prince3121 , novo CD de Prince, recoloca o cantor, compositor e multi-instrumentista no primeiro lugar da parada americana. Merecidamente. Por Fabian Chacur
O ano de 2006 já deixou algumas marcas interessantes no universo pop. Uma das mais importantes é o fato de Prince ter voltado a emplacar um de seus discos no primeiro lugar da parada americana. Isso não ocorria desde 1989, quanto a trilha do filme Batman se incumbiu de tal façanha. E não foi por falta de tentativas. Nesse meio tempo, o artista oriundo da cidade americana de Minneapolis lançou diversos discos de boa qualidade. Em meados dos anos 90, no entanto, sua briga com a gravadora Warner (da qual saiu finalmente em 1996, após quase 20 anos por lá) e o fato de usar um símbolo impronunciável no lugar do nome, levaram-no a ser encarado por imprensa e público como uma espécie de extraterrestre. Em 2004, após um raro período de sumiço em termos de lançamentos discográficos, voltou à tona com o excelente Musicology , sucesso de vendas e críticas. Além disso, reassumiu o nome de batismo. Seguiu-se uma turnê bem-sucedida, e, agora, este novo e ainda melhor novo trabalho, 3121 , que estreou na parada ianque direto no primeiro posto. Merecidamente.

3121 é uma espécie de profissão de fé de Prince no que ele sabe fazer de melhor, ou seja, funks, r&bs, baladas e canções delicadas. Nada de flertes oportunistas com tendências da moda, ou mesmo resgate de sonoridades de artistas anteriores a ele que já não tenham sido feito antes em seus 28 anos de trajetória discográfica. Ele retoma o espírito “banda do eu sozinho” que o norteou em diversos momentos de sua carreira, e se incumbe de guitarra, violão e teclados em todas as faixas, contando em algumas delas com o apoio de bateria, baixo, percussão e metais. A faixa título abre o disco com uma levada funk compassada, metais e guitarras ardidas. Lolita é pop-funk-rock de primeira, com riff mortal de teclados e um clima que lembra o dos seus hits do início dos anos 80, tipo Controversy   e 1999 . Duas baladas, as delicadas Te Amo Corazón e The Dance , tem um bem colocado tom latino, especialmente a primeira, com ares bossa nova e jazz. Fury é um pop rock a la anos 80, certeira, para levantar o astral em festas. Os fãs de baladas soul vão vibrar com Satisfied , enquanto em Beatiful Loved And Blessed , temos uma levada funk mais mansa, em ótimo dueto de Prince com sua nova protegida, a cantora e compositora Támar (que participa nos vocais de apoio em algumas outras faixas). Black Sweat se assemelha ao espírito funk minimalista da era Sign ‘O’ The Times , enquanto Incense And Candles pende para o lado baladeiro do rhythm and blues atual, só que sem cair em pastiche. Outra meio r&b é The Word , com violão acústico na frente e base eletrônica, além de um solo de guitarra matador. Love equivale a funk com riffs roqueiros e bons vocais de Támar. Get On The Boat encerra o CD no melhor clima funk anos 70, com influências do perene James Brown. 3121 é aquele tipo de disco que garante diversão a quem gosta de black music de qualidade, e prova evidente de que esse artista de 48 anos continua esbanjando energia, talento e criatividade.