nota de última hora: em solidariedade ao velho amigo e parceiro Neil Young, Graham Nash também vai tirar as suas músicas da plataforma digital Spotify.

Our House– Crosby, Stills & Nash:

Get Back- The Rooftop Concert é novo lançamento dos Beatles

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Por Fabian Chacur

Mais um desdobramento do mergulho do diretor neozelandês Peter Jackson no material gravado pelos Beatles para o filme Let It Be em 1969 está em vias de ser disponibilizado. Depois da série Get Back, com aproximadamente 7 horas de duração e disponível na plataforma de streaming Disney+, temos agora Get Back- The Rooftop Concert, filme com 60 minutos de duração que apresenta o célebre show, o último dos lendários Fab Four, realizado no teto da sede da Apple em Saville Row, Londres, em 30 de janeiro de 1969. Quando poderei ver, pergunta você?

Pois essa é a parte ruim da história. Por enquanto, os felizardos serão os americanos e europeus, que irão conferir o filme precisamente no dia 30 deste mês exclusivamente nas salas IMAX, aquela tecnologia que dá ao espectador qualidades de áudio e vídeo impressionantes. A apresentação aparece remasterizada digitalmente no padrão The IMAX Experience e com tecnologia proprietária IMAX DMR (digital remastering).

Ainda não foram divulgadas informações sobre quando Get Back The Rooftop Concert será exibido no Brasil, nem sobre a sua exibição em TV ou mesmo disponibilização em plataformas de streaming, o que imagino que ocorrerá em um futuro não muito distante. Seja como for, legal poder ver esse show assim, na íntegra, fora do documentário original.

Veja um trecho do Rooftop Concert:

Michael Nesmith, 78 anos, dos Monkees, rebelde compositor

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Por Fabian Chacur

Em 1965, o cantor, compositor, ator e músico americano Michael Nesmith fez parte de um processo seletivo para uma série de TV americana que contou com 437 concorrentes. Ele foi um dos quatro escolhidos, e ganhou fama mundial sendo um dos integrantes do The Monkees, que além de seriado televisivo também virou um grupo de rock de muito sucesso. O mais rebelde e de personalidade mais forte da turma, ele infelizmente nos deixou nessa última sexta-feira (10), aos 78 anos, vítima de uma insuficiência cardíaca.

Nascido em Houston, Texas (EUA) em 30 de dezembro de 1942, Nesmith começou a carreira musical participando do circuito folk de Los Angeles, Califórnia, e gravou singles para o selo Colpix valendo-se do pseudônimo Michael Blessing. Em outubro de 1965, foi escolhido para integrar o elenco de The Monkees ao lado do inglês Davy Jones (1945-2012) e dos também americanos Peter Tork (1944-2019) e Micky Dolenz (1945). A química entre eles se mostrou perfeita desde o início.

A partir da estreia da série na TV americana, em setembro de 1966, The Monkees se tornou um imenso sucesso não só por sua divertida trama, a de um grupo fictício de rock talentoso, divertido e escancaradamente inspirado nos Beatles das fases A Hard Day’s Night e Help!, mas também pelas ótimas músicas gravadas para os episódios e lançadas em singles e álbuns, de autores como Boyce & Hart, Carole King, Neil Diamond e outros.

No inicio, os quatro atores participavam pouco ou quase nada dos discos, mas Nesmith desde o começo se sobressaiu como compositor e também como o rebelde da turma. Foi ele quem atiçou o quarteto a tentar se impor como um grupo de verdade, tocando e cantando em seus discos. Várias de suas composições foram gravadas pelos Monkees, entre as quais Listen To The Band, The Girl I Knew Somewhere, Tapioca Tundra, Mary Mary e Good Clean Fun.

Após o sucesso meteórico em 1966 e 1967, o seriado saiu de cena em meados de 1968 e o quarteto viu a sua popularidade ir caindo rapidamente. Peter Tork foi o primeiro a sair do time. Michael Nesmith pegou o gorrinho de lã (sua marca registrada) e deu o fora em 1970. Um pouco antes, já havia lançado seu primeiro disco solo, The Wichita Train Whistle Sings (1968). Uma de suas composições, Different Drum, fez muito sucesso em 1967 com o Stone Poneys, grupo que tinha como vocalista Linda Ronstadt, que depois viraria uma estrela do country rock.

Fora dos Monkees, Nesmith mergulhou em uma carreira no country rock, lançando vários LPs solo e também investindo em bandas como a First National Band. Alguns de seus singles viraram hits, entre os quais Joanne e Silver Moon . Foi provavelmente o mais estável e respeitado dos ex-integrantes do grupo em sua jornada individual, destacando-se como cantor, músico e compositor.

A mãe de Michael Nesmith, Bette, foi a criadora do célebre liquid paper, e vendeu em 1979 a sua parte na empresa correspondente para a Gillete Corporation pelo então enorme valor de 47 milhões de dólares. Ela faleceu no ano seguinte, e toda essa herança ficou para o filho único, que por sinal vivia naquele momento uma fase de vacas magras em termos financeiros. A partir dali, ele também passou a produzir filmes e atuar em projetos beneficentes.

Dessa forma, Nesmith se manteve afastado do bem-sucedido retorno dos Monkees em 1986, fato ocorrido graças ao relançamento de todos os álbuns do quarteto pelo selo Rhino e também pela reexibição do seriado na TV. Ele só marcou presença em dois dos shows da turnê, e só para participações breves.

No entanto, em 1996, a surpresa: os Monkees não só voltavam com a sua formação original, como também lançavam Justus, o primeiro álbum feito totalmente por eles, que não só compuseram todas as canções (sendo duas de autoria de Nesmith) como também se incumbiram de todos os vocais e instrumentos. O CD não foi um estouro de vendas, mas recebeu elogios por parte da crítica e dos fãs. O título é um trocadilho (just us, apenas nós, em tradução livre).

Após a morte de Davy Jones, os Monkees fizeram shows em formato de trio em 2012, 2013 e 2014. O grupo também lançou dois novos álbuns, Good Times! (2016) e Christmas Party (2018), ambos com participação de Nesmith, que também participou de alguns shows. Ele também escreveu alguns livros durante sua trajetória. Infelizmente, agora só temos Micky Dolenz entre nós desse grupo que poderia ter sido apenas uma piada televisiva, mas que marcou a vida de muita gente com suas canções divertidas e deliciosamente pegajosas.

Listen To The Band– The Monkees:

The Beatles and India, doc e álbum, para encantar os fãs

George & Patti with garlands 2 - Colin Harrison Avico Ltd

Por Fabian Chacur

The Beatles continuam em pauta como de praxe, mas de forma ainda mais intensa nas últimas semanas. Além do filme Get Back, temos também um outro documentário em cena. Trata-se de The Beatles and India, produzido pelo empresário britânico-indiano Reynold D’Silva e dirigido em parceria por Ajoy Bose e Pete Compton. O filme ganhou os prêmios de melhor filme pelo público e melhor música no UK Usian Film Festival, e está sendo exibido com sucesso em festivais de cinema na Grécia, Bélgica e Espanha.

Baseado no livro Across The Universe- The Beatles in India, de Ajoy Bose, o doc conta a relação de John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr com a cultura indiana, com ênfase em sua histórica passagem pela India em Rishikesh, no ashram do polêmico guru indiano Maharishi Mahesh Yogi. Temos cenas de arquivo e fotos, algumas raras e/ou inéditas, e também depoimentos de pessoas que presenciaram essa viagem histórica em 1968.

Como produto derivado do filme, está previsto para ser lançado no próximo dia 29 de outubro o álbum Songs Inspired By The Film The Beatles and India, que traz releituras de canções dos Beatles inspiradas e/ou escritas na Índia e interpretadas por artistas indianos contemporâneos como Karsh Kale, Benny Dayal, Kiss Nuka e Anoushka Shankar, esta última filha do grande músico Ravi Shankar (1920-2012), a rigor quem introduziu George Harrison no mundo da cultura da Índia e um de seus melhores amigos.

Eis as faixas de Songs Inspired By The Film The Beatles And India:

1. Tomorrow Never Knows (ouça aqui ) – Kiss Nuka
2. Mother Nature’s Son – Karsh Kale / Benny Dayal (ouça aqui)
3. Gimme Some Truth – Soulmate
4. Across The Universe – Tejas / Maalavika Manoj
5. Everybody’s Got Something To Hide (Except Me And My Monkey) – Rohan Rajadhyaksha / Warren Mendonsa
6. I Will – Shibani Dandekar / Neil Mukherjee
7. Julia – Dhruv Ghanekar
8. Child Of Nature – Anupam Roy
9. The Inner Light – Anoushka Shankar / Karsh Kale
10. The Continuing Story Of Bungalow Bill – Raaga Trippin
11. Back In The USSR – Karsh Kale / Farhan Ahktar
12. I’m So Tired – Lisa Mishra / Warren Mendonsa
13. Sexy Sadie – Siddharth Basrur / Neil Mukherjee
14. Martha My Dear – Nikhil D’Souza
15. Norwegian Wood (This Bird Has Flown) – Parekh & Singh
16. Revolution – Vishal Dadlani / Warren Mendonsa
17. Love You To – Dhruv Ghanekar
18. Dear Prudence – Karsh Kale / Monica Dogra
19. India, India (ouça aqui) – Nikhil D’Souza

Veja o trailer de The Beatles and India:

Carlos Santana e Steve Winwood regravam hit do Procol Harum

Santana – Blessings and Miracles

Por Fabian Chacur

Sairá no próximo dia dia 15 de outubro via BMG o novo álbum de Carlos Santana. Como forma de atiçar a curiosidade dos fãs, o grande mestre da guitarra acaba de disponibilizar nas plataformas digitais uma das faixas desse trabalho. E escolheu bem. Trata-se da releitura de A Whiter Shade Of Pale, grande clássico nos anos 1960 com o grupo Procol Harum. Com um delicioso arranjo saleroso e latino no melhor estilo do astro, ainda tem de quebra os vocais a cargo do mitológico Steve Winwood. O músico mexicano explica como rolou a parceria:

“Eu disse:‘ Você e eu temos que fazer isso, mas temos que fazer muito sexy, como um Hare Krishna, mas com congas. E foi isso que fizemos. Tem Cuba, Porto Rico, África e tem sensualidade na voz incrível de Steve”.

Gravado nos últimos dois anos, boa parte pela via remota, o novo trabalho de Santana traz diversas participações especiais além de Winwood, entre as quais as de Rob Thomas (do Matchbox Twenty), Chick Corea, American Authors, Corey Glover (do Living Colour), Chris Stapleton e Kirk Hammett (do Metallica).

A Whiter Shade Of Pale– Santana e Steve Winwood:

Don Everly, 84 anos, integrante dos seminais The Everly Brothers

don everly

Por Fabian Chacur

Sempre que o tema “artistas mais influentes da história da música pop” vem à tona, um nome que não pode ficar de fora é o dos Everly Brothers. O trabalho desse incrível duo norte-americano faz parte do dna de trabalhos como os dos Beatles, Simon & Garfunkel, The Hollies e por aí vai, e vai longe. Já havíamos perdido Phil Everly em 3 de janeiro de 2014. Neste sábado (21), infelizmente foi a vez de seu irmão, Don, que nos deixou aos 84 anos. A morte foi anunciada por seus parentes, sem detalhes sobre qual teria sido a causa.

Don e Phil começaram a gravar em 1956, e seus primeiros hits vieram logo no ano seguinte, as marcantes Bye Bye Love (nº2 na parada pop) e Wake Up Litle Susie (nº1 na parada pop). Interpretando especialmente composições alheias, mas também com algumas próprias no meio, os irmãos misturaram com muita habilidade a música country com o então emergente rock, criando vocalizações com assinatura própria e muito jogo de cintura.

Até 1962, emplacariam diversos hits, gravando pelos selos Cadence e Warner, maravilhas do naipe de All I Have To Do Is Dream, Claudette, Bird Dog, Gone Gone Gone, Cathy’s Clown e Cryin’ In The Rain, só para citar os mais populares. A partir dali e até 1973, o duo viu sua popularidade nos EUA cair bastante, embora se mantivessem bem cotados no exterior, especialmente no Reino Unido.

Após uma década de separação, período no qual investiram em carreiras-solo sem grande repercussão, eles fizeram um show de retorno em 1983 e lançaram no ano seguinte o álbum EB 84, nº 38 nos EUA (o maior sucesso deles por lá desde 1962), produzido pelo guitarrista britânico Dave Edmunds e com músicas inéditas de Paul McCartney (On The Wings Of a Nightingale, a faixa de maior sucesso do LP) e Jeff Lynne (The Story Of Me), além de uma releitura de Bob Dylan (Lay Lady Lay) e três composições do próprio Don- Following The Sun, You Make It Seen So Easy e Asleep.

A partir dali, os irmãos lançaram mais dois álbuns de estúdio, alguns trabalhos ao vivo e fizeram shows de tempos em tempos. Em 1986, participaram dos vocais da faixa-título do álbum Graceland, de Paul Simon. Em 2003/2004, marcaram presença na turnê Old Friends, de Simon & Garfunkel, com direito às duas duplas aparecendo juntas em um momento marcante dos shows. Vale lembrar que S&G regravaram com sucesso Wake Up Little Susie em seu histórico álbum ao vivo The Concert At Central Park (1982).

Além de vender milhões de discos, os irmãos também integram o Rock And Roll Hall Of Fame (1986) e o Country Music Hall Of Fame (2001). Entre inúmeras homenagens nesses anos todos, Billie Joe Armstrong (vocalista e guitarrista do Green Day) e Norah Jones lançaram em 2013 o álbum Foreverly, no qual regravaram todo o repertório do álbum Songs Our Daddy Taught Us (1958), no qual Don e Phil gravaram músicas tradicionais que aprenderam com o seu pai. George Harrison também regravou Bye Bye Love, em seu álbum Dark Horse (1974), e o A-ha, Crying In The Rain, em seu álbum East of the Sun, West of the Moon (1990).

Wake Up Little Susie– The Everly Brothers:

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