Mondo Pop

O pop de ontem, hoje, e amanhã...

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Changesnowbowie é o novo lançamento digital do Bowie

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Por Fabian Chacur

No dia 8 de janeiro de 1997, como forma de celebrar os 50 anos completados naquela data por David Bowie, a BBC de Londres transmitiu um programa especial. Nesta atração, o astro do rock foi entrevistado por Mary Anne Hobbs, e também tivemos mensagens celebrando a data e questões formuladas por Scott Walker, Damon Albarn, Bono e Robert Smith. O conteúdo musical dessa atração agora está disponível, via Warner Music, nas plataformas digitais, com o título Changesowbowie, sem versão física prevista por enquanto.

As nove faixas tocadas naquela atração da BBC foram gravadas e mixadas previamente, em novembro de 1996, em Nova York, mais precisamente no Looking Glass Studio. Nelas, Bowie é acompanhado por Gail Ann Dorsey (baixo e vocais), Reeves Gabrels (guitarra e voz) e Mark Plati (teclados e programações). Esta seria a banda, acrescida de outros músicos, que o acompanharia em 1997 em bem-sucedida turnê que passou pelo Brasil.

O repertório investe em clássicos de seu repertório como Aladdin Sane e The Man Who Sold The World, o célebre cover de White Light / White Heat (do Velvet Underground) incluído em seus shows desde os anos 1970, e duas surpresas. São elas Shopping For Girls, do álbum Tin Machine II (1991), da banda alternativa de Bowie, a Tin Machine, e Repetition (do álbum Lodger, de 1979), que ganhou uma nova versão e um novo clipe em 1997.

Eis as faixas de Changesnowbowie:

-The Man Who Sold The World
-Aladdin Sane
-White Light / White Heat
-Shopping For Girls
-Lady Stardust
-The Supermen
-Repetition
-Andy Warhol
-Quicksand

Repetition ’97 (clipe)- David Bowie:

Michael Stipe lança versão demo de uma nova e belíssima canção

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Por Fabian Chacur

Neste domingo (29), Michael Stipe colocou no ar uma versão demo de uma nova canção. E que canção! No Time For Love Like Now é daquelas faixas que, mesmo assim, aparentemente inacabada, já soa como clássica logo em seus primeiros acordes. Gravada com uma câmera caseira no que parece ser um cômodo de sua residência, o ex-cantor do R.E.M. nos emociona com uma balada linda cuja letra registra tudo o que precisamos nesses tempos cinzentos.

No Time For Love Like Now foi composta em parceria com o cantor, compositor, produtor e multi-instrumentista americano Aaron Dessner, conhecido por integrar as bandas The National e Big Red Machine.

Essa maravilha é a terceira faixa que o astro nos proporciona desde outubro de 2019. Após o anunciado fim do R.E.M. em 2011, as expectativas em torno de como a carreira de Stipe seguiria adiante eram enormes.

Foram anos e anos de expectativa. A primeira amostra conpleta foi a deliciosa Your Capricious Soul (ouça aqui), disponibilizada no dia 5 de outubro de 2019 e com os direitos doados ao grupo de ativistas ambientais Extinction Rebellion.

Como forma de celebrar seus 60 anos de idade, ele lançou no dia 4 de janeiro um segundo single, Drive To The Ocean (ouça aqui), uma canção envolvente de clima árabe e com belos vocais de apoio. Seus direitos foram doados pelo prazo de 365 dias para a Pathway To Paris, organização sem fins lucrativos que apoia iniciativas inovadoras relativas ao meio ambiente.

Em entrevista concedida em 2019, Stipe afirmou ter 18 canções prontas, mas não deu detalhes de como serão lançadas, se em um álbum em formato convencional ou apenas em singles.

Para mim, a lógica deve ser o lançamento de um ou outro single a seguir e, depois, um álbum completo. Seja como for, é ótimo ver um artista do seu calibre novamente na ativa, e com três músicas tão boas. Que venham logo as outras!

No Time For Love Like Now (demo)- Michael Stipe:

Pearl Jam lança Superblood Wolfmoon, 2º single de Gigaton

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Por Fabian Chacur

Já está disponível nas plataformas digitais o segundo single a ser extraído de Gigaton, primeiro álbum de inéditas do Pearl Jam desde Lightning Bolt (2013). Trata-se de Superblood Wolfmoon, que chega após a boa repercussão da faixa que abriu a divulgação deste trabalho, Dance Of The Clayrvoyants (ouça aqui ), com bem trabalhadas referências da extinta banda americana Talking Heads.

Superblood Wolfmoon, por sua vez, nos oferece muita energia e um pique que pode ser situado entre o power pop e a new wave do fim dos anos 1970. Gigaton tem previsão de lançamento para o dia 27 de março, trará 12 faixas inéditas e conta com produção da própria banda em parceria com Josh Evans.

Ouça Superblood Wolfmoon, do Pearl Jam:

Michael Hutchence, o INXS e suas três diferentes visitas ao Brasil

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Por Fabian Chacur

Michael Hutchence teria completado 60 anos de idade no dia 22 (quarta-feira). Infelizmente, o cantor e compositor australiano não chegou nem perto disso, pois nos deixou aos 37 anos em 1997, tirando sua própria vida em um quarto de hotel na cidade de Sidney, na antevéspera do início da turnê que divulgaria Elegantly Wasted, o então mais recente álbum de sua banda, a INXS. Resta aos fãs curtir suas lembranças. No caso dos brasileiros, as três passagens do sexteto por aqui durante seus 20 anos de carreira.

O grupo, que iniciou sua carreira em 1977 e lançou o primeiro álbum em 1980, não se tornou conhecido internacionalmente do dia para a noite. Após dois álbuns inicialmente lançados apenas na Austrália, eles chegaram ao mercado internacional com Shabooh Shoobah (1983). The Swing (1984), o álbum seguinte, trouxe como destaque Original Sin, produzida por Nile Rodgers.

Foi lá pelos idos do lançamento de Listen Like Thieves (1985), um belo passo do grupo rumo ao estrelato, que o INXS esteve no Brasil pela primeira vez. Foi uma discreta viagem promocional, durante a qual o grupo concedeu entrevistas e fez ações promocionais. Da próxima vez, a coisa seria bem diferente.

Michael Hutchence e seus colegas tocaram pela primeira vez em nosso país como uma das atrações principais da segunda edição do Rock in Rio. Foi no dia 19 de janeiro de 1991. Na verdade, eles entraram em cena já na madrugada do dia 20, mas de forma apoteótica, tocando a impactante Suicide Blonde.

Eles estavam no início da turnê de divulgação do álbum X (1990), que tinha a difícil tarefa de suceder o trabalho que os catapultou rumo à primeira divisão do rock mundial, o excelente Kick (1987), e provaram sua grande capacidade ao vivo, com direito ao carisma de Hutchence e o pique dos músicos. Um dos melhores grupos para animar festinhas de todos os tempos.

A consagradora tour mundial que passou pelo Brasil gerou um belo álbum ao vivo, Live Baby Live, lançado em novembro daquele mesmo ano de 1991 e com faixas gravadas em diversos países, incluindo uma por aqui.

Entre essa performance consagradora, uma das melhores daquele festival repleto de grandes nomes (Prince, George Michael, Santana etc) e a próxima visita da banda ao Brasil, muita coisa mudaria na vida de Michael Hutchence, e infelizmente não para melhor. Tudo começou com um violento acidente ocorrido em agosto de 1992.

Hutchence estava em Copenhague, Dinamarca, com a modelo internacional Helena Christensen, com quem namorou entre 1991 e 1994. Eles estavam saindo de um taxi, o taxista se enfezou com o roqueiro e enfiou um soco em seu rosto. O cantor caiu de costas no chão, batendo a parte de trás de sua cabeça.

O cantor foi negligente em termos de se cuidar, e passou um mês no apartamento da namorada, vomitando, alimentando-se mal e se comportando de forma inconveniente. Só após esse período o casal resolveu procurar um especialista em Paris, e naquele momento ficou clara a gravidade do seu estado de saúde. Ele perdeu para sempre os sentidos de paladar e olfato, além de outras contusões que o afetaram de forma intensa.

O acidente certamente explica o porque o INXS não saiu em turnê para divulgar o álbum que havia lançado na mesma época, agosto de 1992, Welcome To Wherever You Are, algo até então inédito na trajetória da banda. A justificativa divulgada então referia-se ao desejo de o grupo dar uma descansada para, logo a seguir, começar a preparar um novo trabalho, que seria lançado em 1993 com o título Full Moon, Dirty Hearts.

Embora interessantes e com momentos muito bons, os dois álbuns fizeram bem menos sucesso do que os anteriores, especialmente nos EUA. É nesse contexto que eles voltam ao Brasil em 1994, para shows no Rio de Janeiro (estádio da Gávea) no dia 10 de março, em São Paulo (estacionamento do Anhembi) no dia 11 de março e 12 de março em Curitiba (Pedreira Paulo Leminski).

Com abertura da banda americana Soul Asylum, o show em São Paulo reuniu por volta de metade da capacidade do espaço, fato possivelmente motivado pelo tempo chuvoso. Hutchence aparentava muito menos energia do que na performance anterior, mas mesmo assim conseguiu comandar um show profissional e competente, com direito aos hits e a canções boas da safra recente como Heaven Sent e Please (You Got That…), esta última gravada no álbum Full Moon Dirty Hearts com a participação especialíssima de Ray Charles.

Dali em diante, Michael Hutchence passou a frequentar mais as páginas da imprensa sensacionalista do que as musicais. Ele, que namorou famosas como a cantora Kylie Minogue, deixou a modelo Helena Christensen para se envolver em um romance controverso com a apresentadora de TV e escritora Paula Yates, que desde 1976 estava comprometida com o cantor Bob Geldof, do grupo Boontown Rats e criador do Live Aid.

Dizem os boatos (possivelmente verdadeiros) da época que Yates estava interessada em Hutchence desde que o entrevistou para um programa de TV britânico em 1985. Em 1994, em outra entrevista, o fogo aparentemente acendeu de vez, e a consequência foi não só o fim de um casamento de quase trinta anos como também o nascimento em 22 de julho de 1996 de Tiger Lily, primeira e única filha do casal.

Envolto com os problemas de saúde e o consumo cada vez mais alto de drogas e barbitúricos, além da distância da filha, Hutchence ainda mostrou disposição para o trabalho, pois, paralelamente ao início das gravações de um disco solo, ainda gravou um último álbum com o INXS, o mediano Elegantly Wasted.

O disco-solo estava sendo feito por Hutchence em parceria com Andy Gill, guitarrista da banda britânica Gang Of Four e coautor de boa parte das músicas. Como forma de homenagear o amigo, o músico arregaçou as mangas e conseguiu finalizar as gravações, contando com a participação de Bono na faixa Slide Away. O resultado é o álbum intitulado Michael Hutchence, lançado em 1999 e digno da bela trajetória do astro australiano.

Conhecido por ter trabalhado durante muito tempo com a banda e ser o diretor de clipes de hit singles como Need You Tonight, Never Tear Us Apart e Suicide Blonde, o diretor australiano Richard Lowenstein lançou em 2019 o documentário Mistify Michael Hutchence.

Ele se valeu de raros registros da banda e do cantor (incluindo alguns com Kylie Minogue e Helena Christensen) para ilustrar depoimentos em áudio de integrantes do INXS e de outros nomes importantes na trajetória do astro do rock. Um dos destaques fica por conta dos detalhes do acidente de agosto de 1992 e sobre as terríveis consequências com as quais Hutchence teve de conviver em seus anos finais de vida.

Sem seu principal integrante, o INXS tentou seguir adiante, com substitutos que não deram conta do recado, incluindo um selecionado em um reality show televisivo. Em 2012, resolveram sair de cena, e um retorno parece improvável, embora não impossível. Com Jon Stevens no vocal, o grupo voltou a se apresentar no Brasil em 2002, com shows dia 15 de maio no ATL Hall, no Rio de Janeiro, e 17 de maio em São Paulo, na Via Funchal.

Se não revolucionou o mundo da música, Michael Hutchence e sua banda certamente criaram uma obra dançante e pra cima, com direito a boas baladas no meio e repleta de momentos bacanas que merecem ser reverenciados pelos fãs de pop rock consistente e com personalidade forte.

Veja o trailer de Mistify Michael Hutchence:

Green Day lança single com sample da cantora Joan Jett

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Por Fabian Chacur

Já está definida a data na qual sairá Father Of All Motherfuckers (com palavrão no título e tudo!), novo álbum de estúdio do Green Day e sucessor de Revolution Radio (2016). Será no dia 7 de fevereiro. Enquanto isso, o trio americano antecipa faixas do mesmo. A que dá título ao trabalho foi a primeira (ouça aqui). A segunda acaba de ser disponibilizada, Oh Yeah!.

A nova faixa, outro rock sacudido, também traz polêmica em sua gênese, mas de outro tipo. O refrão traz um sampler creditado da releitura feita em 1980 por Joan Jett & The Blackhearts do hit Do You Wanna Touch Me (Oh Yeah!), lançada em 1973 por seu coautor (em parceria com o produtor inglês Mike Leander), o cantor e compositor britânico Gary Glitter. Essa música fez muito sucesso nas duas versões, e é um clássico do glitter rock.

No entanto, a carreira de Glitter teve uma reviravolta meganegativa a partir de 1997, quando vieram à tona as primeiras acusações de pedofilia para o roqueiro, com milhares de imagens encontradas em seu computador e provas de que ele abusou de crianças. Desde então, ele teve de encarar vários processos e detenções. A prisão mais recente foi em 2015 e se refere a uma pena de 16 anos.
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Para quem por ventura contestar o uso de trecho dessa canção pelo Green Day, a banda deixou claro, em sua conta oficial no Youtube, que sabe ser o coautor dessa música um “total asshole” (palavras exatas usadas por eles), e que por essa razão doou os seus royalties para duas instituições de caridade.

Além do novo álbum, o grupo integrado por Billie Joe Armstrong (vocal e guitarra), Mike Dirnt (baixo e vocais) e Tré Cool (bateria) iniciará no dia 13 de junho a turnê The Hella Mega Tour ao lado das bandas Fall Out Boy e Weezer, que passará inicialmente apenas pela América do Norte e Reino Unido.

Oh Yeah! (clipe)- Green Day:

Bruno Gouveia relata com classe a trajetória do Biquini Cavadão

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Por Fabian Chacur

Em 1985, quando tinha apenas 19 anos, Bruno Gouveia se tornou conhecido nacionalmente como vocalista do Biquini Cavadão, graças ao estouro das músicas Tédio e No Mundo da Lua. Desde então, conseguiu consolidar uma carreira com vários altos e baixos em termos profissionais, mas sempre mantida com muita dignidade e qualidade artística. Essa belíssima trajetória profissional e pessoal é o mote de É Impossível Esquecer o Que Vivi (Chiado Publishers), belíssimo autobiografia na qual o artista nascido em Ituiutaba (MG) e radicado há muito no Rio de Janeiro dá uma geral no que realizou nesses anos todos, de forma franca e sem rodeios.

A trajetória de Bruno se mostra das mais interessantes pelo fato de ter se desenvolvido em um período de muitas mudanças na história da indústria fonográfica no Brasil. Seu grande mérito é relatar com riqueza de detalhes e muitas informações preciosas de bastidores como se deram essas alterações todas, desde o auge do rock brasileiro dos anos 1980 e dos discos de vinil até a atual fase do streaming, passando por CD, mp3, redes sociais, plataformas digitais, internet e muito, mas muito mais mesmo.

O artista se mostra um observador astuto de tudo o que vivenciou, e proporciona um grande volume de material que surpreenderá até mesmo seus contemporâneos de geração ou mesmo mais velhos do que ele, além de servir como um testemunho dos mais importantes para o pessoal que tenha de 30 anos para menos. Garanto que alguns ficarão não só estupefatos com algumas passagens como também possivelmente duvidarão de sua realidade. Como vivi esses anos todos, posso lhes afiançar: é tudo verdade…

Nome atrapalhou um pouco a trajetória do grupo

Devido a seu nome desencanado, batismo feito pelo amigo e incentivador Herbert Vianna, o grupo nem sempre mereceu o devido respeito por parte da crítica e de segmentos do público. Mas basta analisar de forma isenta sua obra para se verificar que o Biquini Cavadão faz parte daquele seleto grupo de bandas que se firmaram e permanecem ativas e relevantes graças ao talento e à perseverança de seus quatro integrantes: Bruno e os fiéis parceiros Carlos Coelho, Miguel Flores e Álvaro Birita.

E olha que Bruno e sua turma passaram por muitas e não tão boas nesses quase 35 anos de trajetória discográfica. As idas e vindas com as gravadoras trazem momentos dignos de tortura chinesa, daqueles de desanimar o mais otimista dos seres humanos. No entanto, os rapazes sempre souberam dar a volta por cima, mesmo em momentos absurdamente difíceis como o da demissão do único integrante da formação clássica que não permaneceu, o baixista Sheik.

Pra rir, chorar, se indignar…

Com um texto fluente e muito bom de se ler, Bruno ainda teve uma ideia das melhores: acrescentou em momentos importantes do livro depoimentos entre aspas de alguns dos envolvidos nas questões, proporcionando ao leitor uma visão mais abrangente de cada situação e permitindo-nos tirar conclusões mais precisas de cada situação. Apenas Sheik não aceitou dar depoimentos, mas ainda assim sua importância para a banda não é rejeitada ou posta de lado.

O gostoso de É Impossível Esquecer o Que Vivi é o fato de que lê-lo nos proporciona as mais diversas emoções. Rir das trapalhadas de Carlos Coelho, por exemplo, ou das histórias de estrada da banda. Indignação com algumas rasteiras que as gravadoras (suas diretorias em cada época, para ser mais preciso) deram neles, muitas vezes geradas por jogos de ego absolutamente odiosos. Alegria ao ver a banda superar grandes obstáculos.

E tem também a delicadeza com que Bruno nos revela o momento mais difícil de sua vida até o momento, que foi perder seu primeiro filho, Gabriel, que ainda nem havia completado três anos e se foi em um trágico acidente de helicóptero de repercussão nacional. Difícil não verter lágrimas ao tomar conhecimento dessa situação, e de ver como Coelho se portou para dar o devido apoio ao amigo nessa hora tão inesperada e tão terrível.

Franqueza e capacidade de adaptação

A honestidade com que Bruno analisa cada um dos trabalhos lançados pelo Biquini Cavadão também é de se tirar o chapéu, além da franqueza de admitir que, embora todos os integrantes do grupo assinem todas as suas composições, em alguns momentos ele não participou de praticamente nada. No entanto, o fato de, desde o início, eles terem tomado essa atitude, ajudou a banda a se manter unida e coesa mesmo em seus momentos mais difíceis.

Uma das razões pela qual o Biquini Cavadão se mantém até hoje foi ter tido sensibilidade suficiente para interpretar as mudanças de rumo da indústria fonográfica e se adaptar da melhor forma possível a elas, além de ter mergulhado de cabeça nas opções de divulgação e aproximação com os fãs proporcionadas pela internet, isso mesmo antes do surgimento das redes sociais, além de investirem na qualidade de seus shows, quentes e artisticamente atraentes.

Dicas para iniciantes e novidades tecnológicas

Recomendo com entusiasmo aos músicos iniciantes e que sonham em desenvolver uma carreira no mundo da música lerem atentamente os conselhos que Bruno dá, na parte final de seu livro. Todos pertinentes, ponderados e que equivalem a um bom norte a todos.

Como mostra dessa eterna busca por novidades, Bruno incluiu no livro vários QR Codes que proporcionam a quem tem smartfones a possibilidade de acessar uma infinidade de conteúdos extras, do tipo depoimentos em vídeo, clipes, versões alternativas de músicas etc, que também podem ser acessados aqui.

No geral, o mais legal é chegar à conclusão que, aos 52 anos de idade, Bruno Gouveia está mais ativo do que nunca, em trabalhos paralelos e também com sua banda, vide seus excelentes lançamentos mais recentes, os álbuns As Voltas Que o Mundo Dá (leia a resenha de Mondo Pop aqui) e Ilustre Guerreiro (saiba mais sobre ele aqui), ambos produzidos pelo lendário Liminha.

Ouça As Voltas Que o Mundo Dá, do Biquini Cavadão, em streaming:

New Radicals acabou há 20 anos e deixou um belo CD de herança

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Por Fabian Chacur

Em 12 de julho de 1999, um frio e impessoal comunicado oficial anunciou que o grupo New Radicals estava saindo de cena. Seu líder, o cantor, compositor e músico americano Gregg Alexander, alegou cansaço com os shows e a necessidade de divulgar seu trabalho em rádios, TVs e imprensa, e informou que, a partir dali, iria se dedicar em tempo integral a compor e produzir para outros artistas. Era o ponto final de uma curta, porém produtiva trajetória do grupo, criado em 1997. Como herança, ficou o álbum Maybe You’ve Been Brainwashed Too, lançado em outubro de 1998. Vale relembrar essa história e seus detalhes.

Se a banda era de fato novinha, seu criador já tinha alguma estrada. Gregg Alexander nasceu em 4 de maio de 1970, e se mostrou um talento precoce, pois foi contratado pela gravadora A&M com apenas 16 anos. O produtor Rick Nowels se impressionou com o potencial do garoto, e não teve pressa. A prova é o fato de que o trabalho de estreia de Alexandre, Michigan Rain, saiu apenas em 1989, e passou batido, mesmo tendo recebido alguns elogios.

Nowel não desistiu do amigo, e em 1992 a Sony Music, com seu selo Epic, apostou na indicação do produtor. Naquele mesmo ano, saiu Intoxifornication, com três faixas do trabalho anterior, duas releituras de canções daquele disco e outras inéditas. O resultado em termos comerciais foi o mesmo: um retumbante fracasso.

Sem baixar a cabeça, Alexander resolveu criar em 1997 um novo projeto, o New Radicals, totalmente liderado por ele e valendo-se de músicos de apoio e de uma amiga que conheceu quando gravou o álbum anterior, a cantora, compositora e ex-atriz mirim Danielle Brisebois.

Em 1998, conseguiu um contrato com a MCA Records, seguido pela gravação e lançamento, naquele mesmo ano, do álbum de estreia, com o curioso título Maybe You’ve Been Brainwashed Too (talvez você tenha sofrido lavagem cerebral também, em tradução livre).

Chutando os fundilhos de Marilyn Manson, Beck, Hanson e Courtney Love

O primeiro single a ser extraído do álbum de estreia do New Radicals foi sua música mais bem-sucedida em termos comerciais. You Get What You Give, um rock energético com tempero pop e bem pra cima, teve uma repercussão respeitável, chegando ao 5º lugar na parada britânica e 36º na americana, além de se dar bem em vários outros países.

Com um clipe divertido ambientado em um shopping, esta canção trazia uma mensagem de autoajuda, com direito a críticas a diversas corporações e uma mais ácida, dirigida a colegas de profissão: “Fashion mag shoots with 8 Dust Brothers, Beck and Hanson, Courtney Love and Marilyn Manson, you’re all fakes, run to your mansions, come around we’ll kick your ass in”.

A reação a terem sido chamado de falsos e de levarem um bico nos fundilhos gerou uma pequena polêmica, com respostas distintas dos “homenageados”. Manson, por exemplo, disse ter se ofendido pelo fato de ser citado em um mesmo parágrafo com Courtney Love. Beck revelou que Alexander o encontrou em público e lhe pediu desculpas, como se tivesse medo (“e o cara é grandão”, brincou o autor do hit Loser). Com os boa-praças do Hanson a coisa foi melhor, para felicidade de todos.

Os três irmãos não só encararam de forma bem-humorada a citação, definindo-a como algo comum na música pop, como em 2004 escreveram uma canção em parceria com o líder do New Radicals, Lost Without Each Other, gravada pelo Hanson em seu CD Underneath.

Someday We’ll Know, o single que nasceu morto

Os sinais de que as coisas não iam bem para os New Radicals estavam à vista, especialmente quando cancelaram uma turnê européia que se iniciaria em maio de 1999. Eles também gravaram um clipe (veja aqui) para divulgar o 2º single a ser extraído do álbum de estreia, a envolvente balada Someday We’ll Know. No entanto, tal ação promocional ocorreu sem o devido empenho.

Resultado: a canção, uma das mais fortes do disco e em cuja letra Alexander relata a espera por, um dia, descobrir a razão pela qual um romance não deu certo, chegou natimorta ao mercado. Ninguém a tocou em rádio, o single pouco vendeu e, pronto, uma música maravilhosa sumiu de cena.

Bem, nem tanto. Em 2003, a dupla Daryl Hall & John Oates regravou-a com muita categoria, com participação mais do que especial de outro mito da música, o cantor, compositor e multi-instrumentista americano Todd Rundgren. A cantora pop Mandy Moore também a registrou, em 2002, em releitura com produção do próprio Alexander feita para a trilha sonora do filme A Walk To Remember, estrelado por ela própria.

Um álbum repleto de bons momentos

Maybe You’ve Been Brainwashed Too é daqueles álbuns que te envolvem de cabo a rabo. O conteúdo nos oferece uma mistura de rock, pop, soul e dance music muito bem equilibrada. A voz de Gregg Alexander é bem agradável, com direito a falsetes e influências bem digeridas de Mick Jagger e de Karl Wallinger (do World Party). Outras influências visíveis são Todd Rundgren, Daryl Hall & John Oates e Elton John. Não era o som da moda, na época.

Além das duas canções já citadas, várias outras poderiam ter se sobressaído, se tivessem sido bem divulgadas. Mother We Just Can’t Get Enough, que abre o álbum, traz elementos de Sympathy For The Devil, dos Rolling Stones, e Movin’ On Up, do Primal Scream, com um clima tribal e dançante.

I Don’t Wanna Die Anymore, que chegou a ser cotada como possível single, é uma power ballad arrasadora, daquelas que a gente quase corta os pulsos ao ouvir, mesmo com a temática da letra indo na direção oposta, incentivando a seguir em frente, apesar dos pesares. Linda demais!

Technicolor Lover possui uma levada dançante deliciosa, e é a única na qual Alexander incorpora o espírito da banda do eu sozinho, tocando todos os instrumentos e fazendo todos os vocais também. Uma delícia.

E o rockão Jehovah Made This Whole Joint For You então? O cara nos mostra como fazer uma canção de melodia e harmonia caprichadas sem perder a energia roqueira. Power pop total!

A delicadeza pop de Crying Like a Church On Monday e o embalo da ótima faixa título (cuja gravação de bateria foi sampleada da canção All of a Sudden, do grupo britânico XTC) são outros destaques. Mas o álbum todo é bom.

Colaborações de músicos do primeiro time

Se Gregg Alexander se incumbiu da produção e tocou guitarra, também soube trazer para o seu lado músicos realmente capazes de concretizar a sonoridade que ele imaginou. Em Mother We Just Can’t Get Enough, por exemplo, temos no piano ninguém menos do que Greg Phillinganes,cria de Quincy Jones que tocou e gravou com Michael Jackson, Eric Clapton e praticamente toda a sala vip do pop.

O guitarrista em nove das 12 faixas é o brilhante Rusty Anderson, que em 2001 tornou-se integrante fixo da banda de Paul McCartney, tocando com ele desde então em gravações de álbuns e DVDs e nas turnês. Um grande músico, que também tem no currículo gravações e shows com Elton John, Willie Nelson, Michael Bublé, Santana e Ricky Martin. Por sinal, é dele aquele riff de guitarra a la surf music que marca o megahit Livin’ La Vida Loca, do consagrado astro de Porto Rico.

Rick Nowels não poderia ficar de fora, e ele marca presença tocando piano em You Get What You Give (da qual ele é o coautor) e I Hope I Didn’t Just Give Away The Ending. Para quem não sabe, Nowels é outro com forte pedigree musical, um produtor, multi-instrumentista e compositor com belíssimos serviços prestados a Marty Balin, Stevie Nicks, Belinda Carlisle., Céline Dion, Madonna, NSync, Rod Stewart, Dua Lipa e Lana Del Rey.

Enquanto isso, Danielle Brisebois marca presença em cinco faixas nos vocais de apoio e em uma ao piano. Com dois discos-solo no currículo, a moça é coautora de Someday We’ll Know ao lado de Alexander e de Debra Holland.

Esta última ficou conhecida como cantora do grupo Animal Logic, que quando ainda se chamava Rush Hour tocou no Brasil em 1987 e tinha como integrantes os mestres Stewart Copeland (The Police) e Stanley Clarke (Andy Summers também tocou com eles). Rusty chegou a participar dessa banda, e pode ser essa a conexão entre Debra e os New Radicals.

Um disco viúva Porcina, a que foi sem nunca ter sido?

A novela global Roque Santeiro tinha como um de seus personagens principais a viúva Porcina, sempre lembrada pela frase “a que foi, sem nunca ter sido”, pelo fato de, depois de muitos anos, ela ter descoberto que o marido não havia de fato morrido. Aproveitando o tema, dá para se dizer que o único álbum dos New Radicals é uma espécie de Porcina do rock, o trabalho que foi um campeão de vendas, sem na verdade ter sido?

Bem, afirmar que Maybe You’ve Been Brainwashed Too foi um completo fracasso é no mínimo um exagero. O álbum atingiu o 10º lugar na parada britânica, e vendeu por lá mais de 100 mil cópias, o que lhe valeu um disco de ouro. Nos EUA, sua posição mais alta foi a de nº 41, atingida em fevereiro de 1999, e ultrapassou a marca de um milhão de cópias comercializadas, proporcionando um disco de platina pelos padrões numéricos de então.

Logo, o resultado não pode ser qualificado como ruim, e o CD também atingiu bons números no resto do mundo. O problema é que este álbum tinha potencial para ter emplacado pelo menos mais uns quatro singles de sucesso, se manter por pelo menos uns dois anos nas paradas e vender ao menos o dobro. Por que isso não ocorreu? São várias as explicações.

A primeira, e mais óbvia, fica por conta do fim da banda antes da gravação do clipe de Someday We’ll Know. O álbum e suas faixas ficaram órfãos, deixados de lado por seu criador, e atropelados pela concorrência voraz.

Mas existe um outro aspecto que ninguém abordou até hoje. A MCA, gravadora que lançou o único álbum da banda de Gregg Alexander, passava por um momento muito confuso, em meio a negociações que exatamente naquela época a tornaram parte do acervo do conglomerado da Universal Music. Ou seja, era uma empresa que vivia momentos de incerteza.

Uma das coisas mais habituais em gravadoras consiste em um artista ser contratado por um determinado executivo e, na hora de lançar seu trabalho, passar a ser comandado por outro. E, infelizmente também de forma constante, esses novos dirigentes costumam deixar de lados projetos iniciados por seus antecessores, para não “dar moral” a eles. O New Radicals pode ter sido vítima desse processo. A natureza humana é mesmo um horror.

Seja como for, para os anais da história, a banda de Alexander entrou para o hall das one hit wonders (maravilhas de um sucesso só), artistas que só tiveram um único sucesso em suas carreiras. No caso deles, You Get What You Give. Correto em termos numéricos, mas não em termos qualitativos.

A vida pós-New Radicals de Gregg Alexander

Após o fim do New Radicals, Gregg Alexander cumpriu o que prometeu, dedicando-se inteiramente a trabalhar como produtor e compositor para outros artistas. Em 2001, por exemplo, teve sua canção I Can’t Deny It gravada por Rod Stewart no álbum Human.

Pouco depois,em 2002, deu-se super bem ao ter sua deliciosa e dançante música The Game Of Love gravada por Carlos Santana em parceria com a cantora Michelle Branch,hit certeiro que atingiu o 5º posto na parada americana. Em 2007, Santana lançou em uma coletânea uma outra gravação desta mesma canção, desta vez em dueto com Tina Turner.

Alexander teve músicas gravadas e trabalhou com outros artistas de peso, entre os quais Boyzone, Ronan Keating, Sophie Ellis-Bextor, Texas e Geri Halliwell (das Spice Girls). No cenário rock, é o coautor da música The Only Ones, lançada este ano pelo grupo britânico Kaiser Chiefs, e teve duas músicas gravadas pelos também britânicos The Struts em 2014, no bem recomendado álbum Everybody Wants.

O momento mais nobre ocorreu em 2013, com a trilha sonora do filme Begin Again, estrelado por Keira Knightley e Mark Ruffalo, que traz 14 faixas compostas por ele. Uma delas, Lost Stars, gravada por Adam Levine (vocalista do Maroon 5), concorreu ao Oscar de melhor canção original.

Em novembro de 2014, ele pela primeira vez em 15 anos se apresentou ao vivo, interpretando Lost Stars ao lado da amiga Danielle Brisebois. E fica a torcida para um retorno de Gregg, com o nome New Radicals ou não. Enquanto isso, ouçamos Maybe You’ve Been Brainwashed Too novamente.

Ouça Maybe You’ve Been Brainwashed Too na íntegra:

Sheryl Crow divulga single com Joe Walsh e lança CD em agosto

sheryl crow threads capa

Por Fabian Chacur

Acaba de ser disponibilizado nas plataformas digitais um dueto inédito de Sheryl Crow com o cantor, compositor e guitarrista dos Eagles Joe Walsh. A canção é o ótimo rock funkeado Still The Good Old Days. Trata-se da quarta faixa divulgada de Threads, novo álbum da cantora, compositora e musicista americana, cujas versões físicas e digital serão disponibilizadas no exterior no dia 30 de agosto pela Universal Music.

O álbum mostra Sheryl gravando com vários artistas do primeiro escalão da música. Prove You Wrong, outro rockão invocado (ouça aqui), traz as presenças de Stevie Nicks e Maren Morris, enquanto o blues rock Live Wire (ouça aqui) reúne a roqueira americana com as incríveis Bonnie Raitt e Mavis Staples.

A faixa restante, das já divulgadas do álbum até aqui, traz um dueto possibilitado pela tecnologia com o saudoso Johnny Cash na introspectiva balada Redemption Day (ouça a nova versão aqui), canção que ela lançou originalmente em seu álbum autointitulado de 1996. Pela qualidade das amostras, um dos melhores trabalhos de sua carreira está a caminho.

Nascida em 11 de fevereiro de 1962, Sheryl Crow gramou bastante antes de conseguir sucesso individual. Antes, foi vocalista de apoio de artistas como Eric Clapton e Michael Jackson, entre outros. Teve um álbum solo abortado em 1991, e só lançou um primeiro disco em 1993. Mas valeu a espera, pois Tuesday Night Music Club vendeu milhões de cópias e abriu de vez as portas do cenário musical para o seu rock-pop-folk-soul-country de alta qualidade.

Clipe de Still The Good Old Days– Sheryl Crow e Joe Walsh:

Titãs fazem show no Rio com músicas do CD Acústico MTV

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Por Fabian Chacur

E então, agora somos três. Parafraseando de certa forma o título do álbum And Them There Were Three (1978), do Genesis, os Titãs, que já tiveram oito integrantes, atualmente são um trio. E é essa trinca remanescente que está celebrando os 22 anos do lançamento de seu álbum comercialmente mais bem-sucedido, Acústico MTV (1997), com uma série de shows que passa pelo Rio de Janeiro nesta sexta (14) no Teatro VillageMall (avenida das Américas, nº 3.900- loja 160 do Shopping VillageMall- Barra da Tijuca- fone 0xx21-3431-0100, com ingressos de R$ 50,00 a R$ 200,00.

Sérgio Britto, Toni Bellotto e Branco Mello, a atuação encarnação da banda paulistana que está há quase quatro décadas na estrada, darão uma geral no repertório de seu CD mais famoso, sem o acompanhamento orquestral e sem a montoeira de músicos de apoio daquela época. Desta vez, a coisa será bem mais intimista, em um espaço que comporta no máximo 1.000 pessoas. No repertório, musicas daquele trabalho, como Pra Dizer Adeus, e outras posteriores que se encaixam nesse espírito, como Epitáfio e Isso.

Esse show ocorre enquanto duas outras turnês do trio estão sendo preparadas. Uma comportará a execução, na íntegra, das músicas contidas no mais recente lançamento dos Titãs, o CD-DVD Doze Flores Amarelas, uma ambiciosa ópera-rock, cujo roteiro terá como palco teatros. A outra tour, intitulada Enquanto Houver Sol, mesclará músicas do novo disco com os clássicos desses anos todos. Em ambas, teremos a participação de músicos de apoio.

Pra Dizer Adeus (ao vivo)- Titãs:

Keith Flint, o tempero punk do grupo eletrônico The Prodigy

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Por Fabian Chacur

O punk rock influenciou nos anos 1990 três grupos que atingiram o topo das paradas de sucesso de todo o mundo naquele período: o Nirvana, de Kurt Cobain, o Green Day, de Billie Joe Armstrong, e o The Prodigy, de Liam Howlett e Keith Flint. Neste último, a presença daquela vertente rebelde e niilista do rock se mostrava surpreendente, pois se fundia à música eletrônica. Quem poderia imaginar que essa mistura pudesse dar um bom resultado, e viável comercialmente? Pois foi o que aconteceu. Infelizmente, Keith Flint foi encontrado morto nesta segunda-feira (4), aos 49 anos de idade.

Todos os indícios apontam para um suicídio, possivelmente motivados por sérios problemas particulares que o cantor e dançarino estava tendo de encarar. A tragédia ocorreu semanas após shows que o The Prodigy realizou na Austrália e Nova Zelândia, início de uma turnê para divulgar seu mais recente álbum, No Tourists, que saiu em outubro de 2018. Nesta terça, a banda anunciou o cancelamento dos shows em 2019, e fica no ar a possibilidade do fim.

O The Prodigy iniciou sua carreira em 1990, quando o tecladista e compositor Liam Howlett resolveu criar um projeto musical inspirado na música eletrônica. Seu primeiro álbum, Experience, saiu em 1992, e naqueles anos iniciais, Keith Flint exercia a função de dançarino. A banda conquistou o público britânico a partir do segundo trabalho, Music For The Jilted Generation (1994), que atingiu o topo da parada britânica. Mas coisas maiores estavam por vir, e viriam mesmo.

Em 1996, o grupo resolveu investir em músicas com vocais, e o escolhido para ser o principal cantor do time foi exatamente Mr. Flint. Com um visual punk e fortes influências daquele estilo roqueiro, certamente inspirado em Johnny Rotten e outros expoentes dessa praia, ele mostrou seu poder de fogo com os singles Firestarter e Breathe. Em 1997, as duas canções foram incluídas no terceiro álbum do The Prodigy, The Fat Of The Land, uma das grandes surpresas positivas daquele ano no cenário pop mundial.

Com uma sonoridade agressiva, barulhenta e criativa, a banda conseguiu a façanha de atingir o primeiro lugar na parada americana com The Fat Of The Land, que repetiu a façanha nos quatro cantos do mundo e abriu as portas em termos comerciais para a música eletrônica daquela geração, que teria também Fatboy Slim e The Chemical Brothers como nomes de ponta. Eles fizeram shows lotados, inclusive no Brasil, e pareciam caminhar rumo a uma consolidação da carreira, com Flint na ponta de lança.

No entanto, problemas internos do time fizeram que um novo álbum só viesse em 2004, Always Outnumbered, Never Outgunned (2004), que teve boa repercussão no Reino Unido mas fracassou miseravelmente nos EUA.

A partir daí, a banda se manteve com alguns novos lançamentos e turnês, mas longe daquele alvoroço todo que os cercou nos tempos de The Fat Of The Land. Keith Flint também teve projetos paralelos, como as bandas Flint e Clever Brains Fryin’, mas nada que tenha causado qualquer barulho mais significativo em termos comerciais e criativos. Uma pena ele sair de cena assim.

Firestarter– The Prodigy:

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