Por Fabian Chacur

Não gosto da postura de algumas pessoas da minha geração (que se aproxima dos 50 anos de idade) em apostar no saudosismo puro. Não acreditar em novos artistas de qualidade é viver do passado o tempo todo. Péssima opção.

Se curto imensamente artistas “das antigas”, como dizem por aí, nunca fecho os meus ouvidos para os novos valores. Dar a eles o benefício da dúvida é algo imprescindível. E o grupo escocês Franz Ferdinand é bom exemplo.

Com menos de dez anos de estrada e três álbuns apenas no currículo, o quarteto liderado pelo carismático cantor e guitarrista Alex Kapranos esbanja aqueles elementos que fazem um grupo de rock seminal.

Energia é o que não falta em seus shows, como pude conferir na noite da última terça-feira (23) na Via Funchal, em São Paulo. Os caras se entregam, devolvendo em suor, garra e dedicação cada centavo pago pela enorme plateia presente.

A fórmula utilizada pelos britânicos é uma mistura de elementos do rock de várias épocas, especialmente do som de XTC do começo, Devo, Gang Of Four e Talking Heads (também de sua fase inicial), bandas pós-punk que surgiram no final dos anos 70.

Riffs diretos e pegajosos de guitarra, refrãos contagiantes e forte apelo dançante que os elementos de electro ajudam a ressaltar. O resultado soa moderno, criativo, potente e original.

Kapranos e sua turma ganharam o público logo ao entrar no palco, às 22h19. Não tiveram medo de tocar seus três principais hits na primeira metade do show, entre os quais as infernais Do You Want To e Take Me Out.

Afinal, pra que medo, se eles tocam cada música com a mesma vibração, contagiando o público do mesmo jeito? A performance da banda foi uma celebração ao espírito de liberdade e entrega do melhor rock and roll.

No final do show (antes do bis), eles fizeram uma coisa incrível. A bateria foi colocada na frente do palco, e os quatro passaram a tocar apenas percussão, sem perder um único compasso da música que executavam e levando todos à loucura. Essa eu nunca vi em um show. Isso, após uma hora e 10 minutos. E ainda teve um ótimo bis.

Se quiserem, os quatro integrantes do Franz Ferdinand logo farão shows em estádios e seguirão a mesma trajetória de Rolling Stones, U2 e outras bandas desse mesmo calibre. E Alex Kapranos ainda esbanja carisma e simpatia, ele que, surpreendentemente, tem 38 anos, embora aparente bem menos.