Caetano VelosoPara desespero de seus (inúmeros) detratores, que não cansam de criticá-lo mais por conta de sua personalidade do que por seu (inquestionável) talento, Cae volta a inovar em seu novo 40o álbum, .

Deixando de lado os arranjos do maestro Jaques Morelenbaum, o cantor apostou em seu filho Moreno Veloso e Pedro Sá para a produção e para a formação do ‘power trio’ que o acompanham nos ‘rocks à la Los Hermanos’ que compõem boa parte do repertório.

Não se estranhe, no entanto, ao se deparar com um quasi rap, O herói, onde Caetano discorre de forma simples e descomplicada sobre o fim da democracia racial brasileira que reinava no imaginário nacional e que deu lugar a um cenário de violência generalizada nos guetos de norte a sul.

Nas demais faixas, Cae deixa à mostra as cicatrizes da separação com Paula Lavigne. “Eu não me arrependo de você, cê não me devia maldizer assim, vi você crescer, fiz você crescer, vi cê me fazer crescer também” canta ele na ótima Não me arrependo, onde Caetano expõe sua intimidade de uma forma quase que inédita nesses tantos anos de carreira. Imperdível.

Outro ótimo momento é Rocks, que como o próprio título diz é uma canção de rock onde o power trio mostra que poderá fazer um bom trabalho também nos palcos mostrando um bom entrosamento e pegada. O mesmo acontece na primeira faixa, Outro (que poderia fazer parte de Bloco de Eu Sozinho). Em ambas, fica claro que Caetano, diferente de Bob Dylan, canta melhor a cada ano que passa .

Um álbum de separação, um álbum de rock, e mais uma vez Caetano surpreende. Aliás, fico imaginando onde estarão os criativos “inimigos” de Cae aos 64 anos de idade. Façam suas apostas.