Quando li uma crítica sobre o filme Aconteceu Em Woodstock (Taking Woodstock), de Ang Lee, me chamou a atenção o fato de o analista ter ressaltado o fato de o mesmo incluir pouca música.
Em um primeiro momento, achei a colocação pertinente, e pensei que o filme realmente não deveria ser exatamente uma maravilha. Até que a curiosidade me levou a entrar na sala de cinema. E me dei bem!
Logo de cara, afirmo que o filme tem, sim, música suficiente. O que ele não é, de fato, é um novo documentário sobre o evento em seu lado musical. Afinal de contas, já existe um, e perfeito. Para que dois?
Taking Woodstock aborda um dos grandes eventos da história do rock em seu aspecto social e humano. Ele é inspirado no livro Taking Woodstock: A True Story Of a Riot, A Concert And A Life, de Elliot Tiber.
Nele, Tiber, um jovem decorador de interiores em 1969, tenta achar a solução para o Hotel El Monaco, mantido pelos pais e à beira da falência. Até saber que o festival de Woodstock precisava de um local para ser realizado.
Mexendo seus pauzinhos, Tiber consegue fazer com que o vilarejo de Bethel aprovasse a vinda de Michael Lang e os outros organizadores do grande show para lá.
Afinal, Woodstock era só o nome do festival, que não conseguiu usar como sede aquele lugar que na época tinha moradores como Bob Dylan.
Taking Woodstock, o filme, mostra exatamente os confrontos entre alguns moradores do lugar contra aquela montoeira de cabeludos que invadiram a região, e também os que se adaptaram rapidinho ao espírito de mudanças.
De careta e nerd, Elliot Tiber assume a homossexualidade, revoluciona a vida dos pais e testemunha de pertinho as mudanças comportamentais proporcionadas pelos anos 60. Para o bem ou para o mal? Para sempre!
O filme é divertido, emociona e também traz uma belíssima representação do que seria uma experiência com o LSD, a droga da moda naquele 1969.
A trilha de Taking Woodstock é sublime, e não se prende às músicas tocadas pelas bandas e artistas solo no evento, nem se restringe apenas a gravações de quem participou do mesmo.
Isso explica a entrada de músicas dos Doors (Maggie M’Gill, que nem havia sido lançada em 1969) e do Love (The Red Telephone, fantástica, usada na trip de ácido).
Os quatro temas incidentais e instrumentais de Danny Elfman, que também conhecemos como cantor, compositor e líder do extinto grupo pop Oingo Boingo, são belíssimos.
Richie Havens regravou a sua célebre Freedom especialmente para o filme, mantendo a sonoridade acústica e o pique da versão original. E hoje ele tem dentes, ao contrário de em 1969…
China Cat Sunflower, do Grateful Dead, é outro belo momento. Curiosidade: o genial Bruce Hornsby, que nos anos 90 tocou teclados em shows da banda, aproveitou trechos da mesma para compor a fantástica Sunflower Cat (Some Dour Cat-Down With That) em 1998, faixa de seu CD Spirit Trail.
Aconteceu Em Woodstock é isso, o registro de alguém que estava lá, no olho do furacão, e que compartilha conosco suas impressões sobre aquele momento em que o rock parecia transcender os limites de apenas música popular, rumo ao pedestal das coisas que de fato importam na vida. De onde nunca mais saiu, diga-se de passagem.
April 7, 2010 at 4:45 pm
Eu nunca fui aquela fããã~do LOVE. Sempre achei uma banda legal e pronto.
Até questionei o fato do Da Capo parar no 1001 albuns para você ouvir antes de morrer.Não colocaria o Da Capo nesta lista, apesar de ser um álbum legal.
Mas ultimamente estou revendo a minha opinião sobre eles.
O The Red Telephone do LOVE é do Forever Changes.
É melhor a gente começar a ouvir este álbum melhor, porque acabei achando outra “sonzeira” no meio dele.
Será que você FINALMENTE se rende a eles?rsrsrs
Saudações, Chacur!