peter green-400x

Por Fabian Chacur

Se o blues foi criado nos EUA por geniais músicos locais, também é fato que este seminal gênero musical só foi resgatado e tomou proporções mundiais graças a uma série de músicos britânicos nos anos 1960, período em que o americano pouco ou nada o valorizava. Entre os principais nomes deste revival temos o cantor, compositor e guitarrista britânico Peter Green, cofundador do Fleetwood Mac, que nos deixou neste sábado (25) aos 73 anos de causas naturais, segundo informação de seus advogados.

Filho de judeus radicados na Inglaterra, Peter Allen Greenbaum nasceu em 29 de outubro de 1946 em Bethnal Green, Londres. Ele tocou em pequenas bandas e aos poucos aprimorou sua performance na guitarra e vocais a ponto de ser convidado para substituir Eric Clapton em 1966 no grupo John Mayall & The Bluesbreakers, um dos mais importantes da cena britânica de blues. Lá, conheceu o baixista John McVie e o baterista Mick Fleetwood.

Após gravar com a banda o álbum A Hard Road (fevereiro de 1967), no qual incluiu duas composições de sua autoria (The Same Way e The Supernatural) e participar de mais algumas gravações com eles, resolveu que havia chegado a hora de montar a sua própria banda, e convidou, além de Mick Fleetwood, o guitarrista Jeremy Spencer e o baixista Bob Brunning.

Com o amigo John McVie (que também saiu dos Bluesbreakers) na vaga de Brunning, este novo grupo, o Fleetwood Mac, rapidamente se mostrou com muito poder de fogo. O álbum de estreia, autointitulado (que alguns apelidaram de “o LP da lata de lixo”, por causa da capa) e lançado em 1968, mesclava releituras de clássicos do blues como Shake Your Money Maker (Elmore James) a composições de Peter Green como Looking For Somebody.

O sucesso no Reino Unido lhes valeu o 4º lugar na parada de sucessos local. O público ficou fissurado na ótima voz e nas vigorosas frases de guitarra de Green, muito bem assessorado por seus colegas. Os álbuns Mr. Wonderful (1968) e Then Play On (1969) ajudaram a solidificar esse prestígio.

Green se mostrou um compositor de mão cheia, mesclando blues, rock e até elementos de jazz e música latina, proporcionando à banda canções que se tornariam clássicas do blues britânico, como Black Magic Woman (regravada por Santana no álbum Abraxas, de 1970), Oh Well (regravada por Joe Jackson em 1991 no CD Laughter And Lust), The Green Manalish (relida pelo Judas Priest em 1978 no LP Killing Machine), a instrumental Albatross e Rattlesnake Shake, só para citar algumas das mais marcantes de um belo repertório.

Aí, em 1970, quando o grupo se preparava para ampliar seus horizontes e tentar conquistar o mercado americano, o consumo excessivo de drogas, em especial o LSD, levou Green a deixar a banda, após ter ficado um tempo em uma comunidade alternativa na Alemanha. Era o início de anos bem difíceis.

Os primeiros tempos fora da banda que o consagrou até pareciam promissores, com direito a gravações com B.B. King e o lançamento de seu primeiro álbum solo, The End Of The Game (1970). A coisa se complicou quando ele foi diagnosticado com esquizofrenia. Ele ainda participou de forma pequena e não creditada em dois álbuns do Fleetwood Mac, Penguin (1973) e Tusk (1979).

A partir do fim dos anos 1970, foi aos poucos retornando, lançando sete álbuns solo. Sua melhor fase foi quando montou o Peter Green Splinter Group, que se manteve ativo entre 1997 e 2004, com oito álbuns no currículo e inúmeros shows. Ele também participou do disco The Visitor (1981), de Mick Fleetwood, e de trabalhos de Peter Gabriel, Richard Kerr e Country Joe McDonald, e entrou para o Rock And Roll Hall Of Fame com o Fleetwood Mac em 1998.

Oh! Well(ao vivo em 1969)- Fleetwood Mac: