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Dolly Parton relê Let It Be com Paul McCartney e Ringo Starr

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Por Fabian Chacur

Em novembro de 2022, Dolly Parton foi nomeada para o Rock and Roll Hall Of Fame. Não se trata de algo incomum termos por lá artistas que teoricamente não seriam exatamente roqueiros, mas em um primeiro momento a cantora e compositora norte-americana não se sentiu à vontade com o convite. No fim, não só aceitou como decidiu gravar seu primeiro álbum totalmente dedicado a este estilo musical.

Rockstar, o nome do projeto da talentosíssima estrela de 77 anos e mais ativa do que nunca, sairá em 17 de novembro nos formatos CD duplo, LP de vinil quádruplo e também nas plataformas digitais. Serão 30 faixas, sendo 9 composições inéditas e 21 releituras de clássicos.

Uma dessas releituras acaba de ser divulgada. Trata-se de Let It Be, que ganha contornos históricos por ter as participações especiais de Paul McCartney e Ringo Starr, integrantes daquela banda de Liverpool que gravou originalmente em 1970 esta canção icônica. O resultado ficou ótimo.

O elenco de astros que marcam presença em Rockstar também inclui nomes do porte de Sting, Elton John, Richie Sambora (ex-Bon Jovi), Steve Perry (ex-Journey), Peter Frampton, Ann Wilson (do Heart) e Miley Cyrus. Ou seja, agora Dolly Parton sacramentou de vez a sua presença no cenário rocker.

Let It Be– Dolly Parton, Paul McCartney e Ringo Starr:

The Beatles 1962-66 e The Beatles 1967-70 (Apple-1973)

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Por Fabian Chacur

Em abril de 1973, quando as coletâneas duplas The Beatles 1962-1966 (ouça aqui) e The Beatles 1967-1970 foram lançadas, vivíamos tempos muito diferentes dos atuais. Portanto, para falar dessas compilações e de sua importância na história da banda mais bem-sucedida de todos os tempos em termos comerciais e criativos, é inevitável uma boa análise do cenário da época em termos de indústria fonográfica e do próprio Fab Four.

A traumática separação dos Beatles havia ocorrido há apenas três anos, mas muita coisa ocorreu naquele curto período de tempo.

Para começo de conversa, tivemos o início da conscientização por parte do público e crítica de que aqueles menos de dez anos de trajetória da banda tinham sido absolutamente sensacionais, com direito a um legado incrível em termos musicais e comportamentais.

A força daqueles quatro filhos de Liverpool, Inglaterra, que viraram cidadãos do mundo, repetiu-se em suas performances nas carreiras individuais. Paul McCartney, John Lennon, George Harrison e até mesmo o subestimado por alguns Ringo Starr logo emplacaram grandes sucessos sem a banda, algo extremamente incomum no universo da música pop. Único, até.

Nesse curto período entre 1970 e 1973, hits como Maybe I’m Amazed, My Sweet Lord, Another Day, Mother, Imagine, It Don’t Come Easy, Uncle Albert/Admiral Halsey, Back Off Boogaloo e Give Me Love (Give Me Peace on Earth), só para citar alguns dos gravados pelos quatro em suas vidas musicais pós-separação, os mantiveram no topo do universo pop.

Tal fato criou uma situação curiosa. Para fãs mais jovens, era difícil acreditar que aqueles caras já tinham um extenso currículo de sucessos prévios, antes de lançarem as músicas que os conquistaram. E surgiu a frase que era atribuída a fãs de McCartney e de seu grupo dos anos 1970: “você quer me dizer que o Paul McCartney fez parte de outra banda antes dos Wings?”.

E a explicação para esse aparente desconhecimento era relativamente simples. Até aquele momento, não existiam coletâneas de sucessos que dessem uma geral na carreira dos Beatles.

As coisas mais parecidas com isso tinham sido a compilação britânica (saiu no Brasil) A Collection Of Beatles Oldies But Goldies (1966), e a americana (também saiu por aqui) Hey Jude (1970), interessantes, mas incompletas e sem muito critério em suas seleções de faixas.

Como os álbuns dos Beatles foram lançados em versões muito diferentes pelos quatro cantos do mundo até 1967, quando Sgt Pepper’s Lonely Hearts Club Band iniciou os lançamentos unificados em termos globais, também era difícil encontrar esses discos nas lojas, naquele período pós-separação da banda. Isso, mesmo com suas canções ainda tocando muito nas rádios.

A gravadora Apple só caiu na real de que estava perdendo dinheiro quando um selo pirata lançou em 1972 nos EUA Alpha Ômega, box com 4 LPs e 60 músicas dos Beatles (com direito a algumas das carreiras solo) que, acredite se quiser, era divulgada em comerciais na TV. Naquele momento, ficou claro que algo precisava ser feito para atender essa demanda.

E o projeto não poderia ter sido melhor desenvolvido. Ao invés de lançar um único álbum, eles se renderam ao fato de que o ideal seria fazer algo o mais abrangente possível, que pudesse ser uma boa porta de entrada no universo da obra dos Beatles. Separar as coletâneas em duas fases foi brilhante, a inicial, de 1962 a 1966, e a pós-fim das turnês, de 1967 a 1970.

The Beatles 1962-1966 traz 26 faixas, enquanto The Beatles 1967-1970 ofereceu ao público 28 canções. Os dois álbuns, lançados no formato de LPs duplos, traziam como atrativo adicional envelopes protegendo os discos com as letras de todas as canções, algo que os discos dos Beatles só passaram a ter também a partir do Sgt. Pepper’s (e nem todos!).

Para as capas, outra tirada brilhante. Eles aproveitaram uma ideia surgida para o que seria o álbum Get Back (que acabou virando Let It Be). Na capa do 1962-66, usaram um outro take da sessão de fotos da capa do LP Please Please Me (1963), e na do 1967-70, um registro feito em 1969 pelo mesmo fotógrafo, Angus McBean, no mesmo local, a sacada do prédio onde ficava a sede da EMI em Londres, com os novos visuais deles.

Diante de tantas canções de sucesso a serem escolhidas, alguns critérios aparentemente foram usados. No álbum vermelho (1962-66), ficaram de fora os covers que os Fab Four gravaram até 1965, como Twist and Shout e Roll Over Beethoven, e as canções compostas e/ou interpretadas por George Harrison como solista. As 26 musicas levam a assinatura Lennon-McCartney.

Se no álbum vermelho só uma música (Yellow Submarine) tem Ringo como vocal principal, o álbum azul (1967-70) inclui mais uma com o baterista (Octopus’s Garden, de autoria dele, por sinal) e quatro compostas e interpretadas por George Harrison- While My Guitar Gently Weeps, Here Comes The Sun, Old Brown Shoe e Something.

Outra provável diretriz seguida é o fato de que todas as canções, com as possíveis exceções de The Ballad of John & Yoko e Old Brown Shoe, são grandes sucessos em paradas de sucesso e em execução nas rádios.

Com tudo perfeito- embalagem, escolha de repertório e mesmo a divulgação, que ressaltava o fato de serem as primeiras coletâneas abrangentes e oficiais da banda- criou-se uma grande expectativa em torno do desempenho comercial das mesmas. Que foi amplamente premiada.

The Beatles 1962-1966 chegou ao 3º lugar na parada americana, enquanto The Beatles 1967-1970 foi ainda além, liderando a parada ianque em 26 de maio de 1973. Os Fab Four voltavam ao topo após três anos.

Foi a partir dali que o acervo de gravações dos Beatles começou a ser reaproveitado e a render ainda mais do que nos tempos da Beatlemania.

Se no período entre 1973 e 1992 isso ainda ocorreu de uma forma um pouco mais tímida, os relançamentos e novidades referentes à banda renderam e ainda rendem milhões à gravadora Universal Music (atual detentora dos direitos desses fonogramas) e aos músicos e seus herdeiros.

Curiosidade: The Beatles 1967-1970 ficou uma semana no 1º lugar na parada dos EUA, e foi sucedido por Red Rose Speedway, de ninguém menos do que Paul McCartney & Wings, que manteve a posição de liderança por três semanas. Adivinhem quem o destronou? O ex-colega de banda George Harrison, que com seu Living In The Material World assegurou a primeira posição por cinco semanas.

Essas coletâneas marcaram tanto que foram reeditadas no formato CD, a primeira vez em 1993, no formato caixinha e reproduzindo o conteúdo da embalagem original, e em 2010, desta vez no modo digipack e com o acréscimo de um encarte trazendo um bom texto com informações (algumas incorretas)e fotos adicionais.

The Beatles 1962-1966 foi o primeiro álbum duplo que comprei na vida, quando tinha apenas 12 aninhos de idade, e me lembro de que as rádios de São Paulo tocavam as músicas dos Beatles naquele período como se fossem lançamentos, às vezes seguidas por faixas de John, Paul, George e Ringo em suas carreiras individuais. Como não virar um fã também?

The Beatles 1967-1970- The Beatles (ouça em streaming):

Yusuf/Cat Stevens faz um lindo cover de Here Comes The Sun

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Por Fabian Chacur

Desde que voltou ao universo da música pop em 2006, após mais de 20 anos se dedicando a religião, Yusuf/Cat Stevens tem nos proporcionado música da mais alta qualidade, além de shows encantadores. Para deleite de seus milhões de fãs mundo afora, ele homenageia o aniversário de 80 anos do saudoso George Harrison com uma belíssima releitura acústica de Here Comes The Sun, gravada originalmente pelos Beatles em 1969 em seu icônico álbum Abbey Road.

Excelente violonista, Yusuf se vale basicamente do mesmo arranjo criado pelo autor, inclusive se valendo do mesmo tom. A canção parece ter sido feita sob medida para a sua linda voz. O resultado agrada em cheio, e mostra que quem sabe um álbum com releituras das composições do autor de Something possa ser um projeto bem bacana para este ótimo cantor, compositor e músico de 74 anos.

Here Comes The Sun– Yusuf/Cat Stevens:

George Harrison, 80 anos, o beatle quieto, místico e genial

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Por Fabian Chacur

Pode uma música mudar o destino de uma pessoa? Para ser mais específico: pode uma canção de outro autor dar a um músico a passagem rumo ao estrelato? A resposta é sim, e existem inúmeros exemplos. No caso de George Harrison, que se estivesse entre nós completaria 80 anos neste sábado (25), a resposta é Raunchy. Foi graças a esse tema instrumental lançado pelo guitarrista norte-americano Bill Justis em 1957 que o aniversariante de hoje entrou em uma então obscura banda de Liverpool.

A história é essa. Em março de 1958, o grupo The Quarrymen, que tinha como líder John Lennon e há pouco havia incluído também Paul McCartney, buscava um guitarrista-solo. McCartney sugeriu seu colega de escola George Harrison, e disse a Lennon que o amiguinho tocava Raunchy, uma das favoritas do chefão da banda, nota por nota, de forma perfeita.

Lennon pagou pra ver, e ficou besta ao ver aquele molequinho de 15 anos executando essa música com perfeição. Segundos após encerrar sua performance, Harrison foi admitido nos Quarrymen, que em 1960 se tornariam The Beatles. O grupo nunca a gravou oficialmente, e quando preparavam o documentário Anthology (1995), Paul, George e Ringo Starr a tocaram (ouça e veja aqui, e a versão de Bill Justis aqui).

Esse primeiro momento de Harrison no Quarrymen daria pistas do que seria a sua carreira como músico. Ele admitiu em inúmeras entrevistas durante os seus 58 anos de vida que não se considerava um virtuose, e que precisava se dedicar bastante para conseguir conceber seus solos, harmonias e canções. O resultado, no entanto, o colocou muito acima de inúmeros guitarristas com aparentemente mais fluência no instrumento do que ele. Que, obviamente, também tinha muito talento.

Essa perseverança do cantor, compositor e músico britânico pode ser percebida na sua trajetória nos Beatles. Basta comparar, por exemplo, Don’t Bother Me (ouça aqui), primeira composição dele gravada pelos Beatles (no álbum With The Beatles, de 1963), com Something (ouça aqui), lançada em 1969 no álbum Abbey Road. Que evolução absurda!

George desenvolveu um jeitão de solar sempre com muita categoria e simplicidade, criando um estilo facilmente identificável e que continua sendo emulado até hoje. Sempre sem jogar notas fora, apostando no bom gosto e, com o tempo, trazendo como marca registrada um estilo de slide guitar que pode ser considerado um dos mais copiados de todos os tempos (Lulu Santos foi um desses seguidores).

Se progrediu muito como músico e compositor, Harrison também aprendeu a usar a sua voz doce e encantadora com o decorrer dos anos. De uma espécie de “irmão mais novo” de Lennon e McCartney, ele logo precisava de mais espaço para suas composições, e isso é uma das explicações mais lógicas para o fim dos Beatles. Duas músicas por álbum era muito pouco pra ele.

Ele já havia lançado dois álbuns solo enquanto ainda beatle, os muito interessantes Wonderwall (1968) e Electronic Sounds (1969). Com a separação da banda, deu vasão à sua imensa produção represada com o antológico All Things Must Pass (1970- ouça aqui), repleto de grandes canções e mostrando a força dele enquanto artista solo.

Harrison mergulhou na cultura oriental a partir de 1965, incentivado pelo amigo David Crosby, e sua performance na cítara em Norwegian Wood (This Bird Has Flown) (ouça aqui), de 1965, de John Lennon e faixa de Rubber Soul (1965), dava pistas do que viria.

A performance de George Harrison como artista solo foi das melhores. Sua produção foi relativamente pequena, especialmente a partir de 1982, mas nos proporcionou maravilhas como All Things Must Pass e também Living In The Material World (1973, o meu favorito, ouça aqui), o swingado 33 1/3 (1976- ouça aqui) e o ótimo George Harrison (1979- ouça aqui).

E vale lembrar também do supergrupo Travelling Wylburys, que ele formou com os amigos Bob Dylan, Roy Orbison, Tom Petty e Jeff Lynne, que gerou dois belíssimos álbuns, lançados em 1988 e 1990.

Embora tenha toda uma aura de paz em torno dele, George Harrison foi um ser humano como todos nós, com prós e contra, e o documentário Living In The Material World, de Martin Scorsese (leia a resenha aqui) mostra de forma aberta as suas contradições.

No entanto, o que ficou, e que ficará para todo o sempre, é a maravilhosa herança musical deste artista genial, que se considerava não muito mais do que um operário da música, mas que, no entanto, construiu uma obra simplesmente essencial para quem ama a boa música. Ele certamente está na sua Crackerbox Palace, e um dia todos nos encontraremos lá, onde o amor é verdadeiro. Até lá! E viva Raunchy!

Crackerbox Palace (clipe)- George Harrison:

Paul McCartney, 80 anos, a façanha de se tornar eterno

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Por Fabian Chacur

Fazer sucesso não é fácil. Manter esse sucesso, mais difícil ainda. Tornar-se eterno, no entanto, é coisa para os muito fortes e muito talentosos. E é nesse panteão que se colocou um certo James Paul McCartney, que neste sábado (18) completa 80 anos mais ativo e relevante do que nunca. Tudo bem que o cidadão que está escrevendo este texto não é suspeito, é culpado, pois fala aqui sobre o seu maior ídolo. Mas tem horas que o melhor é mandar a isenção pra longe. Viva Paul McCartney!

Não faltam argumentos para sustentar a minha teoria, de que Paul McCartney é eterno. Logo de cara: quem conseguiria sobreviver ao fim da maior banda de todos os tempos e permanecer nas paradas de sucesso e lotando estádios, agora sozinho? Macca já começa goleando logo aqui. Coube a ele carregar o estandarte dos Beatles mundo afora sem seus companheiros, e essa missão está sendo cumprida com galhardia.

Lógico que este brilhante cantor, compositor e músico britânico continua cantando músicas de sua célebre ex-banda em seus shows, sempre arrancando aplausos, emoções e singalongs por parte dos milhões de fãs. Mas não custa lembrar que, nos anos 1970, ele tocava um número bem pequeno de hits dos Fab Four nos shows de sua banda de então, os Wings, e mesmo assim vendeu milhões de cópias de seus discos e atraiu multidões enormes nas turnês que fez então.

Eis uma frase polêmica que irei escrever, mas lá vai: mesmo se não tivesse sido um beatle, McCartney teria seu lugar garantido como megastar, levando-se em conta apenas a sua produção com os Wings nos anos 1970 e na carreira-solo posterior. Os hits desse período são vários e enormes: Another Day, My Love, Band on the Run, Silly Love Songs, Mull Of Kintyre, Ebony And Ivory, The World Tonight… A lista é longa e vai longe.

O talento deste Sir é imenso, e em várias frentes. Excelente cantor, baixista tido como um dos melhores do rock em todos os tempos, bom também com outros instrumentos musicais (guitarra, violão, teclados, bateria etc), compositor de mão cheia, absurdamente carismático nos shows… Teve um parceiro máximo nas composições, o saudoso John Lennon, mas soube se virar muito bem sozinho e também escrevendo com Elvis Costello, Eric Stewart, Denny Layne e sua também saudosa Linda, entre outros.

Durante muito tempo, alguns críticos ridículos rotulavam o Macca como um “baladeiro incorrigível”, como se ele só fizesse canções românticas. Faixas como Helen Wheels, Let Me Roll It, Old Siam Sir, Jet, Give Ireland Back To The Irish, Angry e Girls School são apenas algumas belas provas de o quanto tal teoria é ridícula. Paul rock and rolla como poucos!

Outro ponto nem sempre muito fácil para um artista é conseguir ir além da sua própria geração, e eis outra grande virtude do autor de Yesterday. Mr. McCartney tem fãs das mais diversas faixas etárias, desde gente com idade acima da sua até a molecada da era Tik Tok. Cada um curtindo facetas específicas, ou o todo de sua obra, mas todos felizes ao ouvir suas canções.

Tive a honra de ver quatro shows de meu ídolo. Dois em 1990, no Maracanã, quando de sua primeira visita ao Brasl. Um em 1993 no estádio do Pacaembu, em São Paulo (o meu favorito), e o quarto em 2010, no estádio do Morumbi. Todos maravilhosos. E participei de duas entrevistas coletivas, a de 1990 e a de 1993, sendo que nesta última tive a honra de fazer a última pergunta. Um dos momentos mais incríveis da minha vida, com o meu ídolo respondendo e olhando para mim! Sonhos podem se concretizar!

E o legal é que em momento algum de sua trajetória Paul McCartney se acomodou. Sempre se manteve atento às novidades, trocando figurinhas com outros artistas e lançando álbuns bacanas e muito relevantes, como os recentes e ótimos Egypt Station (2018) e McCartney III (2020). E o cidadão está em meio a mais uma turnê. Que Deus o abençoe e o mantenha entre nós por muitos e muitos anos mais.

E vale lembrar que, em 1967, quando tinha meros 25 anos de idade, ele imaginava como seria quando tivesse 64 anos (When I’m 64), em faixa do mitológico Sgt Pepper’s Lonely Hearts Club Band. Mal sabia ele… Que chegue aos 100 com saúde e lúcido é o meu desejo!

Good Times Coming/ Feel The Sun– Paul McCartney:

Get Back- The Rooftop Concert é novo lançamento dos Beatles

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Por Fabian Chacur

Mais um desdobramento do mergulho do diretor neozelandês Peter Jackson no material gravado pelos Beatles para o filme Let It Be em 1969 está em vias de ser disponibilizado. Depois da série Get Back, com aproximadamente 7 horas de duração e disponível na plataforma de streaming Disney+, temos agora Get Back- The Rooftop Concert, filme com 60 minutos de duração que apresenta o célebre show, o último dos lendários Fab Four, realizado no teto da sede da Apple em Saville Row, Londres, em 30 de janeiro de 1969. Quando poderei ver, pergunta você?

Pois essa é a parte ruim da história. Por enquanto, os felizardos serão os americanos e europeus, que irão conferir o filme precisamente no dia 30 deste mês exclusivamente nas salas IMAX, aquela tecnologia que dá ao espectador qualidades de áudio e vídeo impressionantes. A apresentação aparece remasterizada digitalmente no padrão The IMAX Experience e com tecnologia proprietária IMAX DMR (digital remastering).

Ainda não foram divulgadas informações sobre quando Get Back The Rooftop Concert será exibido no Brasil, nem sobre a sua exibição em TV ou mesmo disponibilização em plataformas de streaming, o que imagino que ocorrerá em um futuro não muito distante. Seja como for, legal poder ver esse show assim, na íntegra, fora do documentário original.

Veja um trecho do Rooftop Concert:

The Beatles tem um raro single de natal relido pela banda Spoon

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Por Fabian Chacur

Em 1967, os Beatles lançaram uma canção de natal em single enviado exclusivamente aos membros de seu fã-clube. A música, Christmas Time (Is Here Again), só seria lançada para o grande público em 1995 como lado B do single Free As a Bird. Assinada pelos quatro integrantes da banda, a despretensiosa canção natalina é agora regravada pelo grupo americano Spoon para a série Spotify Singles: Holyday Edition, exclusiva da plataforma de streaming (ouça aqui).

Com mais de 25 anos de estrada, o quinteto oriundo de Austin, Texas, prepara-se para lançar seu 10º álbum, Lucifer On The Sofa, programado para o dia 11 de fevereiro de 2022. Como forma de dar uma prévia deste trabalho, o time do vocalista Britt Daniel nos oferece a faixa The Hardest Cut, um rockão sacudido com tempero de anos 1970 divulgado por um clipe com tempero tarantinesco. Pela ótima amostra, o trabalho promete.

The Hardest Cut (clipe)- Spoon:

The Beatles and India, doc e álbum, para encantar os fãs

George & Patti with garlands 2 - Colin Harrison Avico Ltd

Por Fabian Chacur

The Beatles continuam em pauta como de praxe, mas de forma ainda mais intensa nas últimas semanas. Além do filme Get Back, temos também um outro documentário em cena. Trata-se de The Beatles and India, produzido pelo empresário britânico-indiano Reynold D’Silva e dirigido em parceria por Ajoy Bose e Pete Compton. O filme ganhou os prêmios de melhor filme pelo público e melhor música no UK Usian Film Festival, e está sendo exibido com sucesso em festivais de cinema na Grécia, Bélgica e Espanha.

Baseado no livro Across The Universe- The Beatles in India, de Ajoy Bose, o doc conta a relação de John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr com a cultura indiana, com ênfase em sua histórica passagem pela India em Rishikesh, no ashram do polêmico guru indiano Maharishi Mahesh Yogi. Temos cenas de arquivo e fotos, algumas raras e/ou inéditas, e também depoimentos de pessoas que presenciaram essa viagem histórica em 1968.

Como produto derivado do filme, está previsto para ser lançado no próximo dia 29 de outubro o álbum Songs Inspired By The Film The Beatles and India, que traz releituras de canções dos Beatles inspiradas e/ou escritas na Índia e interpretadas por artistas indianos contemporâneos como Karsh Kale, Benny Dayal, Kiss Nuka e Anoushka Shankar, esta última filha do grande músico Ravi Shankar (1920-2012), a rigor quem introduziu George Harrison no mundo da cultura da Índia e um de seus melhores amigos.

Eis as faixas de Songs Inspired By The Film The Beatles And India:

1. Tomorrow Never Knows (ouça aqui ) – Kiss Nuka
2. Mother Nature’s Son – Karsh Kale / Benny Dayal (ouça aqui)
3. Gimme Some Truth – Soulmate
4. Across The Universe – Tejas / Maalavika Manoj
5. Everybody’s Got Something To Hide (Except Me And My Monkey) – Rohan Rajadhyaksha / Warren Mendonsa
6. I Will – Shibani Dandekar / Neil Mukherjee
7. Julia – Dhruv Ghanekar
8. Child Of Nature – Anupam Roy
9. The Inner Light – Anoushka Shankar / Karsh Kale
10. The Continuing Story Of Bungalow Bill – Raaga Trippin
11. Back In The USSR – Karsh Kale / Farhan Ahktar
12. I’m So Tired – Lisa Mishra / Warren Mendonsa
13. Sexy Sadie – Siddharth Basrur / Neil Mukherjee
14. Martha My Dear – Nikhil D’Souza
15. Norwegian Wood (This Bird Has Flown) – Parekh & Singh
16. Revolution – Vishal Dadlani / Warren Mendonsa
17. Love You To – Dhruv Ghanekar
18. Dear Prudence – Karsh Kale / Monica Dogra
19. India, India (ouça aqui) – Nikhil D’Souza

Veja o trailer de The Beatles and India:

Lizzie Bravo, 70 anos, cantou com os Beatles e outros fenômenos

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Por Fabian Chacur

Pode uma garota brasileira de 15 anos de idade desembarcar sozinha em fevereiro de 1967 na efervescente Londres daqueles anos psicodélicos e em alguns meses se tornar uma verdadeira testemunha ocular de um dos momento mais importantes da carreira de ninguém menos do que os Beatles? Mais: participar de uma gravação dos Fab Four? Essa foi a cereja no bolo da trajetória de Lizzie Bravo, que, no entanto, fez muitas outras coisas relevantes, como ser musa de um grande clássico da nossa música. Ela infelizmente nos deixou nesta segunda (4) aos 70 anos, vítima de problemas cardíacos.

Elizabeth Villas Boas Bravo nasceu em 29 de maio de 1951, e foi uma das primeiras brasileiras a mergulhar de cabeça no som dos Beatles, ao ouvir o álbum Meet The Beatles (1964) que seu pai trouxe dos EUA. Nascia ali uma paixão pelo grupo e, em particular, por John Lennon. E a amiga Denise Werneck teve uma ideia, logo encampada por Lizzie (cujo apelido ela tirou da música Dizzy Miss Lizzy, clássico do rock de autoria de Larry Williams e regravada pelo grupo no seu álbum Help!, de 1965): pedir aos pais de presente uma viagem a Londres.

Lizzie desembarcou em Londres em fevereiro de 1967, e logo se tornou uma frequentadora da porta dos estúdios Abbey Road, onde os Beatles gravavam seus discos, e também da casa de alguns deles. Naquela época, especialmente em Londres, os astros do rock eram muito mais acessíveis do que se tornariam não muito tempo depois, e a adolescente carioca conseguiu aos poucos se tornar uma quase amiga de John, Paul, George e Ringo.

No seu excelente livro Do Rio a Abbey Road (2015), ela relata como foi esse período no qual, afora trabalhos para conseguir se manter melhor na capital inglesa, suas tarefas básicas eram se manter atualizada sobre os lançamentos e novos rumos do grupo e também conseguir autógrafos, fotos e algumas conversas com os músicos. Na base da simpatia e da paciência, foi absolutamente vitoriosa no seu intuito, como provam as belas fotos contidas no livro.

Vale registrar que, nesse período, os Beatles viviam uma fase particularmente iluminada de sua brilhante trajetória, gravando Sgt. Peppers, Magical Mystery Tour e Abbey Road e consolidando de uma vez por todas a sua presença no panteão da música popular.

Lizzie permaneceu em Londres em dois períodos: de fevereiro de 1967 a abril de 1968, e de outubro de 1968 a outubro de 1969. Por lá, fez amizades com outros fãs e tirou a sorte grande em 4 de fevereiro de 1968, um domingo, quando Paul McCartney perguntou às garotas que estavam próximas ao estúdio Abbey Road se alguma delas conseguiria sustentar notas agudas. A nossa conterrânea afirmou positivamente, e depois levou outra amiga, a inglesa Gayleen Pease, para auxiliá-la. Dessa forma, participaram da versão original de Across The Universe.

A belíssima canção, assinada por Lennon e McCartney mas na verdade de total autoria do primeiro, acabou deixada de lado como um possível single do grupo. Em dezembro de 1969, no entanto, foi lançada como parte da coletânea inglesa No One’s Gonna Change Our World- The Stars Sing For The World Wide Fund, ao lado de gravações de dez outros artistas de ponta, entre os quais Bee Gees, The Hollies e Cilla Black.

Across The Universe entrou no repertório do álbum Let It Be (1970), mas em uma versão alterada que retirou os vocais de Bravo e Pease. Rara durante uns bons anos, a única gravação dos Beatles a incluir alguém do Brasil só voltaria a ser acessível ao entrar no repertório das duas versões do álbum Rarities (1980) e no volume 2 da coletânea Past Masters (1988).

Nem é preciso dizer que essa gravação tornou Lizzie Bravo uma figura sempre relembrada pelos fãs-clubes dos Beatles nas décadas seguintes, algo que se ampliou ainda mais com o advento da internet. Posteriormente, ela teve a oportunidade de rever Paul McCartney (em uma entrevista coletiva, em 1990, na qual o ex-beatle a reconheceu), George Harrison e Ringo Starr. Lennon, o seu favorito, infelizmente nos deixou antes de que ela pudesse reencontrá-lo.

Para quem acha que a história de Elizabeth parou por aqui, recupere o fôlego, pois vem mais coisas boas por aí. Em 1970, ao voltar ao Brasil, conheceu o cantor, compositor e músico Zé Rodrix, com o qual foi casada por dois anos. Em parceria com Tavito, ele compôs, inspirado nela, o clássico da MPB Casa no Campo, cuja gravação definitiva é a de Elis Regina. Em sua letra, a música fala de uma “esperança de óculos” (Lizzie) e o sonho de ter um “filho de cuca legal”, que veio na forma de Marya, nascida em outubro de 1971 e hoje cantora e atriz.

No decorrer de sua trajetória profissional, Lizzie foi vocalista de apoio de artistas do gabarito de Milton Nascimento, Joyce Moreno, Zé Ramalho, Ivan Lins, Djavan, Egberto Gismonti, Toninho Horta e Geraldo Azevedo, entre outros, participando de discos e shows deles. Também atuou como fotógrafa para artistas e gravadoras, e morou em Nova York de 1984 a 1994, atuando na área cultural.

O projeto de seu livro teve início em 1980, mas foi interrompido devido à trágica morte de John Lennon. Ela o retomou em 1984, novamente sem o levar adiante. Só em 2015 essa belíssima obra se concretizou, com uma tiragem inicial que se esgotou em 2017 (comprei um dos últimos exemplares, em julho de 2017. Ela preparava uma nova fornada de livros, assim como uma edição em inglês, que provavelmente serão viabilizadas por Marya.

Across The Universe (original version)- The Beatles:

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