por Fabian Chacur
Em 1977, Billy Joel se preparava para lançar o seu quinto álbum. Até ali, ele havia conquistado uma popularidade mediana, especialmente graças a suas ótimas performances ao vivo. Faltava algo para torná-lo um astro.
Esse algo era uma dessas canções mágicas, que por alguma razão misteriosa se transformam em chaves do estrelato. Que mudam o futuro de quem as compõe, e traz brilho a quem a lança.
No caso de Mister Joel, esse momento único atende pelo título Just The Way You Are. A balada de levada latina ajudou a tornar o tal do quinto álbum que sairia a seguir, The Stranger, em um divisor de águas em sua trajetória.
Just The Way You Are virou a Yesterday do cantor, compositor e pianista americano, vendendo milhões de cópias, sendo regravada pelo Planeta Terra (incluindo uma releitura maravilhosa de Barry White) e o tornando um grande vendedor de discos.
The Stranger foi relançado em 2008 em uma belíssima edição especial dupla. A versão remasterizada do álbum original prova que o disco vai muito além de ser apenas aquele que contém a chave do artista rumo ao estrelato.
Movin’ Out (Anthony’s Song), que abre The Stranger, é uma prova da excelência de Joel. Balançada, vibrante, tocou bastante em nossas rádios, onde ficou conhecida como a “melô do cacá”, por causa do efeito sonoro gerado pela repetição das sílabas “ack-ack-ack”.
A épica Scenes From An Italian Restaurant mostra influências dos Beatles, sendo que Joel a considera uma tentativa de repetir o clima do lado B da versão de vinil do célebre Abbey Road.
A delicadeza de Vienna, o pique dançante deliciosamente pop de Only The Good Die Young, o romantismo inspirado da balada She’s Always a Woman e a levada quase disco music de Get It Right The First Time também empolgam.
O segundo CD é um brinde maravilhoso. Trata-se de gravação ao vivo com qualidade técnica impecável de show realizado por Joel no dia 3 de junho de 1977 no lendário Carnegie Hall, em Nova York.
No show, ele mostra versões ainda incompletas (mas já interessantes) de Scenes From An Italian Restaurant e Just The Way You Are. É curioso ouvir o arranjo inacabado e a reação apenas morna da plateia para esta última, que pouco depois arrancaria urros do público a cada nova apresentação.
Ele também canta uma canção até então inédita e que não entraria em The Stranger, a boa She’s Got a Way.
Temos também momentos importantes de seus discos anteriores, com destaque para New York State Of Mind, Say Goodbye To Hollywood e Captain Jack.
A voz potente e encorpada de Joel e seu entrosamento com a banda de apoio tornam a coisa ainda melhor.
As influências de Elton John são nítidas, mas nunca soando como cópia. Não é de se estranhar que, décadas depois, eles fariam shows juntos, sendo que existe um DVD de uma dessas apresentações rolando por aí.
Aguardem, em breve, crítica do mesmo por aqui.
January 7, 2010 at 4:39 pm
Oi, Fabian
Aqui é o André Luiz do Rio de Janeiro, nem sabia que este Cd tinha sido lançado aqui,que mi8lagre!!! Dei uma olhada no site da Livraria Saraiva e está a um preço bem em conta (R$29,90) e é uma pena que essas reedições sejam mau divulgadas e um exemplo disso recentemente é a Warner que editou aqui sem muito alarde as versões deluxe dos albuns Atlantic Crossing e A Night on the Town de Rod Stewart e a Sony lançou cinco Cds remasters dos The Byrds(incluindo a versão dupla do album Sweatheart of the Rodeo). Aproveito tambem para lhe dar nota 10 já que é a primeira vez que leio um texto bacana sobre Billy Joel sem ranço e sem preconceito. Aliás aqui cabe uma pergunta e não sei se você pode responder: Por que há tanta implicância de boa parte da imprensa em relação a determinados artistas americanos como Bruce Springsteen, Bob Seger, Eagles alem do próprio Billy?
Abraços e ótimo 2010
André Luiz
January 9, 2010 at 1:49 pm
Caro André Luiz:
Se você curte mesmo Billy Joel, compre essa edição especial de The Stranger sem falta. Além do disco ser maravilhoso, o tratamento dado a ele é fantástico, e o disco ao vivo que vem como atração extra serve como prova do talento desse grande cantor, compositor e músico, daqueles que segura a onda ao vivo, sem precisar de truques de estúdio para soar melhor.
Vou tentar responder as suas duas perguntas:
1)As representantes das grandes gravadoras internacionais no Brasil normalmente não costumam informar os jornalistas especializados em música dessas reedições, especialmente a Warner, que é muito relaxada nesse aspecto. A Sony (que hoje também possui o riquíssimo acervo da BMG) não fica atrás. Então, muitas vezes a gente só fica sabendo desses relançamentos seminais quando os vê jogadas nas lojas de discos, ou nos sites. Tem também outro ponto: às vezes, uns poucos e sortudos jornalistas das Veja, Folha de S.Paulo e O Globo da vida os recebem, e os ignoram, não escrevendo uma única linha sobre os mesmos. O horror, o horror….rsrsrsrs
2)Infelizmente, há um certo preconceito por parte de boa parte da crítica especializada em música no Brasil em relação aos artistas que fazem parte do mainstream do rock americano, entre os quais Bruce Springsteen, Bob Seger , Billy Joel e The Eagles se encaixam feito luva. Por preconceito, esses críticos ou não se aprofundam nas obras desses artistas, ou simplesmente os ignoram pela razão de eles venderem milhões de cópias de seus trabalhos e lotarem os locais onde se apresentam ao vivo. Billy Joel é brilhante. Lógico que não acerta sempre, mas já lançou muita coisa boa, e tem muitas qualidades: toca bem, canta bem, compõe bem, é versátil…… Para mim, Allentown é uma das melhores músicas dos anos 80, isso para citar só uma dessas maravilhas que tal cidadão gravou. Só posso te dizer uma coisa: tenho pena de quem ignora esse tipo de artista, pois perde música de ótima qualidade, feita com emoção, qualidade e estilo!
Espero ter respondido suas perguntas da melhor forma possível. Grande abraço, muito obrigado pela visita e volte sempre, pois tenho um prazer imenso em trocar figurinhas com pessoas com o seu conhecimento musical que você demonstra ter. E de quebra, desejo a você um 2010 maravilhoso, com direito a muita música de qualidade!!!!!