Big+Audio+DynamitePor Fabian Chacur

Após ter sido demitido em 1984 do grupo que ajudou a fundar, o lendário The Clash, o cantor, compositor e guitarrista inglês Mick Jones resolveu ir fundo em novas experiências musicais. Unindo-se ao diretor de documentários de rock e DJ Don Letts, e com um elenco de músicos, montou um novo projeto, o Big Audio Dynamite (o BAD). A banda durou dez anos, e foi uma das pioneiras na mistura de rock, música eletrônica, samplers de áudios de trechos de filmes e dance music. Acaba de sair no Brasil, e a preço bem acessível, a coletânea The Best Of Big Audio Dynamite, que faz um resumo bem competente do que de melhor os caras gravaram, com 15 músicas.

Do disco de estreia, o excelente This Is Big Audio Dynamite (1985), foram selecionados quatro clássicos. E=MC2 inclui falas de Mick Jagger extraídas do filme Performance, e tem uma batida rapidinha deliciosa. Medicine Show inclui falas de Clint Eastwood no célebre faroeste A Fistful Of Dollars, e possui um clima hipnótico. The Bottom Line é empolgante e bem eletrônica, enquanto Bad é funkeada. Em todas, temos o vocal maneiro e a guitarra sempre personalizada e minimalista de Mick Jones.

Das três faixas extraídas de No. 10 Upping Street (1986), a melhor é V Thirteen, bem rocker e improvável parceria de Jones com Joe Strummer, ex-colega do Clash que há apenas dois anos o havia expulso de lá. Coisas da vida. Aliás, a dupla também assinou, no mesmo CD, a boa e pesada Sightsee MC!, incluída nesta compilação. Vale lembrar que o BAD tocou no Brasil em 1987, com ótima repercussão de público e crítica. Eu estava lá! Eles tocaram no Palácio das Convenções do Anhembi, em São Paulo.

Dos medianos Tighten Up-Vol.88 (1988) e Megatop Phoenix (1989), foram escolhidas cinco faixas. A melhor é James Brown, homenagem ao rei do funk repleta de citações de músicas do saudoso mestre.

Em 1990, Don Letts e os outros músicos saíram do BAD, e Mick Jones seguiu em frente. O álbum The Globe (1991), que inaugura esse novo período, é bem legal, e traz dois petardos, ambos incluídos nesta compilação. Rush, fusão perfeita de rock básico, latinidade, funk e eletrônica (inclui sampler de Baba O’Riley, do The Who), estourou nos EUA, enquanto The Globe tem como base rítmica sampler de Should I Stay Or Should I Go, do Clash.

High Power (1994) e F-Punk (1995) foram os dois últimos lançamentos do BAD, e apenas uma música do primeiro entrou na compilação, a bem bacana Looking For a Song. Depois, Mick Jones resolveu partir para a carreira solo, e em 2002, montou o grupo Carbon/Silicon ao lado do ex-Sigue Sigue Sputnik/Generation X/Sisters Of Mercy (ufa!) Tony James, com quem já lançou alguns CDs. The Best Of Big Audio Dynamite é indispensável para fãs do pop/rock dos anos 80, e certamente ajudará a agitar sua festa temática.

Confira o videoclipe de Medicine Show:

http://www.youtube.com/watch?v=crjgjKp7Eao