Rolling Stones - Dirty WorkPor Fabian Chacur

E a Universal dá continuidade a seu projeto de relançamentos de discos dos Rolling Stones. Agora, chegou a vez dos quatro álbuns de estúdio lançados por eles entre 1985 e 1997. São trabalhos irregulares que marcam o período em que o grupo liderado por Mick Jagger e Keith Richards tornou-se de vez refém dos mega espetáculos, que equivalem a shows com inúmeros músicos de apoio, recursos cênicos de última geração e concentração de esforços no repertório clássico, em função de as novas músicas não serem tão boas. Mas tem muita coisa de qualidade nesse meio. Vamos lá.

Dirty Work (1985) saiu quando a banda parecia próxima da separação, e reflete um pouco tal clima, soando um pouco burocrático. Mesmo sua faixa de maior sucesso é uma releitura extremamente fiel de Harlem Shuffle, sucesso nos anos 60 com a dupla Bob & Earl. E os Stones tinham como marca regravações totalmente personalizadas…. O reggae eletrônico Too Rude, a sacudida Back To Zero e o rockão One Hit (To The Body) são outros destaques. Curiosidade: em Back To Zero, temos participação não creditada do brasileiro Marku Ribas na percussão.

Steel Wheels (1989) vem com suas duas melhores faixas logo de cara: o rockão básico Sad Sad Sad e o rock mais melódico Mixed Emotions. Continental Drift (um bom flerte com a world music) e a vigorosa Rock And a Hard Place são os outros momentos mais significativos de um disco que não envelheceu bem.

Voodoo Lounge (1994) é o melhor dessa fase, com pelo menos seis faixas compatíveis com os clássicos da fase áurea da banda britânica. O rock swingado Love Is Strong, a irresistível You Got Me Rocking, a sacudida Sparks Will Fly, a balada crua The Worst e as bem românticas Out Of Tears e Blinded By Rainbows equivalem aos pontos altos. Se o disco tivesse umas 10 faixas, e não as 15 que possui, mereceria conceito ainda melhor.

Bridges To Babylon (1997) é de longe o pior desse período. A começar pela fraquíssima faixa de trabalho Anybody Seen My Baby?, sendo que a banda ainda de quebra teve de dar parceria a K.D. Lang, de cuja canção Constant Craving o refrão foi “emprestado”. Flip The Switch e Saint Of Me se salvam, e o resto fica naquele campo mediano que não faz bem a nenhum disco desse rock and roll que tanto amamos. E justiça se faça: esse pacote é o que tem a melhor apresentação visual, com bons encartes e tudo. Quem sabe o fato de todos terem saído já na era do CD explique isso, ou seja, foram pensados para tal formato, com a exceção de Dirty Work (cuja adaptação, no entanto, ficou bem legal). Mesmo sem serem obras primas, são discos da que o crítico e um dos meus ídolos no jornalismo musical Ezequiel Neves sempre chamou de “a maior banda de rock and roll do mundo”.

Confira o maravilhoso videoclipe de Love Is Strong:

http://www.youtube.com/watch?v=nccMRkQRHg8