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Legião Urbana: um certo show em 1984

Por Fabian Chacur

Se estivesse vivo, Renato Russo teria completado 50 anos de idade em março. Isso me motivou a relembrar o primeiro dos três shows que tive a oportunidade de ver de sua banda, a Legião Urbana, amada por uns, odiada por outros.

Rolava o ano de 1984. O mês, se não me falha a memória, era o de junho. Em São Paulo, a equipe do Centro Cultural São Paulo, quase ao lado da estação Vergueiro do metrô, vivia momento de grande efervescência.

Vários projetos musicais legais rolavam por lá. Um deles reuniu, em uma sábado de 1984 (repito: o mês deve ter sido junho), uma seleção de grupos de rock da agitada cena nacional.

A ênfase da escalação do elenco enfocava os grupos daqui, mas teve gente de fora também. O evento começou lá pelo início da tarde e foi até aproximadamente 20h. Absolutamente de graça, e realizado em palco montando em um espaço na parte de fora do Centro Cultural.

Uma das bandas que abriu a festa roqueira foi exatamente a Legião Urbana. Na época, embora já bastante badalados pela imprensa carioca, ainda não haviam lançado disco. Seus shows nas pequenas casas noturnas de rock de Sampa City haviam atraido alguma atenção da imprensa paulistana.

Naquele tempo, eles eram um trio, com Renato Russo se incumbindo de baixo e vocal, secundado por Dado Villa Lobos (guitarra) e Marcelo Bonfá (bateria). A recepção inicial da plateia foi fria.

Quando, entre uma música e outra, Russo disse que havia passado fome em nossa cidade, tomou uma bela vaia para deixar de ser mala. A curta performance do então novato trio brasiliense passou praticamente despercebida.

No mesmo evento, tivemos show da primeira formação da banda Zero, que já tinha Guilherme Isnard nos vocais. Eles tinham como música de destaque um rock de título Eu Quero Votar Pra Presidente.

Pouco depois, a escalação mudaria por completo, mantendo apenas o cantor, com o guitarrista (Fábio Golfetti) e o baterista (Cláudio) montando o Violeta de Outono e o baixista (Beto Birger), o Nau. Bandas, por sinal, bem melhores do que o Zero, que tornou-se famosa posteriormente graças ao hit Agora Eu Sei.

A banda que teve a honra de encerrar a programação foi o então badalado Coke Luxe, banda de rockabilly liderada pelo saudoso cantor e guitarrista Eddy Teddy. Eles lançaram um LP e um compacto simples pela Baratos Afins.

Quem poderia prever que a Legião iria tão longe? Para constar: os dois outros shows que vi da banda foram em 1986 e 1990, ambos no Ginásio do Ibirapuera e com direito a casa cheia, eventuais tumultos e comoção coletiva. Mas isso é história para ser lembrada outra hora.

2 Comments

  1. Uma pena que não existia câmera digital em 1984. Seria demais ver uma gravação do Renatão falando que passou fome em SP.

    O que ajudou a Legião ser um sucesso foi sem dúvida a empatia do público em relação ao Renato Russo. Ele apresentava alguma característica que sem dúvida o público aceitava e pegava para si.

    Saudações Chacur!

  2. admin

    April 10, 2010 at 12:24 am

    Nunca neguei o carisma que o Pastor Russo tinha, além de sua excelente dicção, que permitia aos fãs/fanáticos entender cada palavra que ele cantava. Isso, aliado a letras panfletárias e populistas o ajudaram a conquistar os milhões de fãs que tem até hoje. Mas é só a minha opinião, não sou o dono da verdade, felizmente. Muito obrigado pela visita e volte sempre!

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