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Eu preciso andar um caminho só, vou buscar alguém
que eu nem sei quem sou…”

(Rodrigo Amarante)

Parece que fomos programados para lidar com a perda. Com a morte. Com o fim. Os nossos pais um dia vão nos deixar, os letreiros vão subir e aquele filme delicioso vai chegar ao seu final. É quase que natural que as coisas caminhem desta forma, ou até que elas deixem de caminhar.

Mas não é bem assim quando algo ou alguma pessoa nos deixa de alguma forma, e continua viva, ou que assim pudesse estar. Os álbuns, e agora os onipresentes arquivos de MP3 são algo pra lá de eternos. Ouço o John Lennon no meu Walkman como se ele ainda estivesse vivo, sinto o seu amor a Yoko entrar nos meus ouvidos como se os dois tivessem acabado de se casar, em Gibraltar. No entanto, John foi assassinado. Não temos como mudar isso.

Mas todo carnaval também tem seu fim. A minha última “banda do coração”, que misturava música, poesia, trava-língua, atitude, romantismo, acidez, e até um modo todo estranho de se vestir e agir acaba de “fechar as portas” como se fosse um botequim cujo o dono, cansado do balcão frio e dos bêbados, desistisse do negócio e se aventurasse por outras bandas.

Outras bandas? Imagino que este mesmo rapaz-homem-moleque que agora lamenta o fim da bandinha do coração daqui a pouco estará ouvindo o novo CD (ou MP3) do Marcelo Camelo com participações especiais de Adriana Calcanhoto, Marisa Monte, e Maria Rita. Ah, vou adorar!

Também irei ao show da Orquestra Imperial, do Rodrigo Amarante. Vou continuar me divertindo com suas geniais entrevistas. Coitada da imprensinha! Mas nunca mais verei um show dos Los Hermanos, nunca mais gritarei pelo Pierrot que chora pelo amor da colombina, etc…

Mas será que até lá, serei a mesma pessoa que sou hoje? Só os “discos” são eternos.