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Por Fabian Chacur

Sergio Augusto Bustamante é, acima de tudo, um grande personagem. Poucos roteiristas seriam capazes de conceber uma trajetória tão fascinante e cheia de idas e vindas quanto as vividas na realidade por este cantor e compositor carioca, mais conhecido pelo nome artístico Serguei. Enfim essa vida, louca vida ganhou um documentário, o genial Serguei, O Último Psicodélico (2017), que o Canal Brasil está exibindo em dezembro. Para quem ainda não viu, o canal a cabo programou o filme para os dias 27 (quinta) às 8h20 e 30 (domingo) às 5h10. Absolutamente essencial.

Com 1h55 minutos de duração, o documentário dirigido por Ching Lee e Zahy Tata Pur’gte mergulhou fundo no seu tema, com direito a raras cenas de programas de TV (algumas em condições não muito ideais em termos técnicos, mas valendo pela raridade) e deliciosas entrevistas com o próprio cantor e pessoas que conviveram ou convivem com ele, um saco de gatos que inclui Erasmo Carlos, Alcione, Angela Maria, Michael Sullivan, Ney Matogrosso e Sylvinho Blau Blau, só para citar alguns.

Nascido em 8 de novembro de 1933, Serguei trabalhou em banco e foi comissário de bordo antes de mergulhar de vez no mundo artístico, isso quando já havia passado dos 30 anos. Ousado, usava roupas transgressivas e primava pela irreverência, isso em plena Ditadura Militar. Seu carisma o levou a participar em mais de 20 ocasiões do Programa Flávio Cavalcanti, cujo apresentador era um conservador de marca maior, mas que não rasgava notas de 100 dólares. Ele sabia que aquele maluquete dava audiência, e muita.

Das inúmeras pessoas com quem manteve amizade e relacionamentos afetivos, Janis Joplin foi de longe a mais importante, e essa passagem bacana de sua vida é muito bem enfocada no documentário, com direito a um surpreendente depoimento de Alcione, que na época (1970) cantava na noite e presenciou o dueto de Serguei e a cantora americana no palco de uma boate carioca. Fotos bem bacanas de arquivo também ilustram essa parte, assim como depoimentos do onipresente Nelson Motta.

Lógico que a música marca presença, e temos a oportunidade de ouvir várias interpretações deste roqueiro de corpo e alma, que gravou muito menos do que merecia nesses anos todos. Os incríveis singles As Alucinações de Serguei (1967) e Eu Sou Psicodélico (1968) e a versão Rolava Bethânia (Roll Over Beethoven, de Chuck Berry) são destaques, assim como suas releituras de Summertime e Move Over, cavalos de batalha de Janis Joplin.

Aos 85 anos de idade, Serguei conseguiu ver o seu trabalho venerado neste belo documentário, que tem como marcas a irreverência, a busca pelos detalhes e a abrangência de mostrar um pouco de tudo o que esse cara viveu nesse tempo todo, incluindo suas participações no Rock in Rio, a gravação de um LP pela BMG em 1991 com produção de Michael Sullivan e muito mais. Nada melhor do que receber as flores em vida, e Serguei, O Último Psicodélico é exatamente isso. Toca, toca, toca rock and roll!!!

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Veja o trailer de Serguei, O Último Psicodélico: