gang_of_four.jpgCampari Rock leva público massivo à Via Funchal, e Gang of Four dá banho de rock, com Cardigans também agradando ao público .

A pergunta que não quer calar: como quatro caras que já passaram dos cinqüenta podem despejar um coquetel energético tão potente, consistente e original ao vivo? Resposta: eles gostam muito do que fazem, e tem talento de sobra. Dessa forma, dá para resumir a performance alucinada dos britânicos do Gang Of Four, última e mais aguardada atração do festival Campari Rock, realizado em São Paulo na noite de quarta-feira, na Via Funchal. A trupe, que também inclui os suecos dos Cardigans, estará em Florianópolis amanhã e em Belo Horizonte no sábado.

A abertura em Sampa City ficou por conta do grupo cearense Montage, que, se não conquistou o coração do povão, também não tomou vaia e aproveitou bem sua chance. Liderado pela vocalista Nina Perrson, os Cardigans surpreenderam quem só os conhece pelo hit pop leve (e delicioso) Lovefool . Deram provas de que são uma banda coesa, que mistura new wave, folk rock, pop e até guitarras mais pesadas aqui e ali. O final do show, com a sensacional My Favorite Game , deixou todos com gosto de quero mais.

Mas a noite foi mesmo do Gang Of Four, e sua formação original, que lançou os essenciais Entertainment! (79) e Solid Gold (81). Seu pós-punk ora nervoso e elétrico, ora soturno e pesado, influenciou grandes bandas atuais, como Franz Ferdinand, Kaiser Chiefs e The Rapture. Mesmo com bons quilinhos a mais, o batera Hugo Burnham não deixou a peteca cair, bem assessorado pelo seguro baixista Dave Allen. A guitarra agressiva, minimalista e com direito a microfonias históricas de Andy Gill servia de contraponto à performance vibrante e quase desengonçada do vocalista Jon King. Não faltaram clássicos do seu repertório, entre eles At Home He’s a Tourist , Damaged Goods e Paralysed . A fantástica I Love a Man In a Uniform encerrou a apresentação com tudo. Estávamos bem próximos das duas da madruga, um frio do cão, mas ninguém arredou pé de lá.