Por Fabian Chacur

Praticamente ninguém discute que Whitney Houston (1963-2012) tinha uma das mais belas e bem treinadas vozes da história da música pop. Não é de se estranhar que tenha feito tanto sucesso.

No entanto, o jornalista Thales de Menezes, em matéria feita para a Folha de S.Paulo, levantou uma lebre bastante pertinente: a discografia da cantora americana não é das melhores.

Planejada desde o início de sua carreira solo para ser uma campeã de vendagens, Whitney não tinha muita liberdade para escolher o material que gravava. Resultado: seus álbuns de carreira são, sem exceção, bastante irregulares, sempre graças à presença de várias canções excessivamente formatadas para o sucesso.

Dessa forma, o melhor veículo para se apreciar sua voz maravilhosa são mesmo as coletâneas. Para ser mais preciso, The Best So Far, lançada em 2007 no Brasil pela Som Livre em parceria com a Sony.

Curiosamente, esta compilação não saiu no mercado americano, estando disponível no Reino Unido com o título The Ultimate Collection.

Nos EUA, a única coletânea disponível é The Greatest Hits, lançada em 2000 no formato CD duplo. No entanto, esse álbum não é nada recomendável, pois várias das canções mais balançadas aparecem em versões remix bem inferiores às originais, além de incluir algumas inéditas não muito bacanas.

The Best So Far tem como grande mérito a concisão. Traz 18 faixas que representam bem o que de melhor Whitney gravou entre 1985 e 2000, e nas versões originais.

No setor baladas, temos I Will Always Love You, I Have Nothing, Greatest Love Of All, Saving All My Love For You, Where Do Broken Hearts Go e Exhale (Shoop Shoop) como destaques.

O lado mais sacudido da obra da estrela surge em I Wanna Dance With Somebody (Who Loves Me), I’m Every Woman, How Will I Know, I’m Your Baby Tonight e It’s Not Right But It’s Okay, entre outras.

O CD pode ser ouvido de ponta a ponta e mostra como, mesmo em um contexto de música pop feita para vender muito, a cantora soube brilhar em termos artísticos.

Um pequeno problema, porém: como saiu em 2007 e a Som Livre ama tirar rapidamente seus produtos de catálogo, The Best So Far praticamente sumiu das lojas, tanto físicas quanto virtuais. Mas vale a pena ir atrás, pois se trata da melhor amostra do que de melhor essa fantástica intérprete gravou em sua carreira.

Curiosidades:

1) As melodias das baladas Greatest Love Of All e Didn’t Almost Have It All são muito semelhantes entre si. A explicação é simples: são do mesmo autor, Michael Masser, que também assina outro hit de Whitney, Saving All My Love For You. Essa, felizmente, é bem diferente das duas citadas… Apesar do autoplágio, as duas baladas são lindas.

2)I Wanna Dance With Somebody (Who Loves Me) e How Will I Know, que estouraram nos anos 80, são de autoria do então casal George Merrill e Shannon Rubicam. Eles ofereceram mais uma música de sua autoria à garota, que a recusou. Então, a dupla resolveu gravá-la por conta própria, usando o nome Boy Meets Girl. Sucesso. A canção, Waiting For a Star To Fall atingiu o top 5 nos EUA em 1988. O álbum com essa música, Reel Life, é uma aula de pop radiofônico bem feito.

3) A coletânea inclui dois duetos de Whitney com outras estrelas pop: When You Believe, com Mariah Carey (tema do desenho de longa metragem da Disney O Príncipe do Egito, de 1998) e If I Told You That, com George Michael (de 2000).

4) So Emotional tem como um de seus autores Billy Steinberg, um hitmaker de primeira linha. Também são dele Like a Virgin (Madonna), True Colors (Cyndi Lauper), Eternal Flame (Bangles), Alone (Heart) e I Drove All Night (Roy Orbison).

5) Em seu DVD Live At Union Chapel London (2004), David Byrne (ex-líder do grupo Talking Heads) surpreendeu seus fãs ao regravar um sucesso de Whitney Houston, I Wanna Dance With Somebody (To Love Me). Ficou bem legal!

Ouça I Have Nothing, com Whitney Houston: