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B.B. King: o rei e embaixador que deixa um legado dourado

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Por Fabian Chacur

O blues perdeu na noite desta quinta-feira (14) seu rei e seu embaixador maior. Deixou-nos aos 89 anos, vítima de causas geradas por uma diabetes 2 que o afligia há mais de 20 anos, o cantor, compositor e guitarrista americano B.B. King. Se há alguém no meio artístico que merecia o adjetivo “lenda”, era ele. Uma perda incalculável. A saudade dói demais. Um mestre!

A essa altura dos acontecimentos, todos já leram sobre a importância desse gênio, nascido em 16 de setembro de 1925. Ele entrou no meio musical tocando e também como radialista. Na década de 1950, iniciou uma trajetória profissional no meio da música que o manteve na ativa durante mais de 60 anos. Só parou há pouquíssimo tempo, quando a saúde o abandonou.

Considerado o rei do blues, ele também foi denominado por muitos como o embaixador desse seminal gênero musical, pois muita gente o conheceu através dos inúmeros shows e discos lançados por Riley Ben King durante sua mais do que produtiva trajetória. Mas ele nunca foi daqueles artistas restritos a um único jeito de tocar ou cantar.

Em uma entrevista, o Blues Boy afirmou que o grande lance para um artista é incorporar novas influências e experiências ao seu trabalho. “Você não pode ficar no mesmo groove o tempo todo”, dizia. E foi a sua receita para uma vida toda. Em sua carreira, fez parcerias com artistas dos mais distintos estilos e gerações, como poucos na história da música.

Entre outros, fez shows e gravações com astros do naipe de U2, Eric Clapton, The Rolling Stones. Willie Nelson, David Gilmour, Joe Cocker, Heavy D., Mick Hucknall, Ringo Starr, Mick Fleetwood, Stevie Nicks, Stevie Wonder, Grover Washington Jr., Bobby “Blue” Bland, Branford Marsalis, The Crusaders e Albert Collins, só para citar alguns.

King era um talento completo. Compunha bem, embora não tivesse problemas em gravar composições alheias, sempre muito bem escolhidas. Tocava guitarra com um estilo próprio, marcante e influente. E tinha uma voz poderosa, quem sabe sua maior qualidade. Curiosidade: ele não conseguia cantar e tocar ao mesmo tempo. Mas precisava?

Tenho boas histórias para contar dessa lenda da música. A primeira rolou em 1986, quando ele esteve por aqui para fazer alguns shows. Eu e meu amigo José Carlos Dopazo fomos ao hotel Transamérica (SP), onde seria realizada uma entrevista coletiva com o mestre. O taxista que nos levou errou o caminho e chegamos muito atrasados ao local.

A coletiva já havia se encerrado. Como já estávamos ali, ficamos na porta, esperando que ao menos pudéssemos ver o mestre de perto. Os assessores de imprensa do evento nos desestimularam, mas ficamos ali. E não é que King apareceu? Mais: simpático, não só nos deu autógrafos em vários LPs, como também conversou conosco, com rara simpatia.

Em 1989, vi um dos shows que ele realizou no extinto Olympia, em São Paulo. Excepcional. O momento mais divertido ficou por conta de quando ele fez uma tremenda onda e, depois, jogou uma palheta para a plateia, que a disputou avidamente. Ai, pouco depois, começou a arremessar uma atrás da outra, para felicidade dos fãs, que se divertiram com seu bom humor.

Vi o mestre novamente em 2006, em entrevista coletiva em um hotel na região da avenida Paulista. Simpático e carismático, flertou com as jornalistas presentes. Ao final, distribuiu autógrafos. Aproveitei para pegar mais um, o cumprimentei e afirmei que nunca mais lavaria as mãos, após ter tocado as mãos do rei do blues. Ele deu boas risadas. O show novamente foi maravilhoso, desta vez na Via Funchal, também extinta casa de shows paulistana.

B.B. King é um exemplo para muitos artistas metidos a besta por aí, que não tem um centésimo de seu talento e que, no entanto, esbanjam arrogância e antipatia. Com todo o seu currículo, era acessível e camarada com todos que o abordavam. Dessa forma, elevou o blues a um patamar dos mais altos. Um mestre que nos deixa como herança grandes gravações e bela lição de vida.

The Thrill Is Gone– B.B. King:

When Love Comes To Town– B.B. King & U2:

Rock Me Baby -B.B.King/Eric Clapton/Buddy Guy/Jimmy Vaughan:

Riding With The King– B.B. King & Eric Clapton:

Into The Night – B.B. King:

BB King & Bobby “Blue” Bland – Let The Good Times Roll:

Tony Iommi conta seus causos em uma autobiografia bacana

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Por Fabian Chacur

Para quem pensa que o Black Sabbath em sua formação original tinha só um doidão, no caso o impagável Ozzy Osbourne, recomendo a imediata leitura de Iron Man- Minha Jornada Com o Black Sabbath (Iron Man- My Journey Through Heaven And Hell With Black Sabbath-Editora Planeta), deliciosa autobiografia na qual Tony Iommi, o guitarrista da banda, conta seus impagáveis causos durante uma carreira iniciada nos anos 1960 e na ativa até hoje.

O livro tem início no episódio que poderia ter dado cabo de suas ambições no mundo da música. Aos 17 anos, em 1965, quando já dava os primeiros passos como guitarrista de rock, Iommi sofreu um acidente no seu último dia trabalhando em uma fábrica em sua cidade natal, Birmingham. Resultado: a perda das extremidades dos dois dedos do meio de sua mão direita.

Se isso já seria terrível para um músico destro, para o canhoto Iommi aquilo se mostrou praticamente a sentença de morte para ele em termos profissionais. O cara, no entanto, mostrou fibra e superou inúmeros desafios, criando no processo um estilo próprio e inimitável de tocar que ajudou a gerar alguns dos mais poderosos riffs da história do rock.

Com a ajuda de T.J. Lammers, que se incumbiu de colocar no papel os depoimentos, o guitarrista nos conta de forma detalhada como ocorreu todo esse doloroso processo. Sem choradeira e de forma bem-humorada. A história da banda que o tornou famoso mundialmente também surge de um jeito descontraído e esclarecedor.

Ozzy, por exemplo, surgiu na vida de Iommi ainda na escola, quando tiveram pouco contato, pois o cantor era um pouco mais novo do que ele. Anos depois, quando estava atrás de um vocalista para o que viria a ser o Black Sabbath, o guitarrista tomou um susto ao ver que o cara que respondeu o anúncio que havia colocado era aquele colega pateta.

Durante o decorrer das 400 páginas do livro (que você devora com avidez), o coautor de clássicos como Sabbath Bloody Sabbath, Iron Man, Paranoid, Heaven And Hell e Tomorrow’s Dream, entre inúmeros outros, nos conta como foram gravados seus álbuns, bastidores das turnês do grupo, o entra e sai de músicos e tudo o mais.

Sabemos, por exemplo, como foi a curta passagem de Tony pelo Jethro Tull, com direito a participação no mitológico filme Rock And Roll Circus, dos Rolling Stones, as brincadeiras que os músicos do grupo faziam entre si, incluindo botar fogo (literalmente!) no baterista Bill Ward, o consumo de drogas e mesmo as relações afetivas do músico britânico.

Entre outras curiosidades, ficamos sabendo que um dos vocalistas testados para substituir Ozzy Osbourne em sua saída do Black Sabbath em 1980 foi ninguém menos do que Michael Bolton, que, depois, tornou-se astro do soul pop. Ele, na época, cantou em uma banda de hard rock ao lado do guitarrista Bruce Kulick, que depois integraria o Kiss.

A entrada no Sabbath de Ronnie James Dio tem bom espaço no livro, incluindo as brigas entre ele e Iommi, o retorno dessa formação nos anos 1990 e uma nova encarnação dessa escalação, já como Heaven & Hell (nome do disco mais famoso dessa era) nos anos 2000. Fica claro que Dio e Ozzy se odiavam de forma intensa.

A narrativa vai até 2010, meses antes do lançamento do livro no exterior (saiu por aqui em 2013). Não relata, portanto, as gravações do disco do retorno aos estúdios da formação original do Black Sabbath (13) e os recentes problemas de saúde de Iommi, que aparentemente estão sendo controlados. Um livro muito bom de se ler para quem quer saber mais sobre um dos inventores do heavy metal.

Sabbath Bloody Sabbath– Black Sabbath:

Tomorrow’s Dream– Black Sabbath:

Heaven And Hell– Black Sabbath:

Stevie Nicks resgata canções de seu baú em 24 Karat Gold

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Por Fabian Chacur

24 Karat Gold- Songs From The Vaults, oitavo e mais recente CD de Stevie Nicks, equivale a um trabalho de resgate. A cantora e compositora americana retirou de seus arquivos canções compostas entre 1969 e 1987 (mais uma de 1994 e outra de 1995) que se mantinham no formato demo, tendo ficado dessa forma de fora de trabalhos anteriores. O resultado não poderia ter sido melhor.

O álbum saiu nos EUA em setembro de 2014 e até agora se mantém inédito por aqui, sabe Deus porque. Logo na primeira semana de lançamento, vendeu mais de 33 mil cópias e atingiu a sétima posição entre os álbuns mais vendidos no disputado mercado americano. Prova de forte popularidade de uma artista que completará 67 anos no próximo dia 26 de maio e que está há quatro décadas na estrada, sendo uma das melhores cantoras de rock de todos os tempos.

Seu primeiro álbum, Buckingham Nicks, saiu em 1973, em parceria com o então namorado Lindsey Buckingham. Em 1975, os dois viraram integrantes do Fleetwood Mac, banda que ajudaram a elevar ao primeiríssimo time do rock mundial. Em 1981, a cantora iniciou uma carreira solo paralela à da banda com o ábum Bella Donna. E o sucesso continuou o mesmo.

A fórmula usada por essa grande estrela do rock and roll não tem segredos. Trata-se de uma sempre bem azeitada mistura de rock básico, folk rock, country rock, folk, country e pop, pontuada por boas composições próprias e aquela voz meio rouca e sempre apaixonada que torna tudo sempre muito bom de se ouvir. Uma diva do primeiro escalão.

A primeira impressão ao se ouvir o novo álbum, produzido por Dave Stewart (ex-Eurythmics), é de não ser fácil acreditar que canções como Starshine, The Dealer, Cathouse Blues, I Don’t Care e She Loves Him Still (esta última escrita em parceria com Mark Knopfler, ex-Dire Straits) estivessem pegando poeira em um arquivo da vida, de tão boas que são.

Blue Water, com seu lirismo e apurado senso melódico, conta com a participação do ótimo trio Lady Antebellum, e o entrosamento entre eles se mostra matador. A única faixa que não é de autoria de Stevie é a bela Carousel, de Vanessa Carlton, amiga dela e uma das canções favoritas da mãe de Stevie, que infelizmente se foi há não muito tempo.

24 Karat Gold- Songs From The Vaults mostra uma Stevie Nicks em plena forma, não se rendendo a modismos para tentar ganhar novos fãs. Aqui, só o velho e bom rock and roll mesclado de folk e country, no qual Miss Nicks dá um banho de garra, personalidade e estilo. Como um disco desses não sai no Brasil? Com a palavra, a Warner Music Brasil.

Blue Water– Stevie Nicks e Lady Antebellum:

Starshine – Stevie Nicks:

DVD registra auge dos Wings em turnê histórica de 1976

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Por Fabian Chacur

Em 1976, Paul McCartney viveu uma das fases mais bem-sucedidas de uma carreira repleta de grandes momentos. Naquele ano, seu grupo pós-Beatles, o Wings, tornou-se provavelmente a banda mais popular do mundo, coroando uma era iluminada com turnê pela América do Norte simplesmente arrasadora. O registro histórico dessa tour está em Rock Show, DVD que acaba de ser lançado no Brasil pela Eagle Rock/ Som Livre.

Rock Show foi lançado nos cinemas em 1980, e o fato de ter sido registrado com equipamento cinematográfico facilitou a tarefa de remasterização e restauração da fita original realizada neste DVD. O resultado é simplesmente excepcional, com apenas uma ou outra cena granulada, e qualidade de áudio arrasadora. Qualidade técnica digna do conteúdo artístico.

A turnê dos Wings daquele 1976 divulgavam o então mais recente álbum do quinteto, Wings At The Speed Of Sound, e flagram uma fase bem diferente do Macca, se comparada com os shows que passou a fazer a partir de 1989, quando voltou após hiato de quase dez anos. Um detalhe que chama a atenção é a quantidade de músicas dos Beatles contidas aqui.

Quando começou a fazer shows com os Wings, McCartney inicialmente não tocava rigorosamente nada escrito pelo Beatles. A muito custo, foi encaixando um ou outro clássico da banda em seu set list. Vamos comparar: em Rock Show, temos um total de 30 músicas, sendo apenas 5 dos Beatles. Na turnê Out There (2014), do cantor, baixista e compositor britânico, em um set list com 39 músicas, 25 são dos Fab Four. Quanta diferença!

A formação dos Wings naquela época é certamente a melhor da história da banda. Além do seu líder inconteste nos vocais, baixo, violão, guitarra e teclados, temos Linda McCartney (vocal e teclados), Denny Laine (guitarra, baixo, violão, vocal, teclados), Jimmy McCulloch (vocal, guitarra, violão e baixo) e Joe English (bateria e vocal). Um timaço!

Com o auxílio de um naipe de metais integrado por Tony Dorsey (trombone), Howie Casey (saxofone, amigo de Paul de Liverpool), Steve Howard (trompete e flugelhorn) e Thaddeus Richard (sax, clarinete e flauta), os caras mostram, além das 5 dos Beatles, 4 de Wings At The Speed Of Sound, 9 de Venus And Mars (1975), 5 de Band On The Run (1973), outras 5 do grupo e de McCartney solo e dois covers.

Aos 34 anos de idade, Paul estava no auge como cantor, simplesmente arrasando em músicas como Let Me Roll It, Call Me Back Again, My Love, Soily e Beware My Love, só para citar algumas. O ótimo guitarrista McCulloch se mostra bom cantor em Medicine Jar, enquanto Denny esbanja carisma em Richard Cory, de Simon & Garfunkel.

Gravado em grandes ginásios, o show não tem recursos visuais tão sofisticados, mas a performance da banda é tão boa que isso fica em segundo plano. Rock Show é provavelmente o melhor registro de um show de Paul McCartney existente no mercado, e é obrigatório para todos aqueles que cultuam esse verdadeiro mestre do rock and roll. Maravilhoso é pouco!

Rock Show- Paul McCartney & Wings DVD (em streaming):

Nova coletânea do Queen nos dá três inéditas e outros hits

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Por Fabian Chacur

Desde a morte prematura de Freddie Mercury em 1991, o fã do Queen tem sido consolado com discos póstumos, faixas inéditas lançadas em conta-gotas e shows de Brian May e Roger Taylor com parceiros diversos tocando material da banda. Mais um desses paliativos chega às lojas. Trata-se da compilação Queen Forever, lançada no Brasil pela Universal Music e já disponível nas lojas físicas e virtuais.

Trata-se de uma coletânea dupla com 36 faixas. O principal atrativo são três gravações inéditas. A mais badalada é There Must Be More To Life Than This, que reúne a banda com ninguém menos do que Michael Jackson. A gravação foi originalmente feita nos anos 1980 e ficou esse tempo todo guardada. Boa canção pop, com belos vocais de Mercury e Jackson e mixagem a cargo de William Orbit. Já vale o pacote, embora não seja uma canção nota dez.

Love Kills- the ballad é uma nova versão, desta vez com o Queen e num clima mais rock balada, de canção lançada originalmente por Freddie Mercury em sua carreira solo, sendo uma parceria dele com o premiado produtor Giorgio Moroder. A terceira inédita abre o álbum, a ótima Let Me In Your Heart Again, na qual o grupo esbanja seu poder de dar tempero pop ao rock.

O resto do repertório concentra-se em canções românticas do repertório do célebre grupo inglês, e o legal fica por conta da inclusão de faixas nunca antes incluídas em uma compilação deles, das quais destaco a maravilhosa Jealousy. Play The Game, It’s a Hard Life, Made In Heaven, These Are The Days Of Our Lives, é uma maravilha atrás da outra.

A embalagem de Queen Forever é belíssima, com direito a capa digipack, belo desenho ilustrando a parte da frente do pacote e um luxuoso encarte contendo as letras e belas fotos. Pode-se questionar o fato de apenas três inéditas terem sido incluídas no pacote, o que torna o álbum repetitivo para o colecionador mais fiel, mas ao menos o produto é luxuoso e está à altura da estatura dessa banda que realmente ficará para sempre em nossos corações.

Let Me In Your Heart Again – Queen:

Love Kills – the ballad– Queen:

As aventuras do setentão Rod “The Mod” Stewart, o crooner

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Por Fabian Chacur

Tá bom, tá bom, Mondo Pop vacilou e se esqueceu de publicar no dia 10 de janeiro uma matéria comemorando os 70 anos de idade de Rod Stewart. Como por aqui a gente segue a velha máxima “antes tarde do que nunca”, eis a homenagem a este grande personagem do nosso amado rock and roll, agora com 70 anos e cinco dias de idade. Essa é a sua vida, Rod The Mod!

Nascido em 10 de janeiro de 1945, Rod Stewart lançou seu primeiro trabalho fonográfico em 1964, um single com Good Morning Little Schoolgirl. No entanto, ele se concentrava mesmo era em trabalhos ao lado de artistas como Long John Baldry e a banda Steampacket. Até que, em 1967, tirou a sorte grande ao entrar na banda pós-Yardbirds do guitarrista Jeff Beck.

Com o Jeff Beck Group, Rod gravou dois álbuns, os ótimos Truth (1969) e Beck-Ola (1969), nos quais podemos uma banda explosiva, da qual também fazia parte Ron Wood, que investia em releituras pesadas de blues que ajudaram a pavimentar o caminho para o hard rock e o heavy metal. Truth é discoteca básica de rock.

Encerrado o Jeff Beck Group em sua formação original, Rod e Wood se juntaram aos músicos do também extinto The Small Faces, surgindo daí outra banda lendária, The Faces. Paralelamente, Rod também passou a investir em uma carreira solo, sendo contratado da Mercury nessa empreitada e da Warner como integrante dos Faces.

The Mod viveria aqueles que alguns consideram seus anos de ouro. Com os Faces, mergulhou em um rock básico vibrante e ardido. Na carreira solo, a vibração vinha somado a uma visão um pouco mais pop, gerando clássicos como Maggie May, Every Picture Tells a Story e Reason To Believe. Sozinho, fazia mais sucesso do que com os Faces. Aí, já viu….

Rod resolveu sair fora dos Faces e passar a se dedicar à carreira individual em tempo integral. De quebra, assinou um contrato milionário com a Warner para a nova empreitada. A estreia da nova fase ocorreu com o álbum Atlantic Crossing (1975), que marcou o início de um período mais eclético na sonoridade do astro britânico.

As baladas, como Sailing, Tonight’s The Night e I Don’t Want To Talk About It, passaram a ganhar maiores espaços em seu repertório, assim como experiências com outras sonoridades então emergentes, como disco music, new wave e funk. O eterno espírito de crooner, aquele intérprete que não se limita a um único estilo, tomaria conta dele.

Se os críticos torceram o nariz para essa nova orientação do trabalho de Rod Stewart, o público abraçou com entusiasmo, tornando canções como Do Ya Think I’m Sexy, Tonight I’m Yours, Passion, Hot Legs, Baby Jane e Lost In You grandes sucessos comerciais. Como todo astro pop, ele viveu também alguns momentos menos felizes em termos comerciais, mas soube se virar e dar a volta por cima.

Em 1993, por exemplo, voltou com força ao topo dos charts com seu Unplugged…And Seated, álbum acústico no qual voltou a tocar com Ron Wood, que desde 1976 integra os Rolling Stones. No início dos anos 2000, aceitou o conselho do produtor Clive Davis e gravou It Had To Be You- The Great American Songbook (2002), que vendeu milhões de cópias e deu origem a uma série de álbuns dedicados aos standards da música americana, todos com muito sucesso.

Em 2006, voltou ao rock lançando o excelente Still The Same…Great Rock Classics Of Our Time, no qual inclusive releu It’s a Heartache, música lançada nos anos 1970 pela cantora Bonnie Tyler e que muitos pensavam ser um novo hit de Rod The Mod, tal a semelhança vocal entre os dois. A voz de Rod ao vivo não é a mesma há décadas, mas o cara continua levando multidões a seus shows pelo mundo afora.

No Brasil, Rod veio pela primeira vez nos anos 1970, mas apenas para divulgar seus discos. Shows de fato foram rolar há exatos 30 anos, na primeira edição do Rock in Rio. Depois, voltaria em 1990 para shows vibrantes, entre os quais um no Olympia e outro no estádio Palestra Itália, ambos em São Paulo. Vi o do Olympia, simplesmente excelente.

Versátil, carismático e de voz inconfundível, Rod Stewart possui uma obra bastante relevante, repleta de hits legais e canções interpretadas com um estilo próprio que influenciou muita gente por aí. Que continue ativo e nos surpreendendo de alguma forma. Mas seu lugar na história do rock e da música pop já está garantido há muito tempo.

Maggie May – Rod Stewart:

Twistin’ The Night Away – Rod Stewart:

Tonight I’m Yours– Rod Stewart:

This Old Heart Of Mine – Rod Stewart e Ronald Isley:

Tonight’s The Night– Rod Stewart:

Karen Souza mostra novo CD em pocket show em São Paulo

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Por Fabian Chacur

Karen Souza é uma cantora nascida na Argentina e criada nos EUA e em outros países nos quais seus pais moraram. Atualmente, divide-se entre Nova York e Buenos Aires, e investe em uma carreira na qual o jazz é o tempero essencial. Para lançar no Brasil seu novo CD, Essentials II (Music Brokers), ela fará em São Paulo neste sábado (29) às 19h pocket show gratuito na Livraria Cultura do Shopping Iguatemi (av. Brigadeiro Faria Lima, 2.232- piso 3).

Essentials II dá continuidade ao trabalho apresentado no álbum Essentials, no qual Karen relê clássicos do rock e do pop com arranjos jazzísticos e elementos de bossa nova. Em entrevista exclusiva via fone para Mondo Pop, ela explica que não foi difícil dar nova roupagem a músicas marcantes como Wicked Game (Chris Isaak), The Way It Is (Bruce Hornsby), Never Tear Us Apart (Inxs) e Twist In My Sobriety (Tanita Tikaram), entre outras.

“Quando você se emociona com as músicas que canta, não fica difícil fazer esse tipo de releitura. Por isso, só gravo canções de que realmente gosto e com as quais me identifico. Esse novo CD tem músicas alegres, tristes, românticas, tem bossa nova e também tentei incluir um pouco de samba no meio”.

A produção do álbum, que foi gravado nos estúdios The Orchard, em Nova York, ficou a cargo do experiente Richard Gottehrer, conhecido por seus trabalhos com Blondie, The Go-Go’s, Dr. Feelgood, Richard Hell e The Bongos. A intérprete disse que adorou trabalhar com ele.

“Richard é brilhante, aprendi muito atuando ao seu lado. Ele me treinou como me expressar, sinto que fiquei melhor enquanto cantora após trabalharmos juntos”, elogia.

A primeira oportunidade que Karen Souza teve de cantar no Brasil ocorreu em 2009 no Teatro Bradesco, e ela guarda ótimas recordações daquela primeira vez. Agora, ela fará um pocket show no melhor estilo voz e violão, no qual mostrará músicas do novo CD e também outras dos seus trabalhos solo anteriores, Essentials e Hotel Souza. Ela voltará ao nosso país para shows com o seu grupo em março.

Antes de mergulhar no universo jazzístico, Karen participou de coletâneas de música eletrônica. “Alguns músicos de jazz ouviram essas gravações e me disseram que eu tinha todo o perfil para cantar jazz. Brinco que esse estilo musical é que me escolheu, não fui eu quem o escolhi”, relembra ela, que se diz fã de Astrud Gilberto, Billie Holiday e Louis Armstrong, entre outros.

Seus planos para o futuro incluem a gravação de um DVD registrando um de seus shows e também um álbum incluindo standards do jazz e da bossa nova. Em janeiro, ela fará quatro shows no Japão, outro país no qual seu trabalho possui ótima aceitação. Neste domingo (30), Karen se apresentará no Rio, na Livraria Travessa (Shopping Leblon).

Wicked Game– Karen Souza:

Twist In My Sobriety– Karen Souza:

The Way It Is– Karen Souza:

Andy Summers tocará em SP com baixista Rodrigo Santos

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Por Fabian Chacur

Andy Summers tem feito boas parcerias no Brasil. Em nosso país, ele já gravou com Roberto Menescal, Fernanda Takai (do grupo Pato Fu) e o argentino radicado por aqui Victor Biglione. Agora, ele fará shows ao lado de Rodrigo Santos, baixista do Barão Vermelho. Em São Paulo, a dupla tocará no dia 18 de novembro (terça-feira) às 21h30 no Bourbon Street (rua dos Chanés, 127- Moema- fone 5095-6100), com ingressos custando de R$ 75,00 a R$ 110,00 (www.ingressorapido.com.br).

Tudo começou em 2013, quando Summers, conhecido mundialmente por seu trabalho com o The Police, deu uma canja no show que Rodrigo fazia no Rio com o seu grupo Os Lenhadores. A empatia entre eles foi tão boa que ficou no ar a possibilidade de uma colaboração mais efetiva, o que está ocorrendo agora. Desta vez, o guitarrista virá para tocar o velho e bom rock and roll.

Além do músico britânico na guitarra e de Rodrigo Santos no baixo e vocal principal, estarão em cena o guitarrista Fernando Magalhães, também do Barão Vermelho, e o baterista Kadu Menezes, que tocou com Rodrigo no Kid Abelha. A principal curiosidade do show fica por conta da inclusão de uma composição inédita feita pelos dois novos parceiros, intitulada Me Dê Um Dia a Mais.

O repertório mesclará músicas do The Police como Every Little Thing She Does Is Magic, Message In a Bottle, Synchronicity e So Lonely com clássicos do Barão Vermelho do naipe de Maior Abandonado, Pro Dia Nascer Feliz, Por Você e Exagerado, entre outras. Um show que tem tudo para ser bastante interessante e pra cima.

Message in a Bottle– Rodrigo Santos & Os Lenhadores e Andy Summers (ao vivo):

Jack Bruce, mestre do baixo e da música, morre aos 71 anos

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Por Fabian Chacur

Nem acreditei quando fui escalado, em 2012, para entrevistar via telefone o célebre cantor, compositor e baixista britânico Jack Bruce. Ele estava agendado para tocar no Brasil, o que ocorreu em outubro daquele ano. A entrevista foi deliciosa (leia aqui) e o show do mestre da música em São Paulo, idem na mesma data (leia crítica aqui). Infelizmente, não o veremos mais. Ele nos deixou neste sábado (25) aos 71 anos, vítima de doença hepática. Descanse em paz, gênio brilhante!

Nascido em 14 de maio de 1943 em Glasgow, Escócia, Jack Bruce teve uma carreira brilhante como cantor e compositor, e é considerado um dos grandes virtuoses do baixo não só no rock, como em qualquer outro estilo musical. Mondo Pop deu uma geral em sua carreira e em seus pontos altos quando ele nos visitou em 2012 (leia aqui).

Normalmente, as matérias publicadas em jornais são editadas a partir de um texto de maior tamanho enviado pelo jornalista. No caso de minha entrevista com Jack Bruce para a Folha de S.Paulo, não foi diferente. A edição ficou bacana, mas omitiu algumas declarações do agora saudoso músico britânico. Para os curiosos, segue abaixo, na íntegra, o texto original da entrevista, sem os cortes posteriores:

“Jack Bruce, baixista e vocalista de um dos mais importantes grupos da história do rock, o Cream, enfim irá tocar no Brasil. Ele se apresenta em São Paulo no dia 24 de outubro (quarta-feira) no Teatro Bradesco ao lado da sua Big Blues Band.
Em entrevista exclusiva por telefone à Folha, o músico escocês confessou que não sabe o que esperar do público brasileiro.
“Não tenho a mínima ideia do que eu encontrarei aí, mas faz tempo que eu desejo tocar no Brasil”, diz.
Ele virá acompanhado por uma banda composta por sete músicos, com a qual gravou recentemente um álbum duplo ao vivo (“Live 2012”), e promete dar uma geral em suas cinco décadas de estrada, incluindo hits do Cream como “Sunshine Of Your Love”.
Os arranjos das músicas tendem para o blues, embora tenham fortes elementos de rock, soul e jazz no meio. Bruce diz que não é chegado a rótulos.
“Comecei a tocar ainda jovem, e desde o começo o meu grande prazer era improvisar, independente do gênero musical que toco. Aliás, eu não toco jazz, toco Jack”, diz, rindo.
Entre os inúmeros músicos com quem já trabalhou em sua carreira, Bruce destaca o baterista Tony Williams (1945-1997), considerado um dos melhores da história do jazz e com o qual tocou na banda Lifetime na década de 1970.
“Ele morreu jovem demais! Era um gênio, o maior gênio com quem toquei durante a minha carreira. Gravei o álbum “Spectrum Road” (2012) em homenagem a ele, ao lado de Vernon Reid (Living Colour, guitarra), John Medesky (Medesky, Martin & Wood, teclados) e Cindy Blackman Santana (bateria)”, diz.
“Não me culpem pelo heavy metal!”
Mesmo tendo um currículo longo e repleto de realizações, Jack Bruce costuma ser lembrado com mais frequência por ter feito parte do Cream, ao lado de Eric Clapton e Ginger Baker. Ele acha isso normal.
“O Cream foi uma ótima banda. Levamos a linguagem do blues para um rumo pop. Acho Eric Clapton um grande guitarrista, seus solos são ótimos, ele toca com muita paixão e amor. Foi a minha grande oportunidade de tocar em uma banda de rock de sucesso. Mas eu queria fazer outras coisas, por isso o grupo durou pouco”.
Ele só faz uma ressalva em relação a quem considera o trio britânico, que esteve na ativa entre 1966 e 1968 e teve um breve retorno em 2005, um dos criadores do heavy metal.
“Não me acho o pai do heavy metal, não. Culpem o Led Zeppelin por isso!”, disse, rindo bastante.
Outra parceria que Bruce relembra com carinho foi a que o ligou a Ringo Starr nos anos 1990. Ele integrou uma das várias formações da All Starr Band, ao lado de Ringo, Peter Frampton, Todd Rundgren e Gary Brooker, entre outros.
Das novas gerações, Bruce elogia muito o guitarrista Joe Bonamassa, com quem tocou ao vivo há alguns anos, e revela que adoraria gravar com ele, assim como com a cantora Christina Aguilera.”

Dance The Night Away – Cream:

Sunshine Of Your Love- Cream:

Eric Clapton faz homenagem a J.J. Cale no CD The Breeze

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Por Fabian Chacur

JJ Cale (1938-2013) foi uma espécie de “músico dos músicos”, pois embora nunca tenha feito grande sucesso em termos comerciais, sempre foi cultuado por um público fiel e por inúmeros colegas de profissão. Seu fã mais famoso, Eric Clapton, ajudou a divulgar a sua obra, e agora lança um novo CD em homenagem ao amigo, o maravilhoso The Breeze- An Appreciation Of J.J. Cale, que a Universal Music acaba de lançar no Brasil.

A influência do cantor, compositor e guitarrista americano na obra de Eric Clapton é muito grande, o que pode ser notado especialmente a partir dos anos 70. Em 1970, o mago britânico da guitarra gravou uma composição de Cale, After Midnight, e a partir dali se tornou um intenso consumidor das canções dele, tendo gravado sete delas no decorrer de sua carreira, entre as quais a icônica Cocaine.

Não satisfeito, Clapton gravou em 2006 um álbum em parceria com o amigo, o excelente The Road To Escondido, que rendeu à dupla um Grammy, o Oscar da música. De quebra, o autor de Cocaine ainda participou do CD Old Sock (2013), de Clapton, que nunca deixou de lado o seu prazer em divulgar a obra do amigo.

O trabalho de JJ traz como marcas a sutileza de suas canções e de seus solos, com uma mistura simplesmente brilhante de rock, country, folk e jazz no qual as canções sempre nos trazem a rara capacidade de conciliar uma aparente simplicidade formal com uma sofisticação que vinha à tona a cada nova audição de seu repertório.

The Breeze-An Appreciation Of JJ Cale é assinado por Eric Clapton & Friends, pois o Slowhand trouxe para o time os amigos Mark Knopfler, John Mayer, Tom Petty, Willie Nelson e Don White, com direito à coprodução do inseparável Simon Climie e a participação de músicos de apoio como os geniais Nathan East, Jim Keltner, Jamie Oldaker, Derek Trucks e Albert Lee, entre outros do mesmo (alto) gabarito.

O repertório inclui músicas de várias fases da carreira de JJ Cale, em interpretações que respeitam o espírito das gravações originais. As 16 faixas são boas, mas vale destacar Call Me The Breeze (Clapton solo), Rock And Roll Records (Clapton e Tom Petty), Someday (Mark Knopfler), The Old Man And Me (Tom Petty) e Songbird (Clapton e Willie Nelson).

Trata-se daquele tipo de CD que já nasce clássico, e que foge completamente do teor oportunista de algumas homenagens feitas por aí a outros artistas. Neste, Clapton demonstra reverência e amor pela obra do saudoso amigo, e reúne um elenco mais do que adequado para fazer jus à qualidade dessas músicas. Boa dica de presente para amigos e amigas roqueiras de bom gosto.

Vídeo sobre o CD The Breeze:

Call Me The Breeze– Eric Clapton:

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