bbking.jpgNão é todo dia que surge a oportunidade de se conferir um rei ao vivo. Um rei de verdade, não esses de monarquias falidas, que herdam o trono e pouco ou nada fazem para merecê-lo. O cidadão em questão é um negro americano de 81 anos, absurdamente humilde e simpático, e que, quando abre a boca ou enfia a mão nas seis cordas de sua guitarra, simpaticamente apelidada de Lucille, faz com que multidões se arrepiem por completo. Lógico que vocês já sacaram que estou teclando sobre B.B.King, cujo show de domingo (dia três de dezembro) eu tive a honra de conferir, na Via Funchal, em ótima companhia, uma platéia extasiada que saiu da casa de shows com a mão doendo, de tanto aplaudir.

Não é difícil entender o porque ele está há mais de cinco décadas na estrada, com sucesso constante e sempre abrindo espaços para novos seguidores, das mais distintas gerações. B.B.King canta absurdamente bem, com uma voz que consegue ser vibrante quando necessário, e doce nos momentos exatos. Sua guitarra, ora agressiva e quase heavy, ora deslizante e sutil, acerta no nervo de quem gosta não só de blues, como de música de ótima qualidade. Acompanhado por uma banda que se dividia entre o formato oito músicos (quatro metais, guitarra, baixo, bateria e teclados) e o de quatro (sem os metais), Mr.King nos proporcionou uma hora e meia de puro tesão auditivo, com direito a maravilhas do naipe de The Thrill Is Gone (para mim, o ponto alto de uma carreira maravilhosa), Rock Me Baby e até mesmo You Are My Sunshine e When The Saints Go Marchin’ In .

Simpático, conversou o tempo todo com o público, elogiou a mulher brasileira e convidou-nos a visitá-lo nos EUA, quando encerrar suas turnês mundiais. Grande performance, emocionante sob todos os pontos de vistas possíveis e imagináveis. Eis uma monarquia que merece ser reverenciada!