Por Fabian Chacur

 

Em 2006, a cantora baiana Márcia Castro faturou o Prêmio Brasken de Cultura e Arte em Salvador. Graças ao mesmo, conseguiu lançar em julho de 2007, pela via independente, o CD Pecadinho, que obteve até agora repercussão restrita aos formadores de opinião e antenados em geral. Agora chegando ao mercado com distribuição mais ampla, fruto de parceria com a Gravadora Eldorado, o álbum ganha nova chance para atingir o grande público. Tomara que consiga. Trata-se de um trabalho excepcional, de forte efervescência artística.

Márcia nasceu em 7 de dezembro de 1978, e iniciou sua carreira como cantora profissional em 2004. Pelo que a audição de Pecadinho nos proporciona em termos de prazer, a bela e sensual morena certamente aprendeu muito nos bares e teatros da vida, onde desenvolveu sua arte. Sua voz é deliciosa, com timbre doce que equivale a uma mistura de Adriana Calcanhoto, Marisa Monte, Céu e outras, mas esbanjando personalidade forte. O álbum investe em uma MPB moderna e miscigenada, repleta de elementos de ritmos regionais, bossa nova, rock, reggae, pop, funk de verdade, samba e o que mais pintar, juntando originalidade e acessibilidade. Dois grandes méritos de Márcia: escolha de repertório, que mistura canções de consagrados como Zeca Baleiro, Tom Zé, Jorge Mautner e Itamar Assumpção a nomes menos conhecidos mas talentosíssimos, entre os quais Luciano Salvador Bahia, J. Velloso e Manuela Rodrigues, e a produção, arranjos e direção musical a cargo do já citado Luciano. As participações especiais de Zélia Duncan (em Barulho) e Arto Lindsay (em Medo) são cerejas de um bolo delicioso. Pecadinho é uma dessas obras-primas que merecem vender muito, como forma de coroar a difícil façanha de conciliar qualidade artística e apelo comercial. Ouça as músicas citadas e também Queda, Futebol Para Principiantes, Rainha do Egito e Barraqueira e tente não chegar à mesma conclusão, se for capaz.

 

Ouça Queda, ao vivo, no Estúdio Showlivre:

 

http://br.youtube.com/watch?v=l3RCq9fx_JE