Por Fabian Chacur

Entre os grandes astros do rock revelados na década de 60, a dupla Simon & Garfunkel marcou por sua impressionante fusão de rock, folk, country, pop e poesias de beleza arrebatadora.

Souberam como poucos registrar em belas melodias e letras inspiradíssimas os sonhos, a insegurança e a realidade dos jovens daqueles anos 60, aliás, de uma forma que se mostrou atemporal, no decorrer dos anos.

Após sua separação, em 1970, os amigos de infância Paul Simon e Art Garfunkel partiram para carreiras solo, gravando uma ou outra música em dupla durante aquela década, com raríssimas aparições ao vivo na TV ou nos palcos.

Nem é preciso dizer que quando eles anunciaram que fariam um show gratuito no dia 19 de setembro de 1981 no belíssimo Central Park, em Nova York, a comoção foi enorme.

Não só pelo retorno de um ícone dos sixties, como também pelo fato de ajudar a cidade a se livrar um pouco da dor do assassinato de John Lennon, ocorrido ali, pertinho do Central Park, que o ex-beatle amava de paixão, naquele triste 8 de dezembro de 1980.

Pois o espetáculo superou todas as expectativas, com a presença de aproximadamente 500 mil pessoas, que, em paz, ouviram os “old friends”, então às vésperas de completar 40 anos.

O show foi registrado em áudio e vídeo, para exibição inicialmente na TV americana e, em 1982, lançamento em álbum duplo de vinil.

Esse disco se mostrou fundamental para a redescoberta das músicas da dupla por uma nova geração, e vendeu milhões de cópias em todo o mundo, atingindo o sexto posto na parada americana.

The Concert In Central Park, a versão fonográfica, inclui 19 músicas (o CD é simples), com direito (no formato vinil) a um livreto de tamanho grande com as letras, ficha técnica e fotos, cuja reprodução no CD é do tipo qualquer nota.

O o show saiu em vídeo na época, e em DVD em 2003.

O repertório se divide entre músicas gravadas pela dupla, hits da carreira solo de Simon, covers de clássicos do rock e uma da carreira individual de Garfunkel, a então recente A Heart In New York.

A performance de Simon & Garfunkel é nunca menos do que arrepiante, pois os dois esbanjam não só impecável desempenho técnico, mas também muita emoção, que seus olhos brilhantes e marejados com aquelas lágrimas marotas entregaram de mão beijada.

Para cativar aquele mar de gente, apenas uma iluminação simples, um bom equipamento de som e mais nada. Como assim, mais nada? “Apenas” um dos repertórios mais perfeitos de qualquer show em qualquer época. Uma bala atrás da outra.

Acompanhados por uma banda de onze músicos que incluía feras como o baterista Steve Gadd e o saudoso tecladista Richard Tee, Paul e Art também se deram ao luxo de, em alguns momentos, ficarem no palco sós, no melhor estilo voz e violão (tocado com maestria por Simon).

Tente se imaginar frente a 500 mil pessoas valendo-se apenas de duas vozes e um violão para cativá-los. Deu tremedeira? Pois eles tiraram de letra.

O DVD inclui três faixas a mais do que o CD. São elas uma segunda versão (interpretada no bis) da empolgante Late In The Evening, a delicada Bookends e a até então inédita The Great Late Johnny Ace, que Paul Simon lançaria posteriormente em seu álbum solo Hearts And Bones.

Com suas belas vozes e impressionante inspiração, Simon & Garfunkel nos proporcionaram releituras de maravilhas como Mrs. Robinson (que abre o show), America, Scarborough Fair, April Come She Will, Slip Slidin’ Away e The Boxer.

O banho de interpretação que Art Garfunkel dá na maravilhosa Bridge Over Troubled Water, acompanhado apenas pelo piano de Richard Tee, é um tapa na cara com luva de pelica de quem contesta sua importância na dupla. E que tapa!

The Concert In Central Park é certamente um dos mais belos e importantes registros de um show da história do rock, e certamente será ouvido/visto para todo o sempre por quem é fã de música capaz de arrancar muita emoção a cada nova audição.

America, na versão de The Concert In Central Park: