Mondo Pop

O pop de ontem, hoje, e amanhã...

Perfil é coletânea prematura de Maria Rita

perfil_Maria_RitaPor Fabian Chacur

O grande problema em torno de Maria Rita é sua filiação e a expectativa que se criou em torno dela. Quando seu primeiro CD chegou às lojas, a gravadora Warner o divulgou com a frase promocional “Maria Rita – enfim chegou a cantora que todos esperavam”. Não podia prestar. Ninguém merece surgir com tanta expectativa em torno de si. Ainda mais se a pessoa em questão for filha de Elis Regina, a melhor cantora da MPB de todos os tempos, e de César Camargo Mariano, um dos maiores tecladistas e arranjadores do país. A prematura coletânea Perfil, que a Som Livre acaba de lançar, ressalta bem essa sina da intérprete.

Em seus quase sete anos de carreira, Maria Rita lançou apenas três discos. Meio esquisito uma coletânea nesse momento, com tão pouca coisa lançada. Enfim, coisas da vida e da combalida indústria fonográfica brasileira. Perfil inclui 16 faixas, com direito a encarte luxuoso com todas as letras. Cinco canções foram extraídas de Maria Rita (2003), CD de estreia, que na época parecia irregular e hoje soa como o melhor da trinca. Tudo bem que Festa, momento menor de Milton Nascimento, é uma das piores faixas de trabalho de todos os tempos de uma artista badalada, mas Cara Valente é bacana, e Encontros e Despedidas, embora seja muito inferior às gravações de Simone e do autor Milton Nascimento, é aceitável para um primeiro disco. Ficava a impressão de que a moça poderia melhorar.

Segundo (2005), o (adivinhe?) segundo CD da moça, conseguiu ser ainda mais irregular do que o anterior, e entra com cinco canções neste Perfil. Aquele sabor requentado de MPB dos anos 70 temperado por uma voz afinadinha mas que soa apenas como uma cópia da de Elis mãe não agrada nem nas inéditas, nem na releitura inconsistente de Minha Alma (A Paz Que Eu Não Quero). A toalha começava a ser jogada.

A coisa pega ainda mais nas seis de Samba Meu (2007, outro título bem “original”), trabalho que a moça dedicou ao samba. Para cantar o mais brasileiro dos ritmos, é preciso ter swing, malícia, malemolência, algo que não faz parte do repertório de Elis Júnior. O resultado é um disco insosso, com dois momentos constrangedores, a fraquíssima Num Corpo Só e a caricata Corpitcho. Salva-se O Homem Falou, de Gonzaguinha, muito em função da ótima participação especial da Velha Guarda da Mangueira. De realmente diferente, só o visual da moça, agora usando cabelos longos. Felizmente, não incluíram Não Deixe o Samba Morrer (que ela cantou no DVD ao vivo referente a Samba Meu), que ficou a anos luz da versão perfeita de Alcione.

Se não tivesse os laços sanguíneos que tem e o apoio forte da multinacional Warner, Maria Rita certamente estaria hoje perdida em meio à verdadeira avalanche de cantoras que surgiram no cenário da MPB desta década. Nem ruim, nem boa, mediana. Provavelmente um dos maiores defeitos que um artista pode ter.

Confiram Não Deixe o Samba Morrer ao vivo, com Maria Rita:

http://www.youtube.com/watch?v=iDPLB4dL3zI

3 Comments

  1. Fabian, Eu realmente não entendi este lançamento do Perfil de Maria Rita.Três discos já é pra fazer coletânea?Tá parecendo aquele The Best of Libertines que ao ver na FNAC me fez rir.

    Eu fui – achei o ingresso- no dia 15/09/2003 no show da Maria Rita no primeiro CD ali, naquele lugar que se chamava Pallace que agora vive trocando de nome.Estava como pode ver na data, naquele show que a Marta Suplicy foi chamada de Martaxa no público e parou nos jornais.César Camargo Mariano na primeira fila, quando ele apareceu todo mundo se levantou e aplaudiu (e não parava de apalaudir!).
    Realmente, foi um show muito bom para quem estava lançando o primeiro CD.Me impressionou.

    O caso da Maria Rita foi da artista que andou para atrás.Regrediu a olhos vistos.O Segundo é chato pra dedéu, o Samba Meu mais chato ainda, e tomara que ela nem lance o quarto se não morrerei de tédio.

    Mas de uma coisa eu discordo de você: o primeiro CD é legal pacas.Me lembro dela no Pallace(?)(eu ainda chamo o Pallace de Pallace oras, he he he) encerrando o show com Todo Carnaval Tem Seu Fim , música dos Los Hermanos.Achei que ela teria MUITO mais a oferecer.

    Saudações, Chacur!!!

  2. Errata:
    Marta Suplicy foi chamada de Martaxa PELO público e parou nos jornais.

  3. Bem, Carla, na minha opinião o primeiro disco já não era lá essas coisas, e só melhorou na comparação com os posteriores. Na época, merecia um seis. Hoje, quem sabe um seis e meio, sete no máximo, enquanto os posteriores merecem cinco e quatro eheheheheh Valeu pelas lembranças, e pela visita. Tuuuuudo de bom!!!!

Leave a Reply

Your email address will not be published.

*

© 2024 Mondo Pop

Theme by Anders NorenUp ↑