Don_HenleyPor Fabian Chacur

O americano Don Henley é um desses raros casos de baterista que consegue não só se destacar em sua própria banda (no caso, os Eagles), como também desenvolver uma carreira solo notável. Cantor e compositor de alto calibre, ele não se sentiu na mão quando sua super banda de country rock se separou, no início dos anos 80. Até o retorno do grupo, no início da década de 90, lançou três ótimos trabalhos individuais. Só voltou a lançar um álbum solo em 2000, mas o nível de qualidade não caiu.

Para quem quer um resumo desse setor da carreira de Henley, acaba de sair no Brasil The Very Best Of Don Henley, uma boa coletânea ideal para o não iniciado, e também para quem não tem os discos originais e prefere um best of bem feito.

A explicação para tal afirmação é simples. Esta compilação tem onze faixas em comum com a outra coletânea existente no mercado, Actual Miles- Henley’s Greatest Hits (1995). Aliás, a ordem das dez primeiras faixas de cada compilação é exatamente igual.

Actual Miles inclui duas faixas até então inéditas (The Garden Of Allah e You Don’t Know Me At All) e Everybody Knows, que antes só havia saído em um disco que homenageava seu autor, o canadense Leonard Cohen.

Por sua vez, The Very Best deixou as duas inéditas de fora, inclui o cover de Cohen e acrescentou três faixas de Inside Job (2000), o mais recente disco solo do astro.

Ou seja, o colecionador que tem os discos anteriores e Actual Miles não precisa da nova compilação, pois tem todas as faixas da mesma, enquanto o fã casual será bem servido por The Very Best, que traz belo encarte com informações técnicas e excelente texto a cargo do mitológico crítico musical Paul Gambaccini.

Ao sair dos Eagles, Don Henley pretendia investir em uma sonoridade diferente do country rock que fazia até então, e se deu bem. As músicas que gravou em seus dois trabalhos solo iniciais, I Can’t Stand Still (1982) e Building The Perfect Beast (1984) são repletas de sintetizadores, com influências de new wave e do pop da época.

Embora tragam aquelas sonoridades que nos remetem a um período específico, não soam datadas, pois são muito boas. Desses dois álbuns, destaco as ótimas Dirty Laundry, The Boys Of Summer, All She Wants To Do Is Dance e Sunset Grill.

Em 1989, após dar uma sumida de cena, Henley voltou e se reconciliou com seu passado em The End Of The Innocence, embora ainda flertando com a modernidade. O disco tem ecos dos Eagles em New York Minute e The Last Worthless Evening (que a banda tocaria ao vivo em seu retorno nos anos 90). A parceria com o genial Bruce Hornsby gerou um megahit, a belíssima The End Of The Innocence, que lembra The Way It Is, de Hornsby. O album foi o mais bem sucedido da empreitada individual do cantor e compositor (na carreira solo, praticamente não toca bateria).

Embora não tenha feito tanto sucesso, Inside Job é ótimo, como comprova Taking You Home, incluída nesta coletânea. The Very Best Of Don Henley é a prova de que Don Henley soube se virar sem os Eagles, e de forma digna e consistente.

Confira The End Of The Innocence ao vivo:

http://www.youtube.com/watch?v=J4cuEAU9mXM