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Chico Chico lança versão voz e violão do hit Maria Bethânia

chico chico capa do single

Por Fabian Chacur

O Chicão cresceu, assumiu o nome artístico de Chico Chico e tem mostrado que não nega seu DNA. Para quem não se lembra, ele é filho de dois saudosos nomes da nossa música, a grande Cássia Eller e o também brilhante baixista Tavinho Fialho. Seu mais recente lançamento é uma releitura de Maria Bethânia, clássico do repertório de Caetano Veloso de 1971, com clipe já disponibilizado nas plataformas digitais.

No melhor estilo voz e violão de cordas de aço, Chico Chico imprime à belíssima canção em inglês, lançada em um sublime álbum que Caetano gravou durante seu exílio na Inglaterra e uma espécie de carta musical à sua irmã, uma forte acentuação de blues, com resultado bastante interessante.

A regravação faz parte do projeto Vale a Pena Gravar de Novo, que celebra os 20 anos do selo fonográfico Astronauta e traz releituras de clássicos da nossa música. A idealização, produção e direção artística ficaram a cargo de Leonardo Rivera, com engenharia de áudio de Pedro Garcia. As gravações ocorreram no bairro de Santa Tereza, no Rio de Janeiro, no estúdio Cantos do Trilho.

Com 26 anos de idade, Chico Chico apareceu com destaque durante o show de sua mãe no Rock In Rio em 2001, durante a incendiária releitura que ela fez de Smells Like Teen Spirit, sugestão do garoto, por sinal. Desde 2015 com o novo nome, ele participou de discos de Ana Cañas e Gastão Villeroy.

Além disso, participou dos grupos 2×0 Vargem Alta, com a qual lançou em 2015 um álbum autointitulado, e mais recentemente do 13.7. Ele voltou ao Rock In Rio em outubro deste ano, no espaço Ford, marcou presença em show ao lado de integrantes das bandas Fresno, NX Zero, Cachorro Grande e Vanguart, cantando músicas como Sujeito de Sorte, de Belchior, e Lithium, do Nirvana.

Maria Bethânia (clipe)- Chico Chico:

Violões mostra essência do furacão Cássia Eller

Por Fabian Chacur

Em 1990, minha amiga Regina Estela Vieira, então assessora de imprensa da Polygram, convidou-me para ver o show de uma cantora que aquela gravadora havia contratado e cujo disco de estreia sairia em breve.

Nunca irei me esquecer do impacto que tive ao ouvir aquela moça, no esquema violão e voz, me arrancar arrepios ao interpretar com sutileza e emoção a música Por Enquanto, momento brilhante de um compositor que detesto (Renato Russo) e primeira música executada naquela noite histórica.

A banda de apoio entrou em seguida, e a performance completa (no infelizmente extinto teatro do hotel Crowne Plaza, em São Paulo) foi bem bacana, e me deixou com grandes expectativa do que viria adiante na carreira daquela intérprete, de nome Cássia Eller.

Tive a oportunidade de entrevistá-la algumas vezes, e nem é preciso dizer que fiquei extremamente chocado com o seu fim prematuro, naquele lamentável 29 de dezembro de 2001, aos 39 anos.

O DVD Violões, que a Universal Music acaba de lançar, fez com que eu imediatamente me lembrasse daquele show no Crowne Plaza, pois inclui Por Enquanto naquele formato despido, em interpretação próxima daquela que me emocionou tanto.

Violões tem como base um especial gravado para a TV Cultura de São Paulo em 1996, no qual Cássia é acompanhada apenas por Luce Nascimento (violão) e Walter Villaça (violão e baixo).

Ao contrário, portanto, do Acústico MTV (2001) da cantora, no qual ela tinha a seu lado inúmeros músicos. Aqui, a coisa é bem minimalista, mesmo, em termos instrumentais. Só temos a essência. E o resultado ficou excepcional.

As 14 faixas equivalem a um mergulho na alma eclética de Cássia Eller, que não se prendia a um único estilo musical, embora seu acento fosse sempre roqueiro. Temos de tudo, e sempre bem feito.

Rock em Malandragem, folk em Metrô Linha 743 e E.C.T., funk em Rubens, blues em Blues da Piedade, samba em Na Cadência do Samba, balada em Lanterna dos Afogados, forró em Coroné Antonio Bento

Cássia Eller era um vulcão em eterna ebulição no palco, e esse show serve como um bom registro de como a moça cantava bem, aliando potência, sutileza e muita entrega, como sua releitura do clássico da soul music Try a Little Tenderness (do eterno Otis Redding) prova com maestria.

Na seção de extras, temos três músicas adicionais registradas em passagens da moça por programas da TV Cultura, duas em 1990 (Eleanor Ribgy e Não Sei o Que Eu Quero da Vida) e uma em 1999 (Gatas Extraordinárias).

Também foram incluídas as entrevistas realizadas nessas duas ocasiões listadas acima, na qual a timidez simpática da intérprete surge nítida.

Curiosidade: no programa de 1990, o baixista da sua banda era Tavinho Fialho, que tocou com Caetano Veloso e, para quem não sabe, é o pai de Chicão, o único filho de Cássia Eller. O músico faleceu em um acidente, nos anos 90.

Violões é muito mais do que apenas outro lançamento póstumo feito com o objetivo de caçar uns níqueis fáceis. Muito mais. Aliás, pode ser considerado um dos melhores lançamentos em DVD do ano. Faz falta essa moça…

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