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Robbie Robertson, 80 anos, um dos integrantes do The Band

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Por Fabian Chacur

The Band foi uma das bandas mais incríveis e seminais da história do rock. Em sua fase áurea, entre 1968 e 1977, produziu um trabalho consistente, sólido e no qual seus 5 integrantes tinham participação ativa. Nesta quarta-feira (9), perdemos mais um deles, o guitarrista e principal compositor, Robbie Robertson. Ele nos deixou aos 80 anos, vítima de uma doença não revelada por seu empresário, Jarred Levine.

Nascido em Toronto, Canadá, em 5 de julho de 1943, Robertson foi uma espécie de menino prodígio do rock. Aos 16 anos, não só já integrava a banda de apoio do roqueiro americano radicado no Canadá Ronnie Hawkins como ainda tinha duas músicas gravadas por ele. E esse grupo de apoio acabou sendo o berço do que viria a ser o The Band.

Após deixar Hawkins para tentar a própria sorte, a partir de 1964, o grupo se envolveu com ninguém menos do que Bob Dylan, acompanhando-o com variações na formação entre o fim de 1965 e meados de 1966 no início da fase mais roqueira daquele artista. Em 1967, Dylan se recuperou de um grave acidente de moto e eles gravaram juntos músicas que só seriam lançadas oficialmente em 1975 no seminal álbum The Basement Tapes.

Poucos grupos poderiam usar um nome tão aparentemente arrogante, The Band (a banda), sem soar como pretensiosos, e esse quinteto podia se dar a esse luxo sem sustos. Além de Robbie, que era o guitarrista e seu principal compositor, tínhamos um talentoso multi=instrumentista, Garth Hudson (agora, o único do grupo ainda entre nós) e três grandes vocalistas e músicos.

Levon Helm (1940-2012), o único norte-americano do time, tinha uma voz mais áspera, além de tocar bateria. Rick Danko (1942-1999), o baixista, era o rei das harmonizações vocais, e Richard Manuel (1943-1986) tinha uma linda voz e também tocava piano.

Juntos, eles criaram uma sonoridade que poderia ser definida de forma muito abrangente por country soul, pois mistura de forma extremamente original rock, soul music, country, folk e música americana tradicional. Nas composições de Robertson, ele usava temas como religiosidade, fé e as culturas americana e canadense.

Quando Music From Big Pink saiu, em 1968, conquistou rapidamente a crítica especializada, o público e os colegas músicos, especialmente gente do gabarito de Eric Clapton e George Harrison, trazendo músicas marcantes como The Weight, que virou uma espécie de cartão de visitas do grupo, além de ter sido incluída em várias trilhas de filmes.

Além de gravar as músicas de Robertson, The Band também registrou várias músicas de Bob Dylan e fez alguns covers muito bacanas em seus anos de ouro. Eles ainda arrumaram tempo para uma nova parceria com o autor de Blowin’ In The Wind em 1974, que rendeu um álbum de estúdio, Planet Waves, e um ao vivo simplesmente espetacular, Before The Flood.

Em 1976, Robertson decidiu que havia chegado a hora de sua banda encerrar a sua trajetória, não sem antes realizar um último show, registrado por Martin Scorsese e gerando o excelente filme The Last Waltz (1978- exibido no Brasil como O Último Concerto de Rock).

Como legado, deixaram álbuns incríveis como o já citado Music From Big Pink e também pelo menos The Band (1969), Stage Fright (1970) e outro álbum ao vivo simplesmente matador, Rock Of Ages (1972). Se bem que qualquer um dos discos desse período merece ser ouvido com carinho, pois são todos no mínimo ótimos.

Das composições de Robbie Robertson gravadas pelo The Band, podemos citar como exemplos de excelência maravilhas do naipe de Chest Fever, Acadian Driftwood, Up On Creeple Creep, The Shape I’m In, The Night They Drove Old Dixie Down e Rag Mama Rag, só pra começo de conversa. Ouça essas e tente não querer ouvir muitas outras…

O The Band voltaria à ativa nos anos 1980, mas sem Robbie Robertson, que preferiu se dedicar à carreira-solo, compondo trilhas incidentais para diversos filmes de Martin Scorsese, entre os quais The Colour Of Money (A Cor do Dinheiro-1987), que emplacou o hit It’s In The Way That You Use It, interpretado por seu parceiro nesta composição, Eric Clapton.

Robertson lançou discos solo muito elogiados pelos críticos e com resultados comerciais aceitáveis, como Robbie Robertson (1987- com participações de U2 e Peter Gabriel), Storyville (1991) e How To Become a Clayrvoyant (2011), este último com participações de Eric Clapton, Steve Winwood, Trent Reznor e Tom Morello e atingindo o 13º posto nos EUA, sua melhor performance fora do The Band.

The Weight (ao vivo em Woodstock)- The Band:

The Revivalists lançam nova e ótima versão de You Said It All

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Por Fabian Chacur

The Revivalists é uma banda oriunda da icônica cidade de Nova Orleans, onde surgiu em 2007. Seu nome não foi escolhido por acaso, pois sua sonoridade sólida e swingada remete ao rock com elementos de soul music de bandas dos anos 1960 e 1970 como The Band. Eles acabam de divulgar uma bela releitura de seu hit You Said It All, registrada no Fame Studio, de Muscle Shoals, Alabama, onde gravaram astros do porte de Aretha Franklin, Wilson Pickett, The Rolling Stones e Alicia Keys.

You Said It All foi lançada originalmente em 2018 no quarto e mais recente álbum deles, Take Good Care (ouça essa versão aqui), e surge agora em uma versão um pouco mais balançada e quente. Esse álbum traz outro petardo, a excelente faixa Otherside of Paradise (ouça aqui).

O grupo americano é quase uma família, pois tem um número grande de integrantes. São eles David Shaw (vocal), Ed Williams (guitarra), Zack Feinberg (guitarra), Rob Ingraham (sax), George Gekas (baixo), Andrew Campanelli (bateria e percussão), Michael Girardot (teclados e trompete) e Paulet PJ Howard (bateria e percussão). Eles são muito bons ao vivo (veja o registro de um de seus shows aqui).

You Said It All (clipe nova versão)- The Revivalists:

Documentário mostra o genial Levon Helm

Por Fabian Chacur

A distribuidora Kino Lorber lançará nos EUA no dia 8 de outubro de 2013 nos formatos DVD e Blu-ray o documentário Ain’t it For My Health: A Film About Levon Helm. Dirigido por Jacob Hatley, trata-se de um filme sobre o saudoso e genial baterista, cantor e compositor americano Levon Helm (1940-2012), um dos integrantes da seminal banda americana The Band.

O documentário traz cenas registradas por seus produtores durante quase três anos, entre 2007 e 2010, quando Helm, mesmo lutando contra um câncer na garganta que quase levou de vez a sua voz, conseguiu se recuperar o suficiente para lançar os álbuns solo Dirt Farmer (2007) e Electric Dirt (2009), que lhe renderam boas vendagens, troféus Grammy e grande reconhecimento por parte de crítica e público.

O músico americano é flagrado em sua casa, tocando e se relacionando com amigos como o ator e cantor Billy Bob Thornton e com a filha Amy, com quem começou a recuperação de voz fazendo backing vocals, inicialmente, para depois retomar os microfones. Também foram utilizadas cenas de arquivo registrando o artista em seus tempos de The Band, no mítico Festival de Woodstock em 1969 e em participação no Ed Sullivan Show.

Único americano na formação original do The Band, que foi criado no Canadá, Levon Helm se destacou como grande vocalista e um baterista excepcional. Além de atuar no The Band, que viveu o seu auge nas décadas de 60 e 70, ele também teve uma elogiada carreira solo e trabalhou como ator em diversos filmes, entre os quais Coal Miner’s Daughter (1980), cinebiografia da cantora country Loretta Lynn.

Diagnosticado com câncer na garganta em 1998, Levon teve de passar por inúmeras sessões de radiação e sofreu absurdamente, ficando um bom tempo sem poder cantar ou até mesmo falar. Sua luta contra a doença foi valorosa, e mesmo tendo sido finalmente vitimado por ela em 19 de abril de 2012, ele ao menos conseguiu gravar novos discos e ter um fim mais do que digno.

Veja os trailers de Ain’t In It For My Health: A Film About Levon Helm:

Adeus, Levon Helm, ex-The Band, vá em paz!

Por Fabian Chacur

Deus deve estar organizando uma espécie de Rock In Heaven neste momento. Só pode ser. Mais um grande nome desse estilo musical nos deixa. Trata-se de Levon Helm, baterista e vocalista de uma das melhores e mais importantes bandas de rock de todos os tempos, The Band.

Helm morreu aos 71 anos nesta quinta-feira (19), vítima de um câncer na garganta que o atormentava há vários anos, e que inclusive fez a sua voz ficar bem mais rouca do que o habitual. Segundo o site de sua atual gravadora, a Vanguard, ele se foi em paz. Menos mal. Descansou. Chega de sofrimento.

Levon Helm nasceu em 26 de maio de 1940. Americano de nascença, ele se juntou no fim dos anos 50 à banda que acompanhava o cantor de rhythm and blues Ronnie Hawkins no Canadá. E foi naquele país que o The Band surgiu, inicialmente como Levon And The Hawks, em 1963. Um americano e quatro canadenses relendo à sua moda o melhor da música nascida nos EUA.

Além de Helm, o grupo incluía Robbie Robertson (guitarra e composições), Richard Manuel (piano e vocal), Rick Danko (baixo e vocal) e Garth Hudson (órgão). Em 1965, Bob Dylan os conheceu e os tornou sua banda de apoio. No entanto, Helm saiu do grupo no fim daquele ano, voltando apenas em 1967.

O seu retorno coincidiu com a gravação de um dos álbuns mais mitológicos da história do rock, The Basement Tapes, registrado em 1967 mas só lançado oficialmente em 1975, que reuniu Dylan e o então já rebatizado The Band.

Em 1968, o quinteto sentiu ser o momento certo de investir em uma carreira própria, e lançou seu álbum de estreia, Music From Big Pink. Em plena era do psicodelismo e do início do heavy metal, eles propunham um retorno à raízes do blues, country, rock and roll e soul music, gerando uma sonoridade única que eu definiria como country soul.

Canções como The Weight, I Shal Be Released (de Bob Dylan) e Chest Fever fascinaram críticos e também músicos como George Harrison e Eric Clapton, que sempre assumiram a influência que esse novo som teve em suas carreiras a partir dali.

Além da inimitável fusão country-soul-blues-rock, o The Band trazia como arma três vocalistas simplesmente excepcionais, que funcionavam tanto sozinhos como em harmonizações. Helm, Danko e Manuel eram simplesmente impressionantes.

Em 1974, após lançarem álbuns brilhantes como The Band (1969) e Rock Of Ages (1972), o grupo voltou a se reunir com Bob Dylan, em parceria que rendeu o álbum de estúdio Planet Waves e o sublime álbum gravado ao vivo Before The Flood, para mim um dos cinco melhores live albuns de todos os tempos.

Para tristeza dos fãs, o The Band em sua formação original encerrou a carreira em 1976, não sem antes realizar um show antológico do qual participaram Dylan, Ringo Starr e diversos outros amigos. Esse espetáculo virou o documentário The Last Waltz (1978), de Martin Scorsese, verdadeira obra-prima e um dos melhores registros em vídeo da história do rock.

A partir daí, Levon Helm partiu para uma carreira solo que rendeu bons discos, e também passou a atuar como ator. Ele iniciou a nova vertente da carreira em Coal Miner’s Daughter, filme biográfico da cantora country Loretta Lynn que rendeu à atriz Sissy Spacek um Oscar.

Em 1986, o The Band, agora sem Robertson, voltou à ativa, mas naquele mesmo ano Richard Manuel se suicidou. Os remanescentes tentaram outras voltas e até gravaram discos, mas não conseguiram o mesmo impacto dos velhos tempos. E o grupo saiu de vez de cena após a morte de Rick Danko em 1999.

Mesmo com as limitações que o câncer lhe trouxe, Levon Helm se manteve na ativa nos anos 2000, lançando os CDs Dirt Farmer (2007) e Electric Dirt (2009). No finalzinho dos anos 80 do século passado, ele também integrou a All Starr Band, de Ringo Starr, na qual também cantava sucessos do The Band.

Nunca ouviu The Band ou não conhece os caras o suficiente? Vá por mim: comece agora mesmo a mergulhar na obra deles.Um dia você irá me agradecer e muito. Veja três vídeos do grupo e tire suas próprias conclusões.

The Weight, com The Band:

Don’t Do It, com The Band:

Acadian Driftwood, com The Band:

Before The Flood-Bob Dylan/The Band(Asylum/Sony 1974)

Por Fabian Chacur

Em 2011, Bob Dylan completou 50 anos da gravação de seu primeiro álbum, autointitulado. Curiosamente, ele se mantém até hoje na mesma gravadora, a Sony Music, detentora dos direitos do catálogo da antiga CBS, onde o mitológico cantor, compositor e músico americano iniciou sua consagradora trajetória musical.

No entanto, existe um pequeno hiato no meio dessa permanência espantosa. Em 1974, Dylan resolveu não renovar contrato com a CBS e se mandou para o recém-lançado selo Asylum, do também mitológico empresário David Geffen.

A CBS já não punha mais tanta fé no taco de Dylan, enquanto o artista, por sua vez, sentiu que era a hora de respirar novos ares.

O resultado não poderia ter sido melhor. Ele não só lançou o elogiado Planet Waves, curiosamente seu primeiro álbum a atingir o topo da parada americana, como de quebra fez uma turnê histórica acompanhado pelos velhos amigos do The Band.

Before The Flood, álbum duplo lançado no mesmo 1974, traz registros feitos durante alguns dos shows daquela tour, e é um dos melhores álbuns ao vivo da história do rock. Por várias razões.

A primeira: nunca Dylan cantou tão bem e com tanta fúria como neste álbum. Ele parecia querer dar uma lição em quem o considerava uma relíquia empoeirada dos anos 60, além de mostrar para a garotada que ele continuava na ponta dos cascos. E conseguiu com louvor.

Suas interpretações para clássicos como Lay Lady Lay, Like a Rolling Stone, All Along The Watchtower, Knockin’ On Heaven’s Door e Highway 61 Revisited possuem aura de definitivas, o que a alta qualidade técnica dos registros torna ainda mais evidente.

É lógico que a participação do The Band nessa história é essencial. Uma das melhores bandas de rock de todos os tempos e inventora de um estilo que poderia ser definido como folk-country-soul-rock, o quinteto era simplesmente espetacular, ainda mais ao vivo.

Além de acompanhar o mestre, eles também apresentaram alguns de seus hits nos shows, entre os quais as matadoras The Weight, The Night They Drove Old Dixie Down e I Shall Be Released.

Tipo do grupo perfeito: três vocalistas fantásticos (o baterista Levon Helm, o tecladista Richard Manuel e o baixista Rick Danko), um guitarrista e compositor inspiradíssimo (Robbie Robertson) e um tecladista cuja versatilidade impressionava a todos (Garth Hudson).

Se indivualmente os cinco eram músicos do mais alto calibre, a atuação deles como grupo equivalia a uma mistura perfeita, nas doses certas e com a qualidade técnica e paixão perfeitas.

Nem é preciso dizer que, após lançar esses dois trabalhos magníficos, Dylan foi chamado pelo então homem forte da CBS, o hoje também legendário Clive Davis, para um papo. Em 1975, o autor de Blowin’ In The Wind estava de volta à CBS, de onde jamais sairia.

Os direitos dos dois álbuns lançados pela Asylum também foram adquiridos pela gravadora, que os relançou posteriormente. Ouça abaixo quatro faixas de Before The Flood:

Most Likely You Go Your Way (And I Go Mine)– Dylan & The Band:

Knockin’ On Heaven’s Door– Dylan & The Band:

Lay Lady Lay -Dylan & The Band:

The Night They Drove Old Dixie Down – Dylan & The Band:

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