Por Fabian Chacur

Greg Alexander nasceu em Michigan (EUA) em 4 de maio de 1970. Seu início no meio musical rolou com o álbum solo Michigan Rain (1989), que obteve repercussão limitada.

Em 1992, sai Intoxifornication (1992), que misturou faixas do trabalho anterior com várias inéditas. Novamente não foi ouvido por muita gente. Sem desanimar, o cantor, compositor e musico seguiu adiante.

Em 1997, montou uma espécie de grupo-conceito denominado New Radicals. No mesmo, só ele era fixo, com músicos amigos tocando com ele, entre os quais o guitarrista Rusty Anderson e a vocalista Danielle Brisebois.

No ano seguinte (1998), sai o primeiro álbum do New Radicals. Intitulado Maybe You’ve Been Brainwashed Too (talvez você também tenha sofrido uma lavagem cerebral), é certamente um dos grandes trabalhos da musica pop daquele período.

A capa do disco já deixava claro a conotação de grupo/conceito, pois temos apenas algumas fotos de Alexander a ilustrá-la. O primeiro single extraído do mesmo fez barulho nas paradas.

Trata-se de You Get What You Give, uma dessas músicas que conseguem reunir acessibilidade, ótima melodia, ritmo irresistível e uma letra positiva que tenta animar a autoestima do ouvinte, inclusive ironizando artistas como Courney Love, Marilyn Manson, Beck e o grupo Hanson. O clipe dela é ótimo!

Mas o álbum tem muito mais, como por exemplo a faixa que abre o repertório de 12 canções: Mother We Just Can’t Get Enough tem base rítmica que lembra Sympathy For The Devil, dos Rolling Stones, com direito a belos falsetes e a gostosa voz de Danielle Brisebois.

A power ballad I Don’t Wanna Die Anymore soa como as gravadas nos anos 70, tipo All The Young Dudes, de David Bowie e sucesso com o grupo Mott The Hoople. Avassaladora, emocionante, arrepiante e mais uns trinta adjetivos positivos de que eu possa me lembrar.

A balada pop rock Someday We’ll Know é outra que soa como hit clássico, com seu romantismo rasgado e perfeição em cada segundo. A releitura feita por Daryl Hall & John Oates em 1997 no seu CD Marigold Sky também ficou bem bacana.

A escrachada faixa título, um ótimo rock no qual Alexander ironiza os meios de comunicação com inteligência, o rockão ardido e sacudido Jehovah Made This Whole Joint For You (outra de letra irônica) e a balançada In Need Of a Miracle são outros momentos muito, mas muito bacanas, mesmo.

Na contagiante Technicolor Lover, Alexander deu uma de “banda do eu sozinho”, tocando todos os instrumentos e se incumbindo de todos os vocais. No mínimo, gravou como demo e viu que ficou tão boa que não faria sentido regravá-la.

E o disco é bom como um todo, daquele tipo de disco pop bom de se ouvir de ponta a ponta. Ele se aproveita com categorias de influências como os já citados Stones em sua pegada mais latina, Lindsay Buckingham (do Fleetwood Mac), Elton John dos anos 70 e o grupo-projeto World Party (liderado pelo brilhante Karl Walinger nos anos 80 e 90), entre outros, com assinatura própria e bom gosto.

Maybe You’ve Been Brainwashed Too até que vendeu bem, mas poderia ter ido muito melhor, não fosse a decisão de Greg Alexander de acabar com o New Radicals (após alguns poucos shows) no dia 12 de julho de 2009. Ele alegou cansaço e falta de vontade de ficar na frente dos holofotes.

Com isso, a gravadora largou mão do CD, que chegou apenas ao 41º posto nos EUA e ao décimo na Inglaterra, quando poderia ter emplacado diversos hits e vendido muito mais. Uma pena.

Mas Alexander se deu bem nos anos seguintes. Ele trabalhou com artistas do naipe de Texas, Inxs, Belinda Carlisle (do grupo Go-go’s), Ronan Keating (do grupo Boyzone), Enrique Iglesias e Sophie Ellis-Bextor.

Melhor: Rod Stewart gravou a sua ótima I Can’t Deny It em seu álbum Human, além dos já citados Hall & Oates.

O melhor momento dessa fase como compositor foi a fantástica Game Of Love, gravada por Carlos Santana e Michelle Branch e da qual ele é coautor, com o pseudônimo Alex Ander. Ele faturou um Grammy com a mesma.

Mas que seria muito legal um novo álbum dele, seja como Greg Alexander, New Radicals ou coisa que o valha, lá isso seria. Ficamos na torcida. Enquanto isso não ocorre, que tal ouvir Brainwashed pela milésima vez?

obs.: Rusty Anderson, que toca brilhantemente guitarra em 9 das 12 faixas deste álbum, é há anos guitarrista da banda de Paul McCartney, com o qual já gravou ótimos discos de estúdio e ao vivo.