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Simplesmente Paul chega ao RJ no Teatro Bradesco Rio

FOTO MARCELO CRELECI 6

Por Fabian Chacur

Paul McCartney voltará ao Brasil em outubro. Quem quiser já ir entrando no clima e mora no Rio de Janeiro tem uma boa pedida neste sábado, às 21h, no Teatro Bradesco Rio (avenida das Américas, nº3.900- loja 160- Shopping Village Mall- Barra da Tijuca- call center 4003-1212). Trata-se do show Simplesmente Paul, dedicado a um repertório de grandes sucessos do inigualável astro do rock. Os ingressos custam de R$ 40,00 a R$ 160,00.

O espetáculo é estrelado por Celso Anieri, que no início da década de 1980 fundou em São Paulo o grupo Beatles 4 Ever, um dos mais criativos e minuciosos na reprodução ao vivo das músicas do seminal grupo de Liverpool. Ele saiu da banda há algum tempo, mas após uma canja com a atual formação, em 2015, ficou com vontade de investir em um projeto semelhante, e aí surgiu a ideia de fazer um show em homenagem ao autor da eterna Yesterday e de tantos outros hits.

Anieri canta e toca baixo, teclados, violão, ukulele e bandolim. Com ele, um grupo formado por Ana Cristina Santos (violão e voz), Bia Honda (vocais), Edson Yokoo (teclados e arranjos), Edu Perez (baixo, violão e vocal), Paula Altran (vocais), Paulo Yuzo (bateria e percussão), Renato Molina (guitarra) e Vitor da Mata (guitarra, teclados e vocais).

O show inclui canções dos Beatles, dos Wings e da carreira solo de McCartney, entre elas Can’t Buy Me Love, Live And Let Die, Here Today, My Love e Silly Love Songs, além de se valer de recursos audiovisuais como telão e coreografias, algo que por sinal fez o diferencial do Beatles 4 Ever. O espetáculo já passou por diversas cidades brasileiras, sempre com boa repercussão por parte do público.

Simplesmente Paul- trechos do show:

Filme Eight Days a Week nos promete mais do que cumpre

eight days a week capa dvd-400x

Por Fabian Chacur

Depois do lançamento do maxi-documentário Anthology (1995), com mais de onze horas de duração e apresentando de forma profunda e repleta de material essencial a história dos Beatles, ficou difícil para alguém pensar em um projeto audiovisual que possa superá-lo ou ao menos chegar perto de tal excelência. O filme-documentário Eight Days a Week- The Touring Years, lançado em setembro de 2016 nos cinemas e agora saindo no formato DVD, chegou com essa pretensão, vide seu lema: “The Band You Know, The Story You Don’t” (a banda que você conhece, a história que não conhece).

Para completar a expectativa, o mentor de tal projeto era ninguém menos do que Ron Howard, conhecido por filmes como Apollo 13 (1995), Cocoon (1985) e Uma Mente Brilhante (2001), tendo ganho o Oscar de melhor diretor com este último. Diante de tanta expectativa, a pergunta é óbvia: o produto final atinge seu objetivo? A resposta é não, mas merece uma explicação minuciosa, para não soar como uma daquelas análises gratuitas só para atrair cliques ou irritar os fãs.

O documentário tem como objetivo mostrar a fase em que os Beatles se tornaram um fenômeno mundial em termos de popularidade, entre 1963 e 1966, e no qual as turnês pelo mundo afora foram uma ferramenta fundamental. Os anos da Beatlemania, para ser mais preciso. Como forma de nos apresentar esse incrível fenômeno comportamental e cultural, Howard se valeu de vasto material de arquivo já utilizado anteriormente, com apenas uma ou outra cena menos conhecida.

As entrevistas recentes feitas com Paul McCartney e Ringo Starr também são bastante redundantes, inferiores às feitas para o Anthology. Dessa forma, essa coisa de “a história que você não conhece” soa arrogante demais. Novidades ou possíveis revelações passam bem longe dos 106 minutos de duração do filme. Nem precisa ser um especialista daqueles realmente viciados em Beatles para ter tido conhecimento de tudo o que é contado aqui.

Lógico que um profissional do calibre de Ron Howard não faria um produto ruim em termos de apresentação, e nesse aspecto, Eight Days a Week é muito bem realizado, fluindo bem e encaixando os registros de forma bem ordenada. Os depoimentos do jornalista americano Larry Kane, o único que acompanhou todos os shows das turnês dos Fab Four pelos EUA em 1964 e 1965 também são pontos importantes.

Merecem um belo destaque os deliciosos testemunhos da atriz Whoopi Goldberg sobre sua idolatria em relação ao grupo britânico e da emoção de ter visto o mitológico show no Shea Stadium em 1965, e também o relato do show realizado em Jacksonville, Florida, em 1964, no qual eles se recusam a tocar para uma plateia segregada, resultando em um raro momento em que brancos e negros conviveram em um show dessas proporções naqueles lados dos EUA.

A qualidade das imagens é impecável, assim como o áudio. A narrativa vai até o último show oficial da banda, em agosto de 1966 no Candlestick Park, San Francisco (EUA), e o documentário acaba com cenas da última apresentação de fato do quarteto de Liverpool, realizado em janeiro de 1969 no teto do prédio onde estava os escritórios da gravadora deles, a Apple.

Muitas cenas de histeria do público ao redor do mundo foram usadas, e de forma bem eficiente para ressaltar o quanto o som do grupo inglês atiçava a libido do público, especialmente o adolescente, e também de como os adultos e boa parte da imprensa ficavam abismados com aquilo tudo, sem entender absolutamente nada.

Como os Beatles são um daqueles fenômenos de popularidade que desafiam o tempo, existem fãs que os conheceram há pouco, e para os quais até mesmo as carreiras solo de John Lennon e George Harrison podem parecer algo totalmente fora de seus radares. Para eles, Eight Days a Week funciona como uma boa introdução em termos audiovisuais. Mas para quem os curte há mais tempo, é um filme com cheiro de “já conheço bem essa história, e melhor contada”.

obs.: e o DVD não traz nenhum extra. Nada, nadinha. Eita muquiranice!!!

Eight Days a Week-trailer do filme:

A magia dos Beatles ao vivo e seu registro remasterizado

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Por Fabian Chacur

Em 1977, foi lançado de forma póstuma o primeiro álbum totalmente gravado ao vivo dos Beatles, intitulado The Beatles At The Hollywood Bowl. Fora de catálogo há décadas, esse trabalho histórico enfim chega ao formato CD, com o título Live At The Hollywood Bowl e agora funcionando como uma espécie de trilha sonora do documentário Eight Days a Week- The Touring Years, documentário de Ron Howard sobre as turnês dos Fab Four.

O lançamento original tinha como marca a qualidade de som não muito boa. Gravado em apenas três canais e de forma absolutamente precária em shows realizados pela seminal banda inglesa no Hollywood Bowl, em Hollywood, EUA, em 23 de agosto de 1964 e 29 de agosto de 1965, o que tínhamos era muita gritaria das fãs enlouquecidas e o som dos Beatles tentando sobreviver no meio dessa barulheira toda. Mas, ainda assim, era um álbum incrível por sua energia e conteúdo histórico.

Se o mítico George Martin fez milagres com os parcos recursos que tinha em 1977 para trabalhar com essas fitas, seu filho Giles Martin teve bem mais sorte. Suando a camisa para tirar o melhor daquele material histórico, ele nos proporciona um resultado técnico que, se não é perfeito (e não teria mesmo como ser), ressalta muito melhor a performance da banda, especialmente em termos de vocais. O baixo continua lá atrás, mas dá para aguentar numa boa.

Live At The Hollywood Bowl serve como uma prova concreta da potência e virilidade do trabalho dos Beatles nos palcos. Perante quase 18 mil pessoas por apresentação nesses dois shows nos EUA, o quarteto esbanja garra, afinação (na medida do possível para quem tocava sem retorno, algo impensável nos dias de hoje) e um carisma simplesmente imbatível. Superando as dificuldades técnicas com categoria, eles simplesmente detonam, enlouquecendo os fãs.

O repertório mistura hits fulminantes como Twist And Shout, Ticket To Ride, Can’t Buy Me Love, Help!, A Hard Day’s Night e She Loves You com outras também fortes, tipo She’s a Woman, Boys e Things We Said Today. São nove gravações realizadas no show de 1964 e oito no de 1965, provavelmente selecionadas devido a razões técnicas e de performance. A edição tem alguns brancos, mas no geral dá para se imaginar como se fosse uma única apresentação contínua.

A nova edição traz como marcas uma nova capa, desta vez digipack plastificada, dupla e com direito a encarte colorido repleto de fotos e dois textos, um inédito do jornalista David Fricke e outro presente na edição original do álbum e escrito por George Martin. De quebra, quatro faixas bônus não presentes no LP original: You Can’t Do That, I Want To Hold Your Hand, Everybody’s Trying To Be My Baby e Baby’s In Black.

Ouvir os Beatles ao vivo nesses registros feitos nos anos heroicos do rock and roll é a prova de que o talento e a garra são capazes de superar todas as barreiras, mesmo as técnicas. Chega a ser inacreditável pensar como esses caras conseguiam tocar tão bem um repertório desse altíssimo nível em condições tão precárias. O mais legal é que dá para se ouvir Live At The Hollywood Bowl para curtir, e não só como curiosidade de uma era de ouro do rock. Que ótimo!

The Beatles Live At The Hollywood Bowl show de 1964:

Pure McCartney: bela viagem pela obra de um gênio musical

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Por Fabian Chacur

Coletâneas costumam ser encaradas de forma não muito positiva por críticos e fãs mais radicais de música. O argumento é sempre o mesmo: seria uma forma de apresentar uma obra de forma fatiada, com escolhas nem sempre justificáveis e frequentemente mostrando um retrato nada fiel do artista enfocado. Questão de opinião. Para mim, coletâneas são, quando bem feitas e bem planejadas, belas obras de entrada para obras musicais. Eis a função que Pure McCartney, álbum duplo que acaba de sair no Brasil, pode cumprir em relação ao trabalho de Paul McCartney.

Pure McCartney pode ser encontrado no exterior em três formatos: o mesmo CD duplo com 39 faixas, uma caixa com 4 CDs (contendo 67 faixas) e vinil quádruplo com 41 faixas. Todas essas alternativas seguem o mesmo conceito, conforme explica texto escrito pelo próprio Macca no encarte que acompanha os lançamentos: “uma coleção de minhas gravações tendo em mente nada além de ser algo divertido para se ouvir, ou talvez para ser ouvida em uma longa viagem de carro, ou em um evento em casa ou ainda uma festa com amigos”. Simples assim.

Dessa forma, fica fácil entender o porque vários sucessos marcantes ficaram de fora, preteridos em alguns casos por músicas não tão conhecidas. O repertório cobre toda a carreira solo do ex-beatle, indo desde 1970 até 2014. Para aquele fã que tem tudo do artista, só cinco itens mais interessantes: os remixes de Ebony And Ivory, Say Say Say, Here Today e Wanderlust, e a belíssima Hope For The Future, lançada em 2014 para a trilha do vídeo game Destiny e disponível anteriormente apenas no exterior em um single de 12 polegadas de vinil.

O repertório não foi ordenado de forma cronológica, o que nos proporciona saborosas idas e vidas por fases bem distintas do trabalho do artista. A curiosidade fica por conta de a primeira e a última faixa em todos os formatos serem as mesmas e oriundas do primeiro álbum solo do astro britânico, McCartney (1970), respectivamente Maybe I’m Amazed e Junk. Isso não deve ser obra do acaso…

As músicas contidas nesta compilação reforçam um sonho que muitos fãs do autor de Yesterday gostariam de realizar: ter a chance de ver um de seus shows só com material da carreira-solo, sem canções dos Beatles. Nada contra o repertório maravilhoso dos Fab Four, mas é que McCartney tem tantas músicas boas de 1970 para cá que seria bem bacana poder ouvir ao vivo uma Heart Of The Country, por exemplo, ao invés da milésima interpretação de Hey Jude.

Ouvir Pure McCartney é uma bela oportunidade de se curtir a incrível versatilidade de um grande talento. Power ballad em Maybe I’m Amazed, disco music em Coming Up, soul-jazz em Arrow Through Me, folk puro em Junk, pop delicioso em Listen To What The Man Said, rock na veia em Jet, rock eletrônico em Save Us, lirismo puro em Here Today

A variedade de estilos é incrível, sempre com grande qualidade técnica e artística. E acredite: com o material que sobrou, mesmo se levarmos em conta a caixa com quatro CDs, ainda restou material bom o suficiente para justificar pelo menos umas quatro compilações do mesmo gênero, sem repetir faixas e com a mesma força.

O único problema para o neófito que se meter a ouvir Pure McCartney é acabar se viciando no som do cara, e por tabela sair atrás de toda a sua obra. É disco pra burro!!! Mas pode ter certeza de que vale a pena colecionar. Tipo do vício sem contraindicações. E reforço o ponto: ótimo para desancar quem acha que o trabalho solo de Paul McCartney não está a altura do que ele fez nos Beatles. Não? Pense outra vez!

Arrow Through Me– Wings:

Dear Boy– Paul McCartney:

Hope For The Future– Paul McCartney:

Álbum ao vivo dos Beatles vai enfim sair em CD, com bônus

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Por Fabian Chacur

Live At The Hollywood Bowl, disco lançado originalmente em vinil em 1977 e um dos únicos álbuns oficiais dos Beatles nunca relançados, enfim ganhará sua versão em CD. A informação é do site americano da Billboard. O álbum chegará às lojas no dia 9 de setembro, em versão com 17 faixas, quatro a mais do que a edição original, além de um inédito e luxuoso livreto com 24 páginas e trazendo fotos inéditas e texto do premiado jornalista americano David Fricke.

Esse disco, cuja capa original ilustra este post, é histórico. Trata-se do primeiro lançamento oficial de gravações ao vivo dos Fab Four, feitas em agosto de 1964 e agosto de 1965 em shows realizados no Hollywood Bowl, em Los Angeles, Califórnia (EUA). Os registros foram feitos com apenas três pistas de gravação, e trazem como marca registrada a incrível gritaria dos fãs americanos durante toda a apresentação.

Gilles Martin, filho do lendário e saudoso produtor dos Beatles, George Martin, e Sam Okell foram incumbidos de, a partir das fitas originais, melhorar a qualidade sonora, e afirmam terem conseguido cumprir a missão no resultado final. Quatro músicas foram adicionadas à nova versão de Hollywood Bowl: You Can’t Do That, Baby’s In Black, I Want To Hold Your Hand e Everybody’s Trying To Be My Baby. Além de versões em CD e digital, lançadas simultaneamente, o álbum também sairá em vinil de 180 gramas no dia 18 de novembro.

O lançamento ocorrerá uma semana antes do que o filme Eight Days a Week: The Touring Years, de Ron Howard, que é um documentário sobre a fase 1962-1966 dos Beatles, concentrada nos shows realizados pela banda naquela fase, apelidada de Beatlemania. A foto da capa do novo LP e do cartaz do filme foi feita pelo tour manager da turnê americana Bob Bonis. O lançamento original atingiu o segundo lugar nos EUA e o primeiro no Reino Unido, na época.

Lista das músicas da nova versão de Live At The Hollywood Bowl:

1. Twist and Shout [30 August, 1965]

2. She’s A Woman [30 August, 1965]

3. Dizzy Miss Lizzy [30 August, 1965 / 29 August, 1965 – one edit]

4. Ticket To Ride [29 August, 1965]

5. Can’t Buy Me Love [30 August, 1965]

6. Things We Said Today [23 August, 1964]

7. Roll Over Beethoven [23 August, 1964]

8. Boys [23 August, 1964]

9. A Hard Day’s Night [30 August, 1965]

10. Help! [29 August, 1965]

11. All My Loving [23 August, 1964]

12. She Loves You [23 August, 1964]

13. Long Tall Sally [23 August, 1964]

14. You Can’t Do That [23 August, 1964 – nunca antes lançada]

15. I Want To Hold Your Hand [23 August, 1964 – nunca antes lançada]

16. Everybody’s Trying To Be My Baby [30 August, 1965 -nunca antes lançada ]

17. Baby’s In Black [30 August, 1965 – nunca antes lançada]

The Beatles Live At The Hollywood Bowl:

The Beatles Live At The Hollywood Bowl (versão não oficial):

Morre Tony Barrow, assessor de imprensa dos Beatles etc

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Por Fabian Chacur

Quando a expressão Fab Four é citada, não há quem não se lembre do grupo habitualmente associado a ela, os Beatles. O que muita gente não sabe é que a tal frase foi criada por Tony Barrow, lá pelos idos de 1963. O assessor de imprensa da banda mais bem-sucedida da história da música nos deixou no último dia 14 (sábado), poucos dias depois de completar 80 anos. Sua importância na incrível história de John, Paul, George e Ringo não é pequena. Não mesmo.

Tony Barrow nasceu no dia 11 de maio de 1936, e começou sua carreira ainda adolescente, escrevendo sobre música no jornal Liverpool Echo. Paralelamente, passou a trabalhar na gravadora Decca, e foi ele quem ajudou o amigo Brian Epstein a conseguir para a banda da qual este era empresário um teste. Os Beatles acabaram reprovados, mas a amizade se firmou, e quando o grupo foi contratado pela EMI, Epstein convidou Barrow para trabalhar com ele na Nems Enterprises.

Na empresa, Tony se tornou o assessor (ou agente) de imprensa não só dos Beatles, mas também de outros artistas contratados por Epstein, como Cilla Black e Gerry & The Pacemakers. Entre suas funções estava organizar entrevistas coletivas, escrever press releases e textos de contracapas de LPs e acompanhar os artistas durante suas turnês. Ou seja, era trabalho duro, que ele fazia com muita qualidade e categoria.

Na foto que ilustra esta matéria, Barrow pode ser visto escolhendo e autorizando um jornalista a fazer uma pergunta aos Beatles durante uma coletiva. Vale lembrar que Paul McCartney seguiu esse modelo em suas entrevistas coletivas, pois participei de duas, em 1990 e 1993, e os profissionais eram escolhidos da mesma forma por seu agente da ocasião. Na de 1993, fui o último a ser autorizado a fazer uma pergunta ao Macca. Que emoção quase indescritível!

Barrow ficou com os Beatles até o final de 1967, sendo que um de seus últimos trabalhos para a banda foi editar o livreto que acompanhava o álbum (ou os compactos duplos) da trilha sonora do filme Magical Mystery Tour. Como Brian Epstein havia morrido há pouco e o grupo resolveu montar seu próprio selo, a Apple, o assessor de imprensa decidiu montar o escritório Tony Barrow International.

Aí é que entra o etc do título deste post. Barrow trabalhou com diversos outros artistas importantes, entre eles The Kinks, Bay City Rollers, Gladys Knight, David Cassidy, Jackson Five, Neil Sedaka e ironicamente os Monkees, grupo feito à feição dos Beatles para a TV americana. Em 1980, desanimado com a explosão do punk, resolveu abandonar o ramo de assessoria e voltou ao jornalismo, inicialmente como free lancer.

Em seguida, também passou a se dedicar aos livros, sendo um deles o influente Inside The Music Business, escrito em parceria com Julian Newey. Outros dois interessam e muito aos beatlemaníacos: The Making Of The Beatles Magical Mystery Tour (1999) e o livro de memórias John, Paul, George, Ringo & Me (2006). Paul McCartney tuitou sobre o antigo funcionário e amigo pessoal:

“Tony Barrow foi um cara adorável que nos ajudou no início dos Beatles. Ele era super profissional, mas sempre pronto para uma risada. Fará falta e será lembrado por muitos de nós”. Todo interessado na função de assessor de imprensa deveria estudar o trabalho deste grande pioneiro na área, um verdadeiro Fab One em seu ofício.

Day Tripper (live Candlestick Park 1966)- The Beatles:

The Beatles Live Candlestick Park 29,8,1966:

George Martin, esse produtor genial, nos deixa aos 90 anos

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Por Fabian Chacur

Pode um sim mudar não só a vida dos envolvidos em um determinado acontecimento, como também a história da música? Pois essa palavra mágica foi proferida em 1962 por um certo George Martin, contratando dessa forma os então desconhecidos e rejeitados Beatles para o pequeno selo Parlophone. O que aconteceu a partir dali, todos sabemos. Infelizmente, esse gênio nos deixou, por causas ainda não reveladas, aos 90 anos. O produtor por excelência.

Nascido na Inglaterra em 3 de janeiro de 1926, George Martin serviu a Marinha de seu pais e logo a seguir entrou na Guildhall School Of Music And Drama, na qual aprendeu composição, orquestração e a tocar o oboé. Ele começou a atuar no meio musical no Parlophone, pequeno selo ligado à gigante EMI, e depois de alguns anos se tornou o diretor de A&R de lá em 1955. Os discos de comédia que produziu para Peter Sellers e Peter Ustinov se tornaram famosos, e um de seus fãs era John Lennon.

Os Beatles e seu empresário Brian Epstein levaram sua fita demo para a Parlophone em total desespero, pois até ali já haviam sido rejeitados por literalmente todas as gravadoras atuantes na Inglaterra, incluindo a matriz do selo dirigido por Martin. A principal rejeição havia sido da Decca, e foi com as gravações que eles fizeram nos estúdios dessa gravadora que o grupo tentou seduzir Martin.

O produtor ouviu e não curtiu muito, mas teve sensibilidade suficiente para perceber que havia algo importante ali, só que ainda mal trabalhado. Em junho de 1962, ele resolveu contratar a banda, embora não botasse muita fé em seu baterista, Pete Best. A troca por Ringo Starr acabou ocorrendo durante as gravações do primeiro compacto da banda, Love Me Do. Surgia uma parceria histórica.

A colaboração entre George Martin e os Beatles se tornou perfeita pelo fato de o produtor ter uma formação musical sólida, que se tornou decisiva conforme os Fab Four foram ampliando os seus horizontes musicais. Além disso, tinha uma paciência interminável para encarar os egos daqueles jovens talentosos, como demonstrou ao sugerir a inclusão de um quarteto de cordas na gravação da música Yesterday, algo que Paul McCartney não admitia inicialmente.

Difícil imaginar álbuns elaborados como Rubber Soul, Revolver, Sgt. Peppers, The Beatles (o álbum branco) e Abbey Road sem a batuta de George Martin. Ele foi um dos responsáveis pela solidificação da aproximação do rock com a música erudita, e pela perfeita simbiose entre esses segmentos tão distintos do cenário musical.

A partir de 1965, Martin deixou a EMI e se tornou um dos primeiros produtores independentes na Inglaterra, além de criar seu próprio estúdio, o Air, que entre 1979 e 1989 teve uma filial na paradisíaca Montserrat, no Caribe, onde The Police, The Rolling Stones e Stevie Wonder gravaram. Pena que uma catástrofe tropical (o funesto furacão Hugo) acabou arrasando com aquele estúdio dos sonhos, anos depois.

Com o fim dos Beatles, George Martin continuou firme e forte sua trajetória. Trabalhou com Paul McCartney, o beatle mais apegado a ele, em Live And Let Die (canção tema de filme da franquia James Bond) e nos álbuns Tug Of War (1982), Pipes Of Peace (1983), a trilha do filme Give My Regards To Broad Street (1984) e Flaming Pie (1997).

Se tivesse trabalhado “apenas” com os Beatles, George Martin já mereceria canonização. Mas ele também produziu discos e faixas de outros grandes nomes da música, entre os quais America, Cheap Trick, Mahavishnu Orchestra, Jeff Beck, Kenny Rogers, Ella Fitzgerald e Neil Sedaka. Ele compôs música incidental para vários filmes, sendo a melhor a de Yellow Submarine (1968), com a sublime Pepperland.

George Martin gravou alguns discos, como Off The Beatles Track (1964), que traz versões instrumentais dos sucessos dos Fab Four. Em 1997, ele produziu a nova versão de Candle In The Wind, gravada por Elton John em homenagem a Princesa Diana. Em 1998, como forma de marcar a sua despedida da música, devido a problemas de audição que começavam a afligi-lo, ele resolveu lançar um CD de despedida.

Intitulado In My Life, o álbum trouxe onze composições dos Beatles e uma dele (Pepperland Suite) regravadas por astros da música como Phil Collins, Celine Dion, Bobby McFerrin e Jeff Beck, e atores como Goldie Hawn, Sean Connery, Robin Williams e Jim Carrey. O resultado ficou muito bom, e uma das marcas é o fato de ele ter trabalhado com o filho Giles Martin, que herdou o talento do pai e enveredou para o mundo da produção musical, com sucesso.

Para quem deseja saber mais sobre o profissional e o ser humano George Martin, vale assistir Produced By George Martin, documentário lançado em 2012 (saiu em DVD no Brasil) que dá uma bela geral em sua trajetória e traz depoimentos de Paul McCartney, Ringo Starr, Jeff Beck e outros. A humildade e a serenidade do cara eram impressionantes. Ainda bem que ele disse aquele sim no já distante ano de 1962. Eis o que eu chamo de um sim seminal!

Ouça o CD In My Life, de George Martin, em streaming:

Pepperland– George Martin:

Off The Beatle Track- George Martin And His Orchestra:

A coletânea Beatles 1 volta às lojas com DVD e videoclipes

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Por Fabian Chacur

Eu me lembro perfeitamente de como fiquei espantado em 2000 com o barulho que se criou em torno da coletânea 1, dos Beatles. O que poderia haver de tão surpreendente em uma compilação que trazia 27 faixas já lançadas anteriormente em inúmeros outros discos? Pois o álbum rapidamente se tornou um campeão de vendas, e em pouco tempo eu percebi a razão para que um disco aparentemente dispensável virasse um clássico.

A explicação estava bem na frente do meu nariz. Como o título entrega, a compilação reúne todas as músicas dos Fab Four que, lançadas no formato single, atingiram o primeiro posto nas paradas de sucesso americanas e/ou inglesas. Nunca um CD simples havia reunido tantas músicas clássicas de uma banda tão exponencial como essa. Para quem quisesse uma amostra de seu poder de fogo sem gastar muito, esse era o disco. E o público o comprou em quantidades industriais.

Quinze anos depois, com os direitos de lançamento dos sacrossantos fonogramas dos Beatles agora nas mãos da Universal Music, a compilação volta às lojas em diversos formatos, de acordo com as preferências da nova era. Um deles é uma belíssima dobradinha contendo uma versão remasterizada do CD original, capa digipack, livreto com 24 páginas repletas de fotos e informações e, melhor de tudo, um DVD com 27 clipes das músicas contidas no CD.

Na verdade, boa parte desses vídeos não seguem o que se tornou posteriormente um formato típico de videoclipes. São registros extraídos de shows ao vivo ou participações em programas de TV que acompanham as gravações originais de estúdio. A estética do clipe começou a surgir devido a um problema de necessidade física. Cada vez mais solicitados, os Beatles começaram a não dar conta de atender a todos os pedidos para participar de programas de TV.

Como forma de atender essa demanda sem ter de criar clones de John, Paul, George e Ringo, foram feitos vídeos, apelidados inicialmente de “promos”, que eram enviados às emissoras de TV. Isso começou a rolar a partir de 1965, e músicas como Day Tripper e We Can Work It Out foram das primeiras a merecer esse tipo de divulgação. Como marca, sempre o profissionalismo e o bom humor dos integrantes da banda.

Em um desses promos, por exemplo, enquanto seus colegas de banda aparecem dublando o áudio com seus instrumentos em mãos, Ringo Starr surge andando em uma bicicleta ergométrica. Com o tempo, as coisas se tornariam ainda mais sofisticadas, com direito ao minifilme de Penny Lane, o divertido registro em palco de Hello Goodbye e a histórica transmissão ao vivo via satélite de All You Need Is Love.

E temos também um simplesmente excepcional vídeo feito em animação em 2000 na época do lançamento original da coletânea para ilustrar Come Together que é um verdadeiro delírio visual, mergulhando de cabeça nos ícones simbólicos do grupo com direito a muita criatividade e bom gosto. Só esse já valeria a compilação.

Ver esses vídeos na sequência é admirar as incríveis mudanças ocorridas na trajetória dos Beatles em termos musicais e visuais em um curto período de sete anos. Alguns momentos são bem curiosos, como o clipe de Something, por exemplo, que reúne cenas dos quatro integrantes da banda com suas companheiras na época, respectivamente Yoko, Linda, Patty e Maureen, captadas casal por casal. O grupo estava perto do fim.

A qualidade da restauração de áudio e principalmente de vídeo é excelente, e torna essa nova edição de 1 muito interessante para o fã mais detalhista do grupo mais importante de todos os tempos. Existe também uma edição deluxe que traz CD, dois DVDs (o segundo traz 23 vídeos adificionais) e um livro com 128 páginas para os riquinhos.

Conheça o conteúdo das várias configurações de 1:

Disco 1 Áudio (CD) + Disco 1 Video (DVD)

1. Love Me Do

2. From Me To You

3. She Loves You

4. I Want To Hold Your Hand

5. Can’t Buy Me Love

6. A Hard Day’s Night

7. I Feel Fine

8. Eight Days a Week

9. Ticket To Ride

10. Help!

11. Yesterday

12. Day Tripper

13. We Can Work It Out

14. Paperback Writer

15. Yellow Submarine

16. Eleanor Rigby

17. Penny Lane

18. All You Need Is Love

19. Hello, Goodbye

20. Lady Madonna

21. Hey Jude

22. Get Back

23. The Ballad of John and Yoko

24. Something

25. Come Together

26. Let It Be

27. The Long and Winding Road

Disco 1 Videos Extras

Comentário (áudio) de Paul McCartney

Penny Lane

Hello, Goodbye

Hey Jude

Introdução (video) de Ringo Starr

Penny Lane

Hello, Goodbye

Hey Jude

Get Back

The Beatles 1+ (CD/2-DVD):

Disco 1 Áudio (CD) + Disco 2 Video (DVD):

1. Love Me Do

2. From Me To You

3. She Loves You

4. I Want To Hold Your Hand

5. Can’t Buy Me Love

6. A Hard Day’s Night

7. I Feel Fine

8. Eight Days a Week

9. Ticket To Ride

10. Help!

11. Yesterday

12. Day Tripper

13. We Can Work It Out

14. Paperback Writer

15. Yellow Submarine

16. Eleanor Rigby

17. Penny Lane

18. All You Need Is Love

19. Hello, Goodbye

20. Lady Madonna

21. Hey Jude

22. Get Back

23. The Ballad of John and Yoko

24. Something

25. Come Together

26. Let It Be

27. The Long and Winding Road

Disco 2 Video (DVD):

1. Twist & Shout

2. Baby It’s You

3. Words Of Love

4. Please Please Me

5. I Feel Fine

6. Day Tripper *

7. Day Tripper *

8. We Can Work It Out *

9. Paperback Writer *

10. Rain *

11. Rain *

12. Strawberry Fields Forever

13. Within You Without You/Tomorrow Never Knows

14. A Day In The Life

15. Hello, Goodbye *

16. Hello, Goodbye *

17. Hey Bulldog

18. Hey Jude *

19. Revolution

20. Get Back *

21. Don’t Let Me Down

22. Free As A Bird

23. Real Love

Disco 2 Video Extra:

Comentário (áudio) de Paul McCartney

Strawberry Fields Forever

* versão alternativa

Conheça os formatos da nova versão de 1, em vídeos promocionais:

John Lennon 75: dá para falar algo de inédito sobre o gênio?

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Por Fabian Chacur

Nesta sexta-feira (9), na qual John Winston (Ono) Lennon completaria 75 anos de idade, fica a pergunta: o que falar desse genial cantor, compositor e músico britânico que alguém já não tenha falado, escrito, comentado? A resposta pode ser essa aqui: e quem disse que o inédito é sempre o mais importante? O importante é dizer o que de fato importa, quantas vezes for necessário. Então, Imagine guy, essas palavras são para você!

John Lennon foi uma das figuras mais importantes e marcantes da história do rock. Nos Beatles, personificou o lado mais rebelde e incisivo, embora também soubesse ser romântico e sonhador. Aliás, um dos pontos fortes de sua criação artística é exatamente essa dualidade agressividade-romantismo, capaz de ir do protesto mais ácido à canção de amor mais emotiva e direta. Sempre com muita inspiração e entrega.

Influenciado por pioneiros como Buddy Holly, Chuck Berry, The Everly Brothers e tantos outros, esse nativo de Liverpool soube criar uma sonoridade própria, repleta de experimentação, paixão e intensidade, na qual boas melodias, harmonias vocais bacanas e grandes sacadas sobre a vida e como vivê-la sempre apareciam em cena.

Nos Beatles, deixou como marca canções do naipe de You Can’t Do That, Help!, Strawberry Fields Forever, Come Together, I Am The Walrus, I Want You (She’s So Heavy), todas repletas de conteúdo e intensidade. Aliás, em seus curtos 40 anos de vida, soube aproveitar para mergulhar fundo em sua obra, uma das melhores da história do rock and roll.

Fora dos Fab Four, construiu uma trajetória sólida e instigante como artista solo. Do sonho utópico de Imagine à dureza de Working Class Hero, da agressividade engajada de Gimme Some Truth ao romantismo doce de Oh! My Love, do experimentalismo gritado de Well Well Well à doçura poética de Watching The Wheels, o cara soube instigar seus ouvintes.

Sem medo de dizer aquilo que pensava, Lennon sempre foi contraditório, capaz de generosidade extrema e de crueldade também extrema, mas sempre dentro dos limites de um ser humano diferenciado. Errou, sim, mas nunca teve medo de admitir quando percebia que havia pisado na bola. Transparente, direto, franco, esse era o Lennon que ficou para a posteridade.

Após quase cinco anos longe de cena, que dedicou aos primeiros anos do filho que teve com Yoko Ono, que por sinal completa nesta mesma sexta-feira (10) 40 anos de idade, o astro britânico voltou à tona em 1980 com força total, proporcionando a nós músicas maravilhosas como (Just Like) Starting Over, Watching The Wheels e a intensa Beautiful Boy (Darling Boy), da qual faz parte um dos versos mais profundos jamais escritos:

“…life is what happens to you, while you’re busy making other plans…” (a vida é o que acontece a você, enquanto você está ocupado fazendo outros planos).

Aí, eu respondo à pergunta feita no início desse texto: pra que se obrigar a inventar algo inédito, se é possível se repetir mensagens positivas e que continuam tão importantes hoje como eram quando surgiram? Que as mensagens de John Lennon continuem sendo divulgadas, que continuem sendo apreciadas e que continuem nos emocionando.

Gimme Some Truth– John Lennon:

>Well Well Well– John Lennon:

What You Got– John Lennon:

Mind Games– John Lennon:

Beautiful Boy (Darling Boy)– John Lennon:

Ringo Starr, 75 anos: ainda o melhor baterista dos Beatles

Ringo Starr

Por Fabian Chacur

Nesta terça-feira (7), um certo Richard Starkey não só completou 75 anos de idade como garantiu que continuará tocando o instrumento musical que o tornou famoso mundialmente, a bateria. Bela notícia para os fãs do melhor rock and roll. E porque, em pleno 2015, ainda há quem o considere um músico medíocre, um mero sortudo, um quase coitado? Qual seria a razão?

Antes de qualquer coisa, Ringo Starr, um cara que merece mais do que ninguém usar “estrela” como sobrenome, é um sobrevivente. Em seus tempos de criança e adolescente, teve sérios problemas de saúde que davam a entender que o cara não duraria muito. Provavelmente todos os médicos que previam isso já estão do outro lado do mistério. E o cara aí, firme e forte, para nossa felicidade.

Mas vamos ao que interessa. Qual seria a razão pela qual acham esse cara um baterista ruim? Pois vamos aos argumentos contrários a essa tese pateta. Logo de cara: o cara entrou nos Beatles em 1962, e foi a partir daí que a maior banda de todos os tempos engatou uma terceira rumo ao estrelato. Ele era a peça que faltava. Exata, perfeita.

Vale lembrar que Pete Best foi sacado do time basicamente por suas limitações musicais. Se Ringo fosse ruim, não teria sido aprovado por John, Paul, George e principalmente por George Martin, o produtor do grupo. Mais: se aprovado em uma primeira instância, não teria durado muito. Afinal, eles nem se conheciam há tanto tempo assim. Não eram amigos quase que de infância, como os outros três. O que custaria dar um cartão vermelho a ele?

Ouvir os discos dos Beatles em sequência é admirar uma banda que já surgiu em um patamar alto e que, a cada novo trabalho, crescia a olhos vistos em termos técnicos e artísticos. Pode ser que individualmente não fossem os melhores músicos, mas, juntos, formavam um time simplesmente imbatível, capaz de façanhas musicais incríveis.

Vale a lembrança: John, Paul, George e Ringo sempre atuaram a favor das canções, e nunca em nome de egocentrismos típicos de outros músicos tecnicamente mais proficientes, mas que simplesmente não sabem a hora de parar de jogar notas fora. Nos Beatles isso nunca ocorreu. Cada acorde, cada vocalização, cada harmonia sempre tinha uma função positiva.

E Ringo era peça chave nessa história toda. Como uma banda com a diversidade de criação dos quatro de Liverpool poderia ter um baterista ruim? Como tocar rock and roll básico, country, soul, heavy metal, rock progressivo, vaudeville etc etc etc (e tome etc!) sem ter um cara versátil tomando conta da parte percussiva e rítmica? Com os resultados obtidos pelos Beatles, impossível.

Se no grupo que lhe deu fama mundial o cara arrebentou, não decepcionou na carreira solo. Emplacou singles e álbuns no 1º lugar das paradas de todo o mundo, maravilhas como Ringo (1973), Goodnight Vienna (1974) e Stop And Smell The Roses (1982), por exemplo, e hits como Photograph, It Don’t Come Easy, Six O’Clock e Wreck My Brain?

Se todos esses argumentos já não bastassem, a partir de 1989 o cara criou a All Starr Band, na qual tocou ao lado de alguns dos maiores e mais famosos músicos do cenário roqueiro. Entre outros, já marcaram presença por lá Levon Helm, Rick Danko, Peter Frampton, Jack Bruce, Joe Walsh, Billy Preston, Todd Rundgren, Mark Farner, Gary Brooker, Eric Carmen, Gregg Lake, Colin Hay, Steve Lukather etc (e tome outros inúmeros etc).

Você acha em sã consciência que esse povo todo tocaria na banda do Ringo se o considerassem um músico ruim, só pela grana? E vale a lembrança de que Starr também gravou com gente do porte de B.B. King, por exemplo, além de ser o único ex-Beatles a ter participado dos trabalhos de seus três ex-colegas.

Se depois de todos esses argumentos alguém continuar se atrevendo a rotular Ringo Starr como “músico medíocre” ou “o cara mais sortudo do mundo da música”, desculpem-me, mas não vou ficar aqui perdendo o meu tempo com a ignorância alheia. Ou melhor, a falta de capacidade de avaliar a musicalidade alheia. Prefiro ficar ao lado de gente como Ian Paice, do Deep Purple, um dos inúmeros fãs ilustres de Mr. Starkey. E estarei bem acompanhado.

Abbey Road- The Beatles-álbum na íntegra:

Blast From Your Past (coletânea) na íntegra- Ringo Starr:

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