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Odair José solta o verbo em mais um belo álbum roqueiro e rebelde

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Por Fabian Chacur

Em 2015, com o álbum Dia 16 (leia a resenha de Mondo Pop aqui), Odair José iniciou uma trilogia roqueira que prosseguiu em 2016 com Gatos e Ratos (leia a resenha de Mondo Pop aqui). Agora, chega a vez de Hibernar na Casa das Moças Ouvindo Rádio, outro trabalho vigoroso, criativo e com uma assinatura forte e própria. Coisa fina! Uma profissão de fé no nosso velho e bom rock and roll feita no capricho e com letras rebeldes e incisivas.

Hibernar na Casa das Moças Ouvindo Rádio impressiona bem a partir da embalagem digipack do CD, com direito a encarte caprichado e visual com arte a cargo de Roger Marx que traz desenhos ilustrando a temática das letras. A produção incrível em termos visuais e sonoros conseguiu ser viabilizada graças ao apoio do Proac (programa de Ação Cultural do Governo do Estado de São Paulo), com distribuição a cargo do ótimo selo goiano Monstro Discos, um dos mais ativos do indie rock brasileiro. Aliás, muito legal essa parceria entre eles e um dos mais importantes artistas goianos de todos os tempos.

Com 11 músicas, o álbum teve seu nome criado a partir da união dos títulos das três faixas que o abrem. A sonoridade lembra o rock com tempero blues e hard da década de 1970, pontuado por riffs de guitarra bem bacanas, teclados e a inclusão de gaita e metais aqui e ali. A voz de Odair nunca esteve melhor, algo incrível para quem completou 70 anos em agosto do ano passado. Sinal de que o cara está se cuidando muito bem, especialmente se levarmos em conta a intensidade de cada uma dessas canções.

As letras trazem temas bem atuais unidos a outros bastante presentes na obra do cantor, compositor e músico goiano, mas que também permanecem inseridos no contexto das pessoas. A paixão por descobrir as coisas pelas ondas do rádio (Ouvindo Rádio), a necessidade de dar uma respirada em meio ao caos que vivemos (Hibernar) e a busca do prazer com as “damas da noite” ou com quem quer que seja (Na Casa das Moças, Gang Bang, Liberado, Fetiche) estão em cena.

A obsessão pelas redes sociais é detonada em Fora da Tela, enquanto o lamentável e absurdo apoio do governo atual à liberação geral da posse de armas sofre forte questionamento na virulenta Chumbo Grosso.

O espírito daquele cara que vem do interior para encarar a vida nos grandes centros surge em Rapaz Caipira e Imigrante Mochileiro, e o dia-a-dia nessas cidades inspirou Pirata Urbano. Além de uma excelente banda, o disco também traz participações de Toca Ogan e Jorge du Peixe (da Nação Zumbi) e das cantoras do grupo As Bahias e a Cozinha Mineira. Timaço que dá show de rock.

Após viver longos períodos fora da mídia e sem poder fazer aquilo que realmente desejava, hoje Odair José usufrui com categoria da liberdade artística que conquistou a duras penas, como prova esse muito bacana Hibernar na Casa das Moças Ouvindo Rádio. Quem sai no lucro somos nós. Que venham mais coisas boas pela frente, quem sabe um DVD gravado ao vivo com esse repertório roqueiro ou coisa do gênero. Pois agora, quem dá as cartas é ele. Melhor assim!

Ouça Hibernar na Casa das Moças Ouvindo Rádio na íntegra:

Banda goiana Sã lança clipe e mostra seu heavy filosófico

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Por Fabian Chacur

Um heavy metal fortemente influenciado por sonoridades setentistas e com letras com elementos filosóficos e bem-humorados. Esta é uma definição possível do som feito pela Sã, banda goiana que acaba de lançar o seu primeiro videoclipe. A música em questão é Translação, que traz influências claras de Black Sabbath e Grand Funk Railroad em meio a um clima visual sombrio, nervoso e ameaçador bem convincente.

Integram esse trio oriundo de Goiânia o cantor e guitarrista Danilo Xidan, conhecido por sua atuação com as bandas Goldfish Memories e Soothing, e os irmãos Alexandre (baixo) e Bruno Sardelari (bateria), que também atuam no grupo Veementes. A produção de Translação ficou a cargo de Braz Torres, que toca guitarras adicionais. Também participou da gravação Rodrigo Andrade, tocando meia-lua e bongô.

A letra da canção do Sã reflete com profundidade sobre o que é viver, e é finalizada pelos versos “a vida, a vida é só uma viagem, a vida é uma viagem só”, incentivando o ouvinte a aproveitar melhor sua estada no planeta e também visualizando um possível sumiço do ser humano da face do planeta. Um papo cabeça muito interessante.

Translação (clipe)- Sã:

Chal mescla folk, rock e MPB em seu segundo CD, Enlace

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Por Fabian Chacur

Chal é um cantor, compositor e músico goiano que estreou em disco em 2014 com o trabalho Aonde o Tempo é Solto. Ele volta ao cenário musical para apresentar seu segundo CD, Enlace, e oferece ao público um trabalho consistente, bem cuidado e repleto de boas canções e de uma voz poderosa. Não são poucos os aspectos positivos a serem ressaltados nesse álbum, a começar por sua bela embalagem, encarte e apresentação gráfica.

Ele soube se cercar de gente talentosa para auxiliá-lo, a começar pelo experiente produtor Felipe Rodarte, o mesmo responsável pelo trabalho anterior. Na guitarra (e também violão) e no baixo, por exemplo, ele tem respectivamente Fernando Magalhães e Rodrigo Santos, integrantes do Barão Vermelho, que deixaram suas digitais poderosas em cada faixa de que participaram. Kadu Menezes (bateria) e Sérgio Villarin (teclados) são outros craques a serviço do músico de Goiás.

Como requinte adicional, algumas faixas trazem arranjos com direito a cordas de verdade, tipo viola, violino e violoncelo. E o estúdio de gravação foi o Toca do Bandido, criado pelo saudoso Tom Capone e usado por nomes importantes da música brasileira, entre os quais O Rappa, Maria Rita, Adriana Calcanhoto e Erika Martins, só para citar alguns. No entanto, nada disso teria importância se o trabalho de Chal não estivesse a altura de tudo isso. E, felizmente, está, e muito.

Com um timbre de voz grave e encorpado, o intérprete nos oferece músicas que misturam folk, country, música brasileira em geral, rock e romantismo, em doses sempre bem equilibradas. Enlace é daquele tipo de disco que vai crescendo a cada nova audição, pois existem filigranas que o ouvinte só degustará com o tempo, embora isso não signifique que seja um trabalho de difícil assimilação. Pelo contrário, dá para curtir logo de cara, sem susto e com muito prazer auditivo.

As 12 faixas do segundo álbum de Chal são bastante equilibradas e fazem um todo bem sólido. O tom folk rock dá as cartas, mas há momentos que seguem outras linhas, como a bela balada Foi Tudo Culpa do Amor, o endiabrado rockabilly Lobo Solitário ou a sensacional releitura blues-guarânia de O Cio da Terra (Milton Nascimento e Chico Buarque), com participação de Luis Carlos Sá, um dos país do rock rural brasileiro com o trio Sá, Rodrix & Guarabira e depois a dupla Sá & Guarabira.

Enlace é um trabalho que merece ser conhecido pelo grande público, e tomara que seja capaz de consolidar a carreira de Chal, um artista talentoso que tem a capacidade de criar uma música ao mesmo tempo substanciosa e acessível ao ouvido médio. Em um mundo perfeito, deveria tocar muito nas rádios e aparecer nas programações de TV. Mas não espere que isso aconteça, e ouça agora mesmo. Vale a pena.

Enlace– Chal:

O Cio da Terra– Chal e Sá:

Lobo Solitário (versão voz e violão)- Chal:

Coletânea mostra boas novas do rock goiano e muito mais

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Por Fabian Chacur

Típicos dos anos 80 e 90, os álbuns com uma ou no máximo duas músicas de cada artista estreante serviam como uma interessante porta de entrada para muita gente no mundo do rock, não só no Brasil mas também no resto do mundo.Apelidados de “pau de sebo”, ajudaram a revelar Metallica, Capital Inicial, Engenheiros do Hawaii, Replicantes e dezenas de outras bandas.

Esse conceito continua em uso, e o selo goiano Monstro Discos deu início à sua empreitada nesta área em 2006 com Goiânia Rock City. Um segundo volume chegou ao mercado em 2009, e agora, finalmente, temos o terceiro, intitulado apropriadamente Goiânia Rock City MMXV, com a participação de 15 bandas, uma música para cada uma delas mostrar seu potencial, espécie de cartão de visitas sonoro.

Goiânia é considerada um verdadeiro celeiro do rock brasileiro, mesmo em tempos de crise como o atual. O elenco só sai da configuração “bandas novas de Goiânia” em duas exceções: os veteranos da Mechanics, que estiveram no primeiro CD da série em 2006 e voltam agora, e o grupo Evening, que é de Anápolis (GO). É como se fossem duas bandas bônus, por assim dizer.

De forma geral, podemos elogiar a ótima qualidade técnica das gravações, prova de que, ao contrário do que acontecia até meados dos anos 80, o pessoal aprendeu a gravar rock mais ardido no Brasil nos quatro cantos do país. Em termos de qualidade, nenhuma das participantes pode ser classificada como ruim, embora tenhamos algumas melhores do que outras. E vale elogiar a diversidade sonora das bandas escolhidas.

Como única restrição, acho que o encarte deveria trazer a escalação e um breve texto sobre cada uma das bandas, o que serviria para valorizar o produto físico. De resto, capa, encarte e parte gráfica do CD são impecáveis. Uma bela iniciativa da Monstro Discos, que desde 1998 abre espaços para o rock goiano. Abaixo, rápidas considerações sobre cada faixa, sem muita profundidade:

1- Murderer– The Galo Power – Hard rock, Beatles, grunge, Deep Purple e Soundgarden em uma faixa com direito a boas guitarras.

2- Six Toes– Dry- – Hard rock musculoso com tempero grunge e um belo solo de guitarra para coroar a coisa toda.

3- Rewind– Cherry Devil– Hard rock setentista com pitadas de Free e dos noventistas The Black Crowes, incluindo timbre vintage de teclados.

4- Ballad Of The I’ll Fortuned Rogue– Space Truck– Beatles 67-70, Badfinger, Big Star, destacando belos vocais e teclados. Bela canção!

5- Fracasso– Mechanics– Rockão com ares hard e letra pé na porta em português, com direito a um vocalista com personalidade forte. Os experientes do pacote.

6- Will You Be There Too– Two Wolves– Típico som pós-punk anos 80 com riffs simples e bem concatenados a la U2 do começo e outras bandas do período.

7- De Rolê– Coletivo Sui Generis– Mistura nervosa de hard/heavy rock, hip hop e eletrônica com ecos de Planet Hemp.

8- Burn All Those Highways– Damn Stoned Birds– Rockão básico com vocais masculinos e femininos, direto e sem rodeios, com um cantor de timbre a la James Hetfield (Metallica).

9- Feeble Line– Off a Cliff– Uma espécie de balada delicada com cara de anos 80, melodia pop, vocais bacanas, toques psicodélicos e papo de casal no final. Bem bacana!

10- Filho de Puta Com Pipoqueiro– D.D.O.– Punk rock barulhento com letra virulenta e guitarras bem sujas.

11- Cara de Sorte– Woolloongabbas– Rock na veia, na melhor tradição Rolling Stones. Made In Brazil, Barão Vermelho e AC/DC e letra divertida. Legalíssima!

12- Poisoned Mind– Evening– Os representantes de Anápolis (GO) apostam em um mix de Black Sabbath e Soundgarden e bom refrão.

13- Raízes– Rapsódia– Rock básico com ecos de The Stooges e um clima meio tenso gerado pelas denúncias contidas na letra.

14- The Theory Of Having No Theories– Verne– Meio hard, meio power pop, com várias passagens diferentes, clima viajante e um solo de guitarra marcante.

15- Pílula Vermelha– Pedrada– Punk direto e acelerado, com direito a versos crus como “Não quero ser mais um sem reflexo no espelho”.

Fracasso – Mechanics – Goiânia Noise 2014:

The Ballad of the I’ll Fortuned Rougue-Space Truck-(2013):

Cara de Sorte & AA @ Vaca Amarela– 2011- Woolloongabbas:

Grupo goiano Girlie Hell lança single My Best com clipe; veja

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Por Fabian Chacur

O grupo goiano Girlie Hell não dorme em serviço. Após lançar recentemente o excelente single Hit And Run (leia a crítica de Mondo Pop aqui), as heandbangers brasileiras já nos oferecem uma nova faixa. Trata-se de My Best, cujo videoclipe já está disponível no Youtube, com link no final deste post.

My Best, outro petardo heavy rock dos mais bacanas, foi gravado em São Paulo no Mr. Som Studio, com produção a cargo de Marcello Pompeu e Heros Trench e masterização nos EUA feita pelo experiente Alan Douches, que já trabalhou com bandas internacionais consagradas no segmento como Mastodon, Cannibal Corpse e Deicide, entre outras.

E o quarteto feminino integrado por Bullas Attekita (vocal e guitarra solo), Carol Pasquali (bateria), Julia Stoppa (guitarra) e Fernanda Simmonds (baixo) promete mais novidades para breve. Ainda este ano, será lançado o primeiro DVD do grupo, com direito a participações especiais de Pedro Bernardi (DRY) e Junior Meomack (Faroeste).

Intitulado Get Low- Girlie Hell Unplugged traz versões acústicas das músicas do CD de estreia das garotas, Get Hard (2012), acrescido de mais algumas surpresas. A gravação foi feita em estúdio, e o vídeo teve direção a cargo da própria baterista da banda. Com sete anos de estrada, o Girlie Hell é de Goiânia, e vem se firmando no rock pesado nacional.

Veja o clipe de My Best, novo single do grupo Girlie Hell:

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