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Box com 3 CDs traz clássicos e gravações raras de Cartola

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Por Fabian Chacur

Nenhum apelido poderia ter sido tão preciso para definir um artista como o recebido por Angenor de Oliveira (1908-1980). Afinal de contas, quando a gente pensa em Cartola, o artista, pensa em elegância, em requinte, em poesia bem elaborada, em melodias deliciosas. A obra deste cantor, compositor e violonista carioca é coisa finíssima. A Universal Music acaba de lançar Todo Tempo Que Eu Viver, box com três CDs que nos oferece alguns dos melhores momentos da carreira desse indiscutível gênio da MPB.

O conteúdo desta caixa tem duas origens distintas, e reúne tudo que Cartola gravou entre 1967 e 1976. Vale lembrar que, antes disso, ele havia sido em 1928 um dos fundadores da Estação Primeira de Mangueira, provavelmente a mais icônica escola de samba de todos os tempos, e viu suas músicas gravadas por artistas do porte de Carmen Miranda, Francisco Alves, Mario Reis e Silvio Caldas, entre outros. Como cantor, no entanto, fez apenas uma gravação (em 1940) da música Quem Me Vê Sorrir, e participou de programas de rádio.

Problemas de saúde e de outros tipos o levaram a sumir de cena a partir do final dos anos 1940, e muitos acreditavam até que ele tivesse morrido. Em 1957, no entanto, foi redescoberto pelo jornalista Sérgio Porto (também conhecido pelo codinome Stanislaw Ponte Preta), e a partir dali aos poucos retomou a carreira. As grandes gravadoras, no entanto, relutavam em contratá-lo para o lançamento de um LP, afirmando de forma cruel que “aqui não é asilo”.

Sorte que o produtor musical João Carlos Botezelli, o Pelão, não acreditava naquela frase infeliz, e batalhou o quanto pode para concretizar seu sonho de ver Cartola gravar um álbum. E a gravadora independente Marcus Pereira topou o desafio. O LP, intitulado Cartola, saiu em 1974, e é o primeiro CD desta caixa. Com produção elegante e despojada, traz maravilhas do porte de O Sol Nascerá (A Sorrir), Acontece, Alvorada e Tive Sim, entre outras. Foi um sucesso, com mais de 20 mil cópias vendidas. Que asilo, que nada!

O bom resultado comercial resultou no lançamento de um segundo disco, também intitulado Cartola e lançado em 1976. O bacana é que o artista incluía canções feitas recentemente, entre elas O Mundo é um Moinho e As Rosas Não Falam, fruto de sua maturidade como ser humano e compositor. Com o mesmo formato classudo e repleto de sutilezas, o trabalho, segundo CD desta caixa, traz também Cordas de Aço, Meu Drama (Senhora Tentação) e Ensaboa como outros destaques.

O terceiro disco incluído nesta caixa, intitulado Tempos Idos, é inédito, e se trata de uma coletânea reunindo gravações feitas pelo autor de Acontece em discos de outros artistas e também álbuns temáticos. São dez registros raros e nunca reunidos antes em um único CD, que mostram Cartola ao vivo, em estúdio e também junto com Elizeth Cardoso, Clementina de Jesus, Odete Amaral, Nelson Cavaquinho, Carlos Cachaça, Canhoto e Conjunto de José Menezes.

O trabalho de remasterização realizado nos três CDs foi excelente, com qualidade de som impecável, especialmente se levarmos em conta se tratarem de registros feitos há mais de 40 anos. Os encartes são simplesmente sensacionais, com direito à reprodução dos textos incluídos nas edições originais, novos textos (feitos por Eduardo Magossi, curador do projeto desta box set) contextualizando cada álbum, fichas técnicas e as letras de todas as canções. Um trabalho belíssimo e à altura desse mestre da MPB.

Vale registrar que uma audição atenta desses CDs nos proporciona chegar a uma conclusão óbvia: Cartola não era só um compositor iluminado, um sujeito que falava sobre as idas e vindas do amor com classe, precisão cirúrgica e inspiração. O cara era também um violonista extremamente eficiente e, acima de tudo, um cantor impecável, que usava sua pequena extensão vocal com uma classe que envolve o ouvinte. Para ouvir trajado de fraque e…cartola!

As Rosas Não Falam– Cartola:

O Sol Nascerá– Cartola:

Acontece– Cartola:

Nem gripe consegue impedir o lindo show de Luiz Melodia

VIRADA CULTURAL 2014

Por Fabian Chacur

Artista é um ser humano igual a mim e a você. Fica alegre, triste, tem problemas de saúde, precisa encarar perdas… Só que a profissão exige deles um algo mais, devido ao frequente contato com o público, sempre esperando o melhor deles. Como bem demonstrou Luiz Melodia na fria noite deste sábado (9) no Teatro Municipal Elza Muneratto, na cidade de Jaú (SP). Com gripe e tudo, fez uma belíssima apresentação, como parte do 25º Festival de Inverno de Jahu. Quem viu, não se esquecerá.

Acompanhado pelo fiel escudeiro Renato Piau, que toca com ele há mais de 30 anos e é seu parceiro em diversas composições, Melodia entrou em cena às 20h42. O show, acústico, tinha Piau ao violão (de cordas de aço e eventualmente de nylon) e o vozeirão desse grande cantor, compositor e músico carioca de 65 anos. Logo no início, comentou sobre o fato de estar na cidade de seu grande amigo, o ex-jogador de futebol Afonsinho, ex-Botafogo e outros grandes clubes nos anos 1970.

Mostrando clássicos de seu repertório e também relendo pérolas de outros grandes autores da MPB, o astro esbanjou maturidade, jogo de cintura e presença cênica. Logo abriu aos expectadores seus problemas de saúde, que o deixaram de molho por uns dias. Como forma de se resguardar um pouco, saiu de cena por alguns minutos por volta dos 40 minutos de show, hora em que Renato Piau cantou, voz e violão, suas ótimas canções Blues do Piauí e Catira, Catira.

Com muito bom humor, Melodia conseguiu arrancar reações entusiásticas por parte das 600 pessoas que lotaram o espaço municipal da cidade situada no interior do estado de São Paulo. Ele guardou para a parte final do show uma trinca matadora de hits, integrada por Estácio Holly Estácio, Pérola Negra e Juventude Transviada. O final, às 21h57, arrancou aplausos entusiásticos por parte de todos. E ficou a dúvida no ar: será que rolaria um bis?

Afinal de contas, Luiz não estava a plenos pulmões. Mas o profissionalismo e o respeito ao público prevaleceu. E o duo Melô-Piau nos ofereceu versões intensas de Cara a Cara (parceria deles) e Negro Gato, versão de Getúlio Cortes e celebrizada nos tempos da Jovem Guarda que o artista oriundo do bairro do Estácio, no Rio, incorporou com categoria ao seu repertório. O final, às 22h08, foi impecável. Luiz Melodia é um ser humano como eu e você, só que tem um talento artístico que é dom de Deus, mesmo. E muito amor à profissão.

Estácio Holly Estácio– Luiz Melodia:

Negro Gato (ao vivo)- Luiz Melodia:

Juventude Transviada– Luiz Melodia:

Corina Magalhães explora do seu jeito a mineirice no samba

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Por Fabian Chacur

Tem mais uma mineira das boas no samba. Trata-se da cantora Corina Magalhães. Com 32 anos de idade e natural da cidade de Cambui (MG), a moça estreia em disco de forma segura e inspirada, mostrando que se preparou muito bem para executar essa tarefa, algo que infelizmente muitos artistas não fazem em seus primeiros trabalhos. O álbum, intitulado de forma simples e direta Tem Mineira no Samba, é um verdadeiro banho de swing, classe e sutileza. Bom demais da conta!

O conceito por trás do CD que abre a discografia desta intérprete é simples, mas muito bem desenvolvido. Ela selecionou 13 composições de autores mineiros de várias épocas, mais uma, Guerreira, escrita por dois cariocas (João Nogueira e Paulo Cesar Pinheiro), que, no entanto, foi feita e gravada pela mais famosa e bem-sucedida sambista mineira de todos os tempos, a saudosa Clara Nunes.

Com um repertório muito bem selecionado, o próximo passo foi criar uma moldura musical adequada e que se afastasse do óbvio, e nisso Corina mais uma vez se mostrou craque. Sua concepção musical temperou o baticum sambista com bons elementos de chorinho e especialmente de jazz, apostando na sutileza, nas nuances e em um delicioso diálogo entre voz e instrumentos em vários momentos, algo típico dos intérpretes jazzísticos mais bem dotados.

O resultado é um disco que flui gostoso a cada faixa. Uma grande qualidade desta mineirinha é o fato de se valer de um registro vocal doce e suave sem cair em uma mesmice, ou seja, sem se lambuzar de doçura e correr o risco de nos oferecer um trabalho sem variações e proibido para diabéticos. Nada disso. Corina prova que é possível ser suave e ao mesmo tempos nos oferecer variações de timbre e interpretação das mais expressivas, sem gritar ou exagerar.

Corina se porta bem na árdua missão de nos oferecer novas leituras para algumas músicas bem conhecidas, como Sem Compromisso (Geraldo Pereira-Nelson Trigueiro), Ai Que Saudade da Amélia (Ataulfo Alves-Mário Lago), Escurinho (Geraldo Pereira) e Falsa Baiana (Geraldo Pereira). Todas elas aparecem aqui de roupa nova, não se assemelhando a releituras anteriores e soando muito legais.

As três que ela pinçou da obra dos geniais João Bosco e Aldyr Blanc ficaram matadoras. São elas Casa de Marimbondo, Prêt-a-Porter de Tafetá e A Nível de…, esta última um dos momentos mais bem-humorados e sarcásticos da dupla mineiro-carioca. Em Aqui é o País do Futebol (Milton Nascimento-Fernando Brant), a intérprete dá uma aula no quesito suavidade-tensão, trocando de registros com uma categoria absurda.

Das novas gerações, boa representante é a deliciosa Galo e Cruzeiro, do versátil Vander Lee. E tem três do mestre Ary Barroso, Faceira, Camisa Amarela e Morena Boca de Ouro. E quer saber? Melhor você ir atrás e descobrir por si só esta bela obra, uma das estreias mais consistentes dos últimos anos. Muita cantora por aí tem se metido a cantar samba atualmente, mas poucas com esta consistência, esta categoria e essa fluência. Coisa muito, mas muito fina mesmo!

obs.: ah, e também merece muitos elogios a apresentação visual do CD, simplesmente espetacular, com direito a belíssima capa tripla no formato digipack, com direito a um belo encarte com as letras e ficha técnica. Coisa de primeiro mundo.

Aqui é o País do Futebol– Corina Magalhães:

Guerreira– Corina Magalhães:

Faceira– Corina Magalhães:

Espetáculo SamBRA retorna a SP para homenagear o samba

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Por Fabian Chacur foto: Tânia Voss

Uma homenagem ao centenário do samba em mais de duas horas de pura energia e diversão. Eis um resumo possível de SamBRA- O Musical- 100 Anos de Samba, musical que voltou a São Paulo em temporada cujo início ocorreu no último dia 6 e que permanecerá por aqui até o dia 5 de junho, sempre de sexta a domingo (21h sextas e sábados, 19h domingos) no Theatro Net São Paulo- Shopping Vila Olímpia (rua Olimpíadas, nº 360- Vila Olímpia- fone 0xx11-4003-1212), com ingressos de R$ 25,00 a R$ 150,00 (mais informações: www.theatronetsaopaulo.com.br).

SamBRA- O Musical- 100 Anos de Samba já passou anteriormente por São Paulo e também pelo Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Brasília, Porto Alegre e Curitiba, visto nessas cidades por mais de 40 mil pessoas. No Reveillon de Copacabana, no Rio, no final de 2015, atingiu um incrível público de mais de um milhão de espectadores, algo inédito em termos de audiência para um musical ao ar livre no Brasil.

O espetáculo foi escrito por Gustavo Gasparani, que também é o diretor e, na atual temporada, o ator que se incumbe dos papéis antes interpretados pelo cantor e compositor Diogo Nogueira. Versátil, Gasparani pesquisou a fundo para apresentar uma visão abrangente e intensa do universo do samba, desde suas origens em Pelo Telefone (o primeiro samba gravado) até a consagração apoteótica na avenida com as escolas de samba durante o Carnaval.

Com cenário luxuoso e um elenco composto por 17 atores e 20 músicos, o espetáculo inclui 70 músicas cantadas e outras 25 que ligam as canções em forma de textos. Obras de Pixinguinha, Donga, Sinhô, Cartola, Martinho da Vila, João Nogueira e Paulinho da Viola, entre muitos outros grandes mestres, fazem parte da trilha sonora dessa verdadeira celebração ao mais brasileiro de todos os ritmos, demonstração de criatividade e paixão da nossa arte popular.

Grupo Doce Encontro retorna com a sua formação original

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Por Fabian Chacur

Os fãs do pagode romântico estão comemorando. O grupo Doce Encontro, um dos mais populares de sua geração, retorna com sua formação original, na qual se destaca o vocalista Eder Miguel. Como forma de marcar essa volta, o time está gravando novo CD, e inicia turnê, apropriadamente intitulada Reencontro, com show neste sábado (20) às 22h30 no Carioca Club (rua Cardeal Arcoverde, nº 2.899- Pinheiros- fone 0xx11-8598), com ingressos a R$ 30,00 (mulheres) e R$ 35,00 (homens).

A trajetória da banda teve início lá pelos idos de 1998, e conta em sua escalação mais conhecida com Eder Miguel (vocal), Tiago Alexandre (cavaco e voz), Cauê (pandeiro) e Thiagão (tantã). O samba romântico é a sua marca registrada, e graças a um trabalho bastante competente nessa praia, eles cativaram um público fiel que os tornou bastante populares, especialmente no estado de São Paulo.

Em outra ação para incrementar essa nova fase da banda, já está disponível nas redes sociais a música Coração Adolescente, de autoria da consagrada autora Fátima Leão em parceria com Rodrigo Oliveira e Alex Torricelli. Será uma das oito inéditas do novo álbum do Doce Encontro, que está em fase de produção e será lançado em breve. O show trará algumas dessas músicas e também seus sucessos.

Coração Adolescente– Doce Encontro:

Simone Lial mostra seu samba bom em um show único no Rio

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Por Fabian Chacur

Que estilo de samba Simone Lial canta? Pouco importa se de raiz, se moderno, se swingado. Ela canta samba bom, e pronto. Essa ótima intérprete lançou há pouco o ótimo CD E Toda Dor Que Sofri Será Uma Canção, o mote do show único que vai ser realizado por ela no Rio de Janeiro no dia 16 (quarta-feira) às 20h no Centro Cultural Carioca (CCC) (rua do Teatro, 37- Centro- fone 0xx21-2252-6468), com entrada a R$ 20,00.

O mais recente CD de Simone Lial contou com a produção de Fernando Brandão e um repertório que traz composições de dois nomes novos no cenário da MPB, Leo e Maurício Maturo. Uma das faixas do álbum, Dor Demais, está obtendo boa execução nas rádios cariocas que abrem espaços para o samba. O trabalho foi lançado pelo selo Alujá.

Além de canções do álbum, como a já citada Dor Demais e outras tão bacanas quanto (como Exaltação à Mulher e Um Amor Tão Delicado), o show terá também releituras de clássicos do samba de autores como Martinho da Vila e Luiz Carlos da Vila, além de algumas conhecidas pelas gravações do Grupo Fundo de Quintal. Participam da festa João Cavalcanti(do badalado grupo Casuarina) e Lucio Sanfilippo.

Dor Demais– Simone Lial:

Um Amor Tão Delicado– Simone Lial:

Exaltação à Mulher– Simone Lial:

Kuarup relança em CD álbum inicial de Paulinho da Viola

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Por Fabian Chacur

Em 1966, Paulinho da Viola tinha 24 anos e era um jovem iniciante no mundo do samba, embora já com muita moral. Ao lado do mais experiente Elton Medeiros, na época com 36 anos, ele gravou seu primeiro álbum, que saiu como Na Madrugada e dois anos depois, em 1968, como Samba na Madrugada. Longe das lojas há 14 anos no formato CD, ele acaba de ser relançado pela Kuarup em edição caprichada, com direito a encarte luxuoso contendo ficha técnica, letras e tudo o mais.

Samba na Madrugada traz 11 faixas, sendo duas delas pot-pourrys, e mescla composições de Paulinho e de Elton. Eles cantam de forma separada, acompanhados por um time afiado composto por Dino Sete Cordas (violão de 7 cordas), Raul de Barros (trombone), Copinha (flauta), Canhoto (cavaco) e os ritmistas Gilberto, Luna e Jorge, além de Paulinho no violão e Elton na característica percussão na caixa de fósforo.

Consta que as gravações do álbum foram realizadas em apenas uma noite, e o clima informal e solto das faixas dá essa impressão. Paulinho ainda se mostra um pouco tímido nos vocais, embora já dando mostras do brilho artístico que consolidaria não muito tempo depois, enquanto o mais experiente Elton deita e rola, ora em sambas românticos, ora em momentos mais rítmicos.

O repertório do álbum é muito bom, com direito a 14 Anos, um dos primeiros clássicos de Paulinho da Viola que ele canta em shows até hoje (leia resenha de show realizado por ele em São Paulo em novembro aqui), Momento de Fraqueza (outro golaço dele) e as lindas (de Elton) O Sol Nascerá (inspiradíssima parceria com Cartola) e Sol da Madrugada.

O encarte também inclui belo texto do produtor cultural e letrista Hermínio Bello de Carvalho. Mais um importante resgate feito pela Kuarup, prova de que é possível unir um trabalho viável em termos comerciais sem se descuidar do quesito importância cultural. E bem importante pelo fato de Paulinho da Viola não lançar um novo CD de inéditas há quase 20 anos, sendo uma forma de saciar a sede de seus inúmeros fãs por trabalhos bacanas dele.

14 Anos– Paulinho da Viola:

Alô Alô- Sol da Madrugada– Paulinho da Viola- Elton Medeiros:

Momento de Fraqueza– Paulinho da Viola:

Paulinho da Viola encanta em seu lindo show em São Paulo

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Por Fabian Chacur

Paulinho da Viola é o mestre zen do samba. Sempre tranquilo, sábio e simpático, o cantor, compositor e músico carioca chega nesta quinta-feira (12) aos 73 anos em excelente forma. Se ele é o aniversariante, na noite de ontem (11) quem ganhou o presente foi o púbico que lotou o Teatro Bradesco (SP) durante seu mais do que excelente show. Uma aula de boa música.

Foram quase duas horas de apresentação, iniciadas no estilo voz e violão com 14 Anos, uma de suas primeiras composições. Depois, o artista teve o apoio de uma banda composta por oito músicos, que se alternavam conforme a necessidade de cada música. Na parte final, tivemos a participação da ótima cantora Beatriz Rabello, que é parte integrante do clã do desencanado astro carioca.

O show teve um clima bem intimista, embora em vários momentos o ritmo convidasse à dança. Simples e informal, Paulinho contou vários e deliciosos “causos” sobre sua carreira e seus colegas de música. Cantou algumas músicas não tão conhecidas do público (embora ótimas), entremeadas com hits como Pecado Capital, Dança da Solidão e Argumento, algumas inseridas em pot-pourrys matadores.

Além do samba, o repertório investiu bastante em chorinho, ritmo pelo qual o artista admitiu ser seu preferido e o qual ouve desde criança, e também em alguns momentos experimentais, como a instrumental Inesquecível (tocada por dois músicos da sua ótima banda) e a icônica Sinal Fechado. Esta última integrou o bis, ao lado de Eu Canto Samba. Teve também as espetaculares Bebadosamba e Rosa de Ouro. Uau!

Com a voz ótima e se dividindo entre violão e cavaquinho com destreza, Paulinho domina o palco com classe, sem apelações e com um carisma simplesmente irresistível. Lógico que faltaram inúmeros de seus sucessos no repertório, mas diante da excelência do material que nos foi apresentado, como reclamar? E, no final, o público cantou um entusiástico parabéns a você antecipado para esse artista genial.

Bebadosamba– Paulinho da Viola:

Eu Canto Samba (ao vivo)- Paulinho da Viola:

Pecado Capital– Paulinho da Viola:

Caixa de luxo reúne boa parte da obra de Zeca Pagodinho

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Por Fabian Chacur

Um dos gêneros mais populares da nossa música, o samba possui algumas unanimidades. Das gerações surgidas a partir dos anos 1980, Zeca Pagodinho é certamente a maior de todas, com aceitação em todas as camadas sociais e faixas etárias. Como forma de marcar uma carreira repleta de sucessos, a Universal Music acaba de lançar Partido Alto, luxuosa caixa com 20 CDs que dá uma bela geral nessa trajetória.

A discografia completa do Zeca tem 27 itens, incluindo CDs de carreira, ao vivo e coletâneas especiais temáticas. Ficaram de fora da caixa sete álbuns: os dois lançados pela RGE (Zeca Pagodinho-1986 e Patota do Cosme-1987), três dos seis lançados pela BMG (Pixote-1991, Um dos Poetas do Samba-1992 e Alô Mundo-1991), o projeto O Quintal do Zeca (2012, no qual seus compositores favoritos são os intérpretes e no qual ele só canta uma música) e o recém-lançado Ser Humano (2015).

Além de 19 álbuns de carreira em suas versões originais em embalagens convencionais, a caixa também nos oferece uma compilação inédita, Com Passo de MPB, que inclui 18 faixas que nunca fizeram parte de um dos trabalhos do sambista, oriundos de parcerias com artistas como Erasmo Carlos, O Rappa, Beth Carvalho, Chico Buarque e Hebe Camargo e também em participações em songbooks de artistas como João Bosco e Chico Buarque.

Além da belíssima embalagem, o pacote conta com um livreto que dá detalhes sobre cada um dos discos, faixa a faixa. Trata-se de um belo mergulho na carreira desse cantor e compositor carioca nascido em 4 de fevereiro de 1959, que começou a ficar conhecido ao ser gravado em 1983 por Beth Carvalho, Grupo Fundo de Quintal e Alcione. Em 1985, participou como intérprete e autor da coletânea Raça Brasileira, um grande sucesso de vendas.

Seu primeiro álbum solo, autointitulado, chegou às lojas em 1986. Desde então, Zeca consolidou sua carreira com um trabalho com sólida base nas raízes do samba, sempre aberto aos novo autores mas sem nunca cair em um comercialismo barato ou em apelação. Como ele mesmo me disse em uma entrevista, “sei falar com o povão e com os bacanas”. E sabe mesmo. Além de ter muito carisma, boa voz e uma simpatia que o tornaram a unanimidade que é no meio musical.

Lógico que para quem coleciona a obra de Zeca esta caixa acaba sendo supérflua, pois o obrigaria a comprar de novo 19 álbuns que já tem por causa de uma única coletânea. Mas para quem possui apenas alguns ou mesmo nenhum, é o tipo da compra interessante, apesar do preço médio de R$ 459,00 não ser exatamente uma barganha. Partido Alto é a prova concreta de que dá para se fazer uma obra ao mesmo tempo popular e de alta qualidade artística.

Acústico Mtv- Zeca Pagodinho (veja o DVD em streaming):

Ao Vivo (1999)- Zeca Pagodinho (CD na íntegra em streaming):

Samba Pras Moças (1994)- CD na íntegra em streaming:

Grupo Galocantô homenageia Luiz Carlos da Vila em shows

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Por Fabian Chacur

O grupo carioca Galocantô faz neste domingo (4) a partir das 17h na Lona Cultural João Bosco- Vista Alegre (avenida São Felix, 601-Parque Orlando Bernardes-RJ)um show que marcará a gravação de seu primeiro DVD. Intitulado Galocantô Canta Luiz Carlos da Vila- Kizomba A Festa da Raça, o espetáculo tem ingressos a R$ 20,00 e R$ 10,00 (meia) e contará com participações especiais de Wilson das Neves, Dudu Nobre, Dorina, Bira da Vila, Gabrielzinho do Irajá, Renato da Rocinha e Mingo Silva.

O primeiro DVD do grupo que está na estrada desde 2007 deverá ter no repertório 23 composições de Luiz Carlos da Vila (1949-2008), um dos grandes nomes do samba a partir dos anos 1970 e integrante da geração que também nos proporcionou feras como Arlindo Cruz, Zeca Pagodinho e Jorge Aragão, entre outros. Ele é coautor de clássicos do samba como Kizomba- A Festa da Raça, O Sonho Não Acabou, O Show Tem Que Continuar e Além da Razão, entre muitos outros.

O Galocantô voltará à Lona Cultural João Bosco- Vista Alegre no dia 10 de outubro (sábado) a partir das 16h. Eles tem agenda marcada para São Paulo, nos dias 30 e 31 de outubro no bar Traço de União, em São Paulo, e também nos dias 5 e 6 de novembro, desta vez em Fortaleza, Ceará. Em seu repertório, hits das novas rodas de samba, entre os quais Galão de Xerém, Pão Que Alimenta e Vara de Família.

Ouça em streaming o CD Fina Batucada, do Grupo Galocantô:

Vara de Família– Grupo Galocantô:

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