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Nile Rodgers volta a trabalhar com a cantora Sheila B Devotion

sheila b devotion e nile rodgers

Por Fabian Chacur

Além do fantástico trabalho feito com seu próprio grupo, o Chic, o genial Nile Rodgers traz como marca as inúmeras colaborações bacanas com outros artistas. Em 1980, por exemplo, ele produziu e compôs o repertório do álbum King Of The World, da cantora francesa Sheila (na época conhecida como Sheila B Devotion). Pois agora, 41 anos depois, eles voltam a trabalhar juntos em uma das faixas do novo álbum da estrela pop da terra de Charles Aznavour, Venue D’Ailleurs, infelizmente sem previsão de lançamento no Brasil.

Intitulada Law Of Attraction, a música é um petardo dançante, composto por Nile (que se incumbe de sua marcante guitarra rítmica) em parceria com Jerry Barnes, Melissa Sanley e Alex Forbes. O álbum também traz outra participação ilustre, a do cantor e baixista Jason Scheff, que integrou o grupo Chicago entre 1985 e 2016 ocupando a vaga de Peter Cetera.

A nova parceria de Sheila e Rodgers é uma boa sucessora da faixa mais destacada do álbum King Of The World, a simplesmente espetacular Spacer (ouça aqui), uma das melhores composições do guitarrista com seu saudoso parceiro de Chic, o não menos brilhante Bernard Edwards.

Annie Chancel ganhou o seu nome artístico em 1963 ao gravar uma versão em francês do hit Sheila, do americano Tommy Roe. Ela começou a gravar em inglês em 1977, e antes da parceria com Nile Rodgers emplacou hits nas pistas de dança com a releitura disco de Singin’ In The Rain (interpretada por Gene Kelly em 1952 no filme Cantando na Chuva) e a quase roqueira You Light My Fire, ambas com boa repercussão no Brasil.

Vale o registro: quando começou a cantar em inglês, Sheila inicialmente se valeu de um trio de dançarinos que se intitulava B Devotion. Especialmente na França, seus discos eram creditados a Sheila & B Devotion, mas na maioria dos outros países (incluindo o Brasil) seu nome aparecia como Sheila B Devotion, como se fosse um sobrenome.

Law Of Attraction– Sheila feat Nile Rodgers:

Coletânea é aperitivo da The Chic Organization

Por Fabian Chacur

Um dos grandes fatos ocorridos em 2013 foi seguramente a volta de Nile Rodgers às paradas de sucesso, tocando uma excepcional guitarra rítmica nos hits Move Yourself To Dance e Get Lucky do duo Daft Punk. Lógico que esse fato gerou um novo interesse em torno de sua obra dos anos 70 e 80, e a coletânea Nile Rodgers Presents The Chic Organization Up All Night, lançada pela Warner no Brasil, chega para suprir essa lacuna, o que faz até certo ponto.

Up All Night reúne 25 faixas distribuídas em dois CDs. O repertório traz nove faixas do Chic, grupo liderado por Nile Rodgers (guitarra) e Bernard Edwards (baixo), e outras produzidas por eles para outros artistas, como o grupo Sister Sledge, Carly Simon, Debbie Harry, Sheila & B.Devotion e Diana Ross, entre outros, nas quais eles também se incumbiram da parte instrumental e vocal. Serviço completo e feito com rara categoria.

O critério seguido na seleção das faixas privilegia as mais dançantes, incluindo sempre ou as versões completas ou os remixes, deixando de lado as edições com menor duração feitas especialmente para os singles que tocavam nas rádios e eram lançadas na época no formato compacto simples de vinil. Ou seja, o colecionador irá encontrar aqui as raras versões longas que só tocavam nas discotecas e eram comercializadas apenas em hoje raríssimos singles de vinil no formato de LPs.

O repertório é muito bom, trazendo os maiores sucessos do Chic (como Le Freak, Good Times e Everybody Dance), do quarteto vocal Sister Sledge (We Are Family e Lost In Music, por exemplo) e também maravilhas como o delicado reggae eletrônico Why, com Carly Simon, a sacudida Spacer, com Sheila & B. Devotion, e as endiabradas I’m Coming Out e Upside Down, com Diana Ross.

Dois momentos menos bem-sucedidos da obra de Rodgers/Edwards também estão aqui, as faixas I Love My Lady, com Johnny Mathis (gravada em 1981 e mantida nos arquivos da gravadora durante décadas) e Your Love Is Good (com Sheila & B. Devotion), prova de que até mesmo gênios dão suas vaciladas. Não são faixas desprezíveis, mas estão bem abaixo do alto nível geral deles nessa fase áurea nos anos 70 e 80.

Outro detalhe importante a ser apontado é que só a faceta mais dançante da Chic Organization aparece aqui, deixando de lado momentos instrumentais maravilhosos como São Paulo, Savoir Faire e Funny Bone, sensuais como A Warm Summer Night e românticos até a medula do naipe de Will You Cry (When You Hear This Song) e At Last I Am Free. São faixas realmente essenciais de um grupo genial que você precisa conhecer.

Além de Nile e Bernard, que eram os compositores e arranjadores, o grupo abrigou em suas fileiras nos anos 70 e 80 gente talentosa do gabarito de Luther Vandross, Alfa Anderson, Norma Jean Wright (que tem duas gravações solo bacanas, High Society e Saturday, incluídas em Up All Night), Tony Thompson e Fonzi Thornton, colaboradores que tornaram o som do Chic uma rara e divina experiência musical.

Up All Night é uma compilação indicada para o colecionador, que enfim terá aquelas gravações extended tão difíceis de serem encontradas, além de ser uma boa iniciação ao novato em termos de Chic Organization. Mas não se iluda: mesmo com 25 faixas, temos aqui apenas a ponta de um iceberg repleto de momentos memoráveis. O som da Chic Organization vicia, e isso pode ocorrer logo após você ouvir essa coletânea dupla, que ainda traz um belo texto em seu simples, porém simpático encarte.

Ouça Why, com Carly Simon, versão incluída em Up All Night:

Ouça Spacer, com Sheila & B. Devotion, versão incluída em Up All Night:

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