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Zé Brasil inclui o tempero rural no seu som em Viola Paulistana

viola paulistana capa 400x

Por Fabian Chacur

Aos 73 anos de idade, o cantor, compositor e multi-instrumentista paulistano Zé Brasil continua esbanjando energia e criatividade. Na estrada do rock desde os anos 1970 (leia mais sobre ele aqui), esse grande e inquieto artista nos traz uma novidade interessante no seu trabalho que já se revela logo no título de seu novo álbum, lançado pelo selo Natural Records: Viola Paulistana.

Sim, este roqueiro de fé incorporou ao seu coquetel sonoro os acordes da viola caipira, uma espécie de resgate das origens interioranas de seus familiares. Ele se incumbe desse instrumento, além de cantar, tocar teclados e assinar os arranjos e programações.

A viola aparece nas 12 faixas de formas bem diversificadas,indo das convenções mais próximas da música caipira paulista influenciando as melodias até a mistura com rock, folk e psicodelia. Temos 3 instrumentais (Folia de Reis, Pingo D’Água e Para Andrea), colocadas estrategicamente após blocos de três canções cada uma, como se fossem interlúdios.

O álbum abre com as três composições que Brasil divide com outros parceiros. Gente Decente foi escrita com Gerson Conrad (ex-Secos & Molhados), e é um lindo e poderoso libelo a favor do povo brasileiro, que é visto como “simples objetos” pelos poderosos de plantão.

Das Terras do Sem Fim é parceria com Cezar de Mercês (ex-O Terço) e Silvia Helena, esta última a parceira de vida e trabalho do Zé, que se incumbe também de vocais principais e de apoio durante todo o álbum, e traz como destaque a guitarra psicodélica de Fábio Golfetti (Violeta de Outono).

Desvario fecha o bloco das parcerias, com letra assinada pelo jornalista e poeta Nico Queiróz, e traz uma melodia bem mais próxima das canções rurais mais tradicionais, sem cair na mera repetição do já feito, vale ressaltar.

Após a delicada e encantadora instrumental Folia de Reis, temos Rio da Vida, rock com uma letra filosófica mergulhando no que seria a vida, de onde vem e pra onde vai, com tiradas bem profundas.

Monte Verde homenageia a encantadora localidade mineira mesclando o clima folk rural de sua letra e estrutura com sonoridades de tons indianos executadas pela cabacítara do sempre afiadíssimo Ricargo Vignini. Pura Intenção, bela balada folk-rock, fecha bem este bloco.

A instrumental Pingo D’Água, bem curtinha e linda, antecede Viola Sertaneja, provavelmente o momento mais caipira raiz do álbum. A seguir, vem o rockão Naturalmente, aberto por um lindo solo de guitarra de Fernando Alge.

Terra dos Bem-Te-Vis, com estrutura também extraída do formato da música rural, é uma linda e emocionante homenagem a São Paulo, cidade que até o início do século XX era muito provinciana e próxima do espírito caipira. E é exatamente essa mistura com o urbano e o progresso acelerado que esta linda canção exalta, com todos os seus paradoxos.

Para Andrea (homenagem a uma das filhas de Zé e Silvia Helena) é faixa instrumental que encerra Viola Paulistana, com participação especial do celebrado guitarrista André Christovam. Vale destacar a participação de outros ótimos músicos no álbum, como Edu Gomes (guitarra e violão), Nivaldo Campopiano (guitarra, da banda Muzak) e Fred Barley (bateria).

Neste seu lindo mergulho por suas origens rurais que dura aproximadamente meia hora, Zé Brasil nos oferece um trabalho que é ao mesmo tempo fiel à sua sonoridade rock delicada e a suas temáticas fiéis à filosofia paz e amor dos anos 1960-70 e inovadora em seus nuances e misturas. Prova de que o cara que leva o nome do nosso país no sobrenome artístico ainda tem muita lenha pra queimar. Gente muito decente mesmo!

Veja vídeo do Zé Brasil ao vivo mostrando músicas do Viola Paulistana aqui.

Ouça o álbum Viola Paulistana em streaming aqui.

Terra dos Bem-te-vis– Zé Brasil:

Show no Sesc Pompeia exibe a influência da viola em SP

Viola Paulistana-400x

Por Fabian Chacur

A viola é um dos instrumentos mais marcantes da música rural brasileira. No entanto, ela também marca presença na urbana cidade de São Paulo. Como forma de exemplificar e festejar esse fato, será realizado o show Viola Paulistana, com sessões nesta quinta (30) e sexta (1º/7) às 21h no teatro do Sesc Pompeia (rua Clélia, nº 93- fone 0xx11-3871-7700), com ingressos de R$ 9,00 a R$ 30,00. Também será realizado no mesmo local, só que no domingo (3) às 15h, um encontro de luthiers de viola, com entrada gratuita que deve ser retirada uma hora antes.

Os shows trarão ao expectador a oportunidade de ouvir a viola caipira inserida em diversos contextos sonoros, indo desde os ritmos mais tradicionais, como polcas, guarânias, rastapés e modas de viola, até fusões com outros estilos musicais, uma forma de apresentar a versatilidade desse instrumento. Estão no elenco do show Cacique e Pajé, Arnaldo Freitas, Milton Araújo e Trio Tamoyo, com participações especiais de Índio Cachoeira e Marcos Azevedo.

Com mediação a cargo do pesquisador Fábio Nunes da Silva, do núcleo Diversitas, da USP, o encontro de luthiers será uma roda de bate-papos e palestras que ilustrarão a importância dos artesãos para a difusão e consolidação desse instrumento no Brasil . Estão escalados os luthiers Valmir Roza Lima, Raimundo Saraiva e Índio Cachoeira.

Pescador e Catireiro (ao vivo)- Cacique e Pajé:

Corredeira da Caveira (ao vivo)- Trio Tamoyo:

Brincando com a Viola (ao vivo)- Arnaldo Freitas:

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