jack_johnson.jpgPor Fabian Chacur 

Em termos gerais, existem dois tipos de artista. Um, o dos que curtem experimentar, que radicalizam nas mudanças, e que, durante suas trajetórias, nos oferecem várias possibilidades sonoras. David Bowie se encaixa feito luva nessa descrição. Do outro, temos artistas que na fase inicial das carreiras encontram um espectro sonoro básico, dentro do qual passam a basear tudo o que fazem.

 James Taylor é um bom exemplo deste segundo perfil. Poderia citar inúmeros artistas bons e ruins, em ambas as searas. Para mim, um argumento imbecil é detonar um artista simplesmente porque ele não “inova”. Como se inovar fosse, necessariamente, sinônimo de coisa boa.

Parâmetros apresentados, analisemos Sleep Through The Static, quarto álbum do cantor, compositor e violonista havaiano Jack Johnson. Ídolo máximo dos surfistas, os trabalhos de Johnson passaram a agradar o público em geral. O mais recente entrou na parada britânica direto no primeiro posto, e deve ter performance parecida nos EUA, onde a trilha de Curious George (que inclui o mega-hit Upside Down) ponteou os charts da Billboard.

O legal é que o surfista conseguiu retorno comercial sem sair de suas preferências. Desencanado, canta uma mistura de folk, reggae e pop com pitadas de black music, valendo-se de arranjos minimalistas que enfatizam seu violão básico.

O novo CD aposta na fórmula “mais do mesmo”. If I Had Eyes, o ótimo primeiro single, soa levemente diferente do habitual, mas sem sair dos eixos. They Do, They Don’t apresenta contorno soul, e a faixa-título traz elementos políticos.

Se há uma crítica a ser feita a Jack Johnson, não é o fato de investir sempre em um mesmo rumo sonoro, e, sim, o de não conseguir extrair dessa praia algo um pouco mais consistente, como, guardadas as devidas proporções, faz James Taylor. De qualquer forma, a voz do cara é bem agradável, e seu som ignora modismos.

Videoclipe de If I Had Eyes:

http://www.youtube.com/watch?v=mVmbGsEtmFI