Mondo Pop

O pop de ontem, hoje, e amanhã...

Tag: the kinks

The Kinks lançam uma boa coletânea celebrando 60 anos

Por Fabian Chacur

Como forma de celebrar os 60 anos de carreira dos Kinks, uma das bandas mais importantes da história do rock, serão lançadas duas coletâneas, disponíveis nas gloriosas plataformas digitais e também no exterior em CDs e LPs duplos (saiba mais aqui). A primeira delas acaba de sair, com suas faixas selecionadas pelos integrantes Ray e Dave Davies e Mick Avory.

As versões físicas das coletâneas trazem encartes luxuosos com fotos e textos sobre cada uma das faixas escritas por Ray, Dave e Mick, além de fotos. As versões contidas nesses álbuns foram remasterizadas a partir das fitas originais lançadas anteriormente. As canções aparecem em sequências temáticas com direito a hits, faixas essenciais de álbuns e lados B.

Eis as faixas de Kinks 60- The Journey- Part 1

CD1

SONGS ABOUT BECOMING A MAN, THE SEARCH FOR ADVENTURE, FINDING AN IDENTITY AND A GIRL:
1. YOU REALLY GOT ME (UK#1, 1964)
2. ALL DAY AND ALL OF THE NIGHT (UK#2, 1964)
3. IT’S ALL RIGHT (1964)
4. WHO’LL BE THE NEXT IN LINE (1965)
5. TIRED OF WAITING FOR YOU (UK#1, 1965)
6. DANDY (GERMANY#1, 1966)
7. SHE’S GOT EVERYTHING (1968)
8. JUST CAN’T GO TO SLEEP (1964)
9. STOP YOUR SOBBING (1964)
10. WAIT TILL THE SUMMER COMES ALONG (1965)
11. SO LONG (1965)
12. I’M NOT LIKE EVERYBODY ELSE (1966)
SONGS OF AMBITION ACHIEVED, BITTER TASTE OF SUCCESS, LOSS OF FRIENDS, THE PAST COMES BACK AND BITES YOU IN THE BACK-SIDE:
13. DEAD END STREET (UK#5, 1966)
14. WONDERBOY (1968)
15. SCHOOLDAYS (1975)
16. THE HARD WAY (1975)
17. MINDLESS CHILD OF MOTHERHOOD (1969)
18. SUPERSONIC ROCKET SHIP (UK#2, 1972)
19. I’M IN DISGRACE (1975)
20. DO YOU REMEMBER WALTER? (1968)

CD2
DAYS AND NIGHTS OF A LOST SOUL, SONGS OF REGRET AND REFLECTION OF HAPPIER TIMES:
1. TOO MUCH ON MY MIND (1966)
2. NOTHIN’ IN THE WORLD CAN STOP ME WORRYIN’ ‘BOUT THAT GIRL (1965)
3. DAYS (UK#2, 1968)
4. LAST OF THE STEAM-POWERED TRAINS (1968)
5. WHERE HAVE ALL THE GOOD TIMES GONE (1965)
6. STRANGERS (1970)
7. IT’S TOO LATE (1965)
8. SITTING IN THE MIDDAY SUN (1973)
A NEW START, A NEW LOVE, BUT HAVE YOU REALLY CHANGED? STILL HAUNTED BY THE QUEST AND THE GIRL:
9. WATERLOO SUNSET (UK#2, 1967)
10. AUSTRALIA (1969)
11. NO MORE LOOKING BACK (1975)
12. DEATH OF A CLOWN (UK#3, 1967)
13. CELLULOID HEROES (1972)
14. ACT NICE AND GENTLE (1967)
15. THIS IS WHERE I BELONG (1967)
16. SHANGRI-LA (1969)

Veja vídeos dos Kinks relativos às coletâneas:

The Kinks terão dois álbuns clássicos relançados em CD e LP

the kinks 400x

Por Fabian Chacur

Os Kinks foram uma das bandas mais bem-sucedidas em termos criativos da história do rock, embora tenham alternado momentos de altos e baixos em termos comerciais. A obra do grupo liderado pelo cantor, compositor e músico britânico Ray Davies sempre primou pela qualidade artística e criatividade, e merece ser reverenciada. A gravadora BMG relançará no dia 9 de setembro dois de seus álbuns.

Muswell Hillbillies e Everybody’s In Show-Biz saíram em 1972 e marcaram a estreia dos Kinks na gravadora RCA. Os álbuns chegarão ao mercado nas plataformas digitais e também em versões deluxe nos formatos físicos CD e LP de vinil, todos com direito a faixas-bônus e remasterizadas. Ambos mostram a banda mergulhada em sua experiência com estilos como music hall, country, bluegrass e hillbilly, com fortes tendências teatrais.

A 1ª faixa remixada a ser disponibilizada é uma das baladas mais lindas do songbook de Ray Davies. Trata-se de Celluloid Heroes, uma emocionante e emotiva homenagem aos heróis do cinema. Os dois álbuns merecem ser reavaliados como um todo, sendo que Everybody’s In Show-Biz também traz gravações ao vivo feitas pela banda no Carnegie Hall, na época.

Celluloid Heroes– The Kinks:

Morre Tony Barrow, assessor de imprensa dos Beatles etc

Tony-Barrow-WEB-400x

Por Fabian Chacur

Quando a expressão Fab Four é citada, não há quem não se lembre do grupo habitualmente associado a ela, os Beatles. O que muita gente não sabe é que a tal frase foi criada por Tony Barrow, lá pelos idos de 1963. O assessor de imprensa da banda mais bem-sucedida da história da música nos deixou no último dia 14 (sábado), poucos dias depois de completar 80 anos. Sua importância na incrível história de John, Paul, George e Ringo não é pequena. Não mesmo.

Tony Barrow nasceu no dia 11 de maio de 1936, e começou sua carreira ainda adolescente, escrevendo sobre música no jornal Liverpool Echo. Paralelamente, passou a trabalhar na gravadora Decca, e foi ele quem ajudou o amigo Brian Epstein a conseguir para a banda da qual este era empresário um teste. Os Beatles acabaram reprovados, mas a amizade se firmou, e quando o grupo foi contratado pela EMI, Epstein convidou Barrow para trabalhar com ele na Nems Enterprises.

Na empresa, Tony se tornou o assessor (ou agente) de imprensa não só dos Beatles, mas também de outros artistas contratados por Epstein, como Cilla Black e Gerry & The Pacemakers. Entre suas funções estava organizar entrevistas coletivas, escrever press releases e textos de contracapas de LPs e acompanhar os artistas durante suas turnês. Ou seja, era trabalho duro, que ele fazia com muita qualidade e categoria.

Na foto que ilustra esta matéria, Barrow pode ser visto escolhendo e autorizando um jornalista a fazer uma pergunta aos Beatles durante uma coletiva. Vale lembrar que Paul McCartney seguiu esse modelo em suas entrevistas coletivas, pois participei de duas, em 1990 e 1993, e os profissionais eram escolhidos da mesma forma por seu agente da ocasião. Na de 1993, fui o último a ser autorizado a fazer uma pergunta ao Macca. Que emoção quase indescritível!

Barrow ficou com os Beatles até o final de 1967, sendo que um de seus últimos trabalhos para a banda foi editar o livreto que acompanhava o álbum (ou os compactos duplos) da trilha sonora do filme Magical Mystery Tour. Como Brian Epstein havia morrido há pouco e o grupo resolveu montar seu próprio selo, a Apple, o assessor de imprensa decidiu montar o escritório Tony Barrow International.

Aí é que entra o etc do título deste post. Barrow trabalhou com diversos outros artistas importantes, entre eles The Kinks, Bay City Rollers, Gladys Knight, David Cassidy, Jackson Five, Neil Sedaka e ironicamente os Monkees, grupo feito à feição dos Beatles para a TV americana. Em 1980, desanimado com a explosão do punk, resolveu abandonar o ramo de assessoria e voltou ao jornalismo, inicialmente como free lancer.

Em seguida, também passou a se dedicar aos livros, sendo um deles o influente Inside The Music Business, escrito em parceria com Julian Newey. Outros dois interessam e muito aos beatlemaníacos: The Making Of The Beatles Magical Mystery Tour (1999) e o livro de memórias John, Paul, George, Ringo & Me (2006). Paul McCartney tuitou sobre o antigo funcionário e amigo pessoal:

“Tony Barrow foi um cara adorável que nos ajudou no início dos Beatles. Ele era super profissional, mas sempre pronto para uma risada. Fará falta e será lembrado por muitos de nós”. Todo interessado na função de assessor de imprensa deveria estudar o trabalho deste grande pioneiro na área, um verdadeiro Fab One em seu ofício.

Day Tripper (live Candlestick Park 1966)- The Beatles:

The Beatles Live Candlestick Park 29,8,1966:

Filme mergulha na alma de Ray Davies

Por Fabian Chacur

O Festival In-Edit, cuja quarta edição está sendo realizada em São Paulo e Salvador neste mês de junho, equivale à consolidação de um evento fundamental para aquele tipo de fã de música cujo objetivo é saber mais dos seus ídolos, ou de seus futuros ídolos, ou apenas para matar sua curiosidade musical. Não importa.

Um dos grandes momentos da programação desse evento maravilhoso em 2012 é Ray Davies: Imaginary Man (2010), com direção a cargo de Julian Temple, diretor britânico que tem em seu currículo clássicos como The Great Rock And Roll Swindle (1979) e The Filth And The Fury (2000), ambos sobre os Sex Pistols, e o filme Absolute Beginners (1986), além de outras obras e muitos clipes.

O documentário foi realizado em 2010, quando o líder dos Kinks havia acabado de lançar See My Friends, álbum solo no qual releu vários de seus sucessos ao lado de Bruce Springsteen, Jon Bon Jovi, Metallica e outros. Ray fala sobre o álbum quase que de passagem, pois a entrevista mergulha mesmo é em sua trajetória musical e de vida.

Não se trata de uma biografia daquelas completinhas. Quem deseja ver algo assim deve procurar o DVD You Really Got Me – The Story Of The Kinks, já resenhado aqui em Mondo Pop e disponível nas lojas brasileiras, ou então procurar o filme Do It Again, do jornalsta Geoff Edgers (2010, exibido no In-Edit 2011 e também resenhado aqui). Eles cumprem melhor essa função de dar uma geral na carreira da banda.

Imaginary Man é, na verdade, um delicioso bate-papo entre dois amigos, no qual Ray Davies relembra sua juventude ao rever locais importantes em sua vida, situados em Londres e nas imediações da capital inglesa. Em meio a isso, o astro fala sobre suas composições, os problemas que encarou como astro, seu temperamento e suas paixões.

Ora bem-humorado, ora levemente melancólico e frequentemente filosófico (sem ser chato, diga-se de passagem), Ray Davies nos revela um pouco do ser humano por trás de maravilhas como You Really Got Me, Tired Of Waiting For You, Waterloo Sunset, Celluloid Heroes, Superman, Low Budget e tantos outros clássicos do rock.

Ray está brigado há muito anos com seu irmão, o guitarrista Dave Davies, o que levou Julian Temple a fazer outro documentário, Kinkdom Come: Dave Davies, também exibido no In-Edit 2012 mostrando a visão de Dave da carreira dos Kinks. A chuva paulistana, no entanto, me impediu de ver esse. Buááááááá´!

Vale lembrar que boa parte dos filmes exibidos no In-Edit não entra no circuito comercial brasileiro, e nem ao menos é lançado por aqui nos formatos DVD ou Blu-ray. Ou seja, quem viu, viu. Quem não viu terá de correr atrás de cópias na internet ou coisa que o valha. O braço paulistano do In-Edit 2012 vai até domingo (10). Aproveitem!

Veja trechos de Ray Davies: Imaginary Man:

Ray Davies relê hits dos Kinks com estrelas pop

Por Fabian Chacur

Quanto mais descubro sobre a obra de Ray Davies, mais fico seu fã em termos musicais.

O cantor, compositor e líder dos saudosos The Kinks, banda britânica cuja carreira teve fim há 15 anos, merece a alcunha de autêntico gênio do rock and roll.

Em 2010, ele resolveu dar uma relida em 14 de seus momentos mais significativos como autor gravados originalmente por seu ex-grupo, acompanhado por amigos famosos de várias gerações.

O álbum gerado por esse projeto, See My Friends, foi lançado pela Decca Records (selo hoje integrante do conglomerado Universal Music), e é mais uma prova da natureza atemporal dessas canções.

O elenco é estelar, a começar por Bruce Springsteen, que divide microfones com Davies na belíssima Better Days, faixa de abertura do álbum e uma das menos conhecidas do set list, embora ótima.

Jon Bon Jovi e Richie Sambora, do Bon Jovi, participam de uma ótima versão da épica Celluloid Heroes, emocionada/emocionante homenagem aos heróis do cinema de todos os tempos.

O clima mais pesado fica por conta do Metallica, que encara You Really Got Me com fúria e resultado equivalente à célebre versão do Van Halen lançada nos anos 70.

Paloma Faith encaixa com perfeição a sua voz com a de Ray na sempre empolgante Lola, enquanto Amy MacDonald, uma das grandes revelações da atual geração da soul music, dá nova energia à ótima Dead End Street.

A voz áspera e gostosa de Lucinda Williams e o The 88 acrescentam muito a Long Way From Home, enquanto o grupo serve como ótima base para a releitura de David Watts, que alguns conheceram na regravação do The Jam nos anos 70.

Gary Lightbody ajuda Ray a reviver o eterno encanto da fascinante Tired Of Waiting, uma das minhas favoritas dos Kinks.

Billy Corgan, do Smashing Pumpkins, energiza bem All Day And All Of The Night, interpretada aqui em pot-pourry com Destroyer.

A nota triste fica por conta de ‘Till The End Of The Day, que reúne o The 88 e Alex Chilton, ex-líder das seminais bandas Box Tops e Big Star.

O resultado é ótimo, e esta foi a primeira gravação realizada para o projeto, no dia 4 de julho de 2009. A tristeza fica por conta de ter sido uma das últimas atuações de Chilton, que morreria no dia 17 de março de 2010, aos 59 anos.

No encarte, Ray Davies faz comentários sobre cada música, além de dar detalhes sobre cada releitura. A ficha técnica de cada faixa também está presente.

See My Friends é um daqueles álbuns que nos permitem uma ideia bem precisa da qualidade do trabalho artístico de um criador, no caso o genial Ray Davies. Uma delícia!

Veja Waterloo Sunset com Ray Davies ao vivo em 2010:

Jack White desmente Ray Davies, dos Kinks

Por Fabian Chacur

Uma saia justa daquelas acaba de rolar no mundo do velho e bom rock and roll, envolvendo dois artistas do primeiríssimo time.

Segundo informações do site da revista britânica NME (New Musical Express), Jack White acaba de divulgar um comunicado oficial.

Nele, o líder do extinto The White Stripes e também dos grupos Raconteurs e Dead Weather divulgou o seguinte:

“Os rumores sobre a participação de Jack White no filme Schoolboys in Disgrace são falsos. Ele tem grande respeito pelos Kinks, por Ray Davies e pelo diretor Bobcat Godthwait, mas não tem planos de gravar qualquer música em função desse filme”.

E porque esse desmentido? A explicação fica por conta de uma recente entrevista à rádio BBC de Londres, concedida por Ray Davies, cantor, compositor, guitarrista e ex-líder dos extintos The Kinks.

Nela, Davies falou abertamente sobre o suposto envolvimento de Jack White na nova adaptação para o cinema do álbum  Schoolboys In Disgrace (1975), dos Kinks, uma das mais influentes bandas da história do rock.

Ele chegou mesmo a definir como avaliava a participação do ex-integrante do White Stripes na trilha.

“Ele (White) é um grande músico e trará grande anarquia ao trabalho, o que tem tudo a ver com o script”.

O que será que aconteceu? Será que, em linguagem popular, Davies contou com o ovo antes de a galinha botá-lo? Ficou chato…

Após o anunciado fim dos White Stripes, Jack White está se mantendo meio fora de cena, exceto por uma participação rápida em um festival recente.

Como reconciliar os irreconciliáveis? Como?

Por Fabian Chacur

A resenha específica sobre Do It Again, o documentário que mostra no que deu o projeto maluco do jornalista americano Geoff Edgers de reunir novamente os Kinks, você já leu.

Agora, é a vez de um pouco de filosofia de vida barata, levando-se em conta momentos desse filme maravilhoso.

Os Kinks não voltam por causa do relacionamento complicado entre os irmãos Ray e Dave Davies.

Em entrevista emocionada, Dave explica no documentário que tentou várias vezes se submeter novamente à “ditadura” do irmão mais velho, mas que, graças às recusas, desencanou.

Aí, em um momento chave do filme, ele solta uma frase bombástica:

“Sabe quando o Ray foi feliz? Durante uns três anos, o período em que ele viveu e eu ainda não havia nascido”.

Depois, quase às lágrimas, disse ao entrevistador Edgers que explicaria o porque a banda nunca voltaria, mas sem ser filmado.

Não é difícil entender. Todos nós temos as nossas diferenças com outras pessoas, quer sejam parentes, amigos, colegas de trabalho ou coisa que o valha.

Tente lembrar de quantas vezes você tentou resolver algumas dessas brigas, e não teve sucesso. Quantas e quantas…

Quando essas pessoas por acaso integram bandas musicais de sucesso, essa situação geramente piora de forma exponencial.

Sting comenta sobre o caso do The Police em sua reveladora entrevista em Do It Again.

Ele afirma que uma das razões que os fizeram voltar para uma última turnê foi a emoção que perceberam que tomava conta das pessoas quanto esse assunto entrava em cena.

A reação entusiástica do público os alimentou nessa direção.

No caso dos irmãos Davies, isso infelizmente não ocorre.

Quer saber? Em seus mais de 30 anos de carreira, eles produziram muita coisa boa. Vamos ouvir esse acervo magnífico, e deixá-los em paz.

No entanto, adoraria que, mesmo que nunca mais toquem um único acorde de dó maior juntos, eles ao menos pudessem colocar as diferenças para lá e se reconciliar. Isso sim, seria lindo.

Mas, como bem sei por experiências pessoais, nem sempre isso é possível. Então, já dizia o poeta: let it be! Live and let live!

Veja o clipe de Sunny Afternoon, dos Kinks:

Veja o clipe de Tired Of Waiting For You, dos Kinks:

Documentário improvável mostra essência dos Kinks

Por Fabian Chacur

Você conseguiria reunir sua banda favorita, eventualmente fora de cena e com seus integrantes ainda vivos e com saúde, para tocar ao menos uma música ao seu lado?

Pois esse foi o “sonho maluco do Gugú” que o jornalista americano Geoff Edgers tinha em mente.

A banda em questão era The Kinks, um dos grandes marcos do rock britânico, e que foi para o espaço em 1996, após mais de 30 anos de brigas entre os irmãos Ray (vocal, guitarra-base e composições) e Dave Davies (guitarra solo e vocais de apoio).

Os cineastas suecos Mikel CeeKarlsson e Fredrik Egertrand resolveram se unir a Edgers no intuito de registrar essa tentativa amalucada.

Isso gerou o documentário Do It Again (2010), outro que está sendo exibido no festival In-Edit~Brasil, realizado em maio em São Paulo e no Rio.

Contra tudo e contra todos, mas contando com alguns apoios importantes, o jornalista consegue no fim das contas um resultado paradoxal: ele não concretizou seu sonho, mas tornou realidade diversos outros que, juntos, provavelmente são muito mais significativos do que o objetivo inicial.

Durante os deliciosos 75 minutos de duração do filme, Geoff Edgers é visto com sua família, sendo que a esposa se mostra obviamente contrariada com o projeto alucinado do companheiro, enquanto a linda filhinha pede um jantar com lagosta ao pai, se ele não tornar o sonho real.

Nesse meio-tempo, cenas de arquivo são exibidas e vários nomes famosos são contatados para entrevistas.

Alguns se recusam de imediato, tipo Dave Lee Roth, do Van Halen, que teve como um de seus primeiros sucessos a releitura de You Really Got Me, da banda britânica.

Mas gente importante dá apoio ao jornalista, como o lendário produtor Clive Davis, que dá uma simpática entrevista, o ex-The Jam Paul Weller, O ex-Soft Boys Robyn Hitchcock, Peter Buck, do R.E.M., a atriz e cantora Zooey Deschannel e outros.

Um em especial dá um banho de simpatia: Sting. Além de falar com prazer e conhecimento de causa sobre o grupo, ele toca músicas da banda, acompanhados pelo jornalista, que, após a gravação, pergunta ao câmera que registrou tudo: “isso de fato aconteceu?”

Na busca, Geoff Edgers vai até Londres e, por lá, consegue entrevistas importantes, a maior delas com Dave Davies, com quem consegue tocar.

Ray, no entanto, lhe permite apenas um contato rápido e sem registros em vídeo, após meses e meses de negociações.

Do It Again dá uma boa ideia de o porquê os Kinks são tão importantes para a história do rock, e também nos mostra uma grande realidade.

O que realmente impressiona não é o fato de os Kinks terem se separado há 15 anos e não darem o menor sinal de que voltarão à ativa, e sim o fato de Ray e Davies terem conseguido manter a banda por 32 anos,mesmo com o clima péssimo entre eles.

Veja o trailer de Do It Again:

Documentário mostra os sublimes The Kinks

Por Fabian Chacur

Os Kinks são uma daquelas bandas que fizeram tanta coisa boa em sua carreira que acabaram sendo influentes para públicos os mais distintos possíveis.

Nos aproximadamente 30 anos em que estiveram na ativa (dos anos 60 aos 90 do século passado), o grupo britânico construiu uma discografia que influenciou gêneros como o heavy metal, o hard rock, o punk, o britpop e muitos outros.

Acaba de sair no Brasil o DVD You Really Got Me – The Story Of The Kinks, que equivale a uma ótima oportunidade de se conhecer um pouco da trajetória desses caras.

Tudo nos Kinks girava em torno da genialidade do cantor, guitarrista base e compositor Ray Davies, hiper bem assessorado por seu irmão, o ótimo guitarrista solo Dave Davies.

Os caras brigaram muito durante a existência da banda, mas conseguiram fazer muita coisa boa.

O baterista Mick Avory se manteve com eles de 1964 até 1985, enquanto tivemos mudanças de tecladistas e baixistas durante esses anos todos.

De um início focado no rhythm and blues e no rock original dos anos 50, bem na praia dos Rolling Stones e Yardbirds, os Kinks logo de cara surgiram com os power chords de You Really Got Me e All Day And All Of The Time, base para o surgimento posterior do heavy/hard rock.

Com o tempo, a banda mergulhou na tradição da música de seu país, incorporando elementos de folk, vaudeville e toques medievais, até.

Depois, tivemos óperas rock, rock básico, heavy metal, pop e muito mais, sempre sem medo de ousar e mergulhar de cabeça na criação.

Sem se propor a contar a história da banda de forma muito formal, o documentário investe mesmo em trechos de entrevistas com os integrantes da banda e muita, mas muita música mesmo, ao vivo e em videoclipes.

A importância da fase inicial é bem ilustrada com uma sensacional versão de Milk Cow Blues, capaz de fazer até um zumbi dançar como se vivo fosse, de tão encapetada.

A quase lírica Celluloid Heroes e a inicialmente disco Superman, aqui em releitura alucinada, acelerada e irresistível, são também outros momentos fantásticos do documentário.

Destaco os trechos extraídos de One For The Road (1980), álbum ao vivo também disponível em DVD que flagra a banda no auge de sua fase “arena rock” nos EUA e na qual eles davam um banho de competência e garra no palco.

Tem a também divertida, contagiante e quase brega Come Dancing, de 1983, que virou um improvável hit graças à então iniciante MTV e certamente influenciou a posterior Walk Of Life (1985), do Dire Straits.

You Really Got Me – The Story Of The Kinks é uma ótima oportunidade de se mergulhar na obra dessa seminal banda inglesa, não tão badalada quanto mereceria ser, mas que certamente precisa ser melhor conhecida por quem é roqueiro de corpo e alma.

Veja Victoria ao vivo com os Kinks:

Veja espécie de clipe para Superman:

© 2024 Mondo Pop

Theme by Anders NorenUp ↑