Por Fabian Chacur

Crosby, Stills & Nash é certamente um de meus cinco grupos favoritos. Isso mesmo, na formação que deixa Neil Young de fora e inclui David Crosby, Stephen Stills e Graham Nash. Em trio, embora com individualidades bem a mostra, eles se completam como poucos. Young só bagunça a coisa, embora o CNS & Y também seja beeeeeem legal.

O elemento perfeccionista faz parte do DNA dos trabalhos feitos por esses três amigos, e se mostra presente até em um trabalho como o lançado por eles em 2009 e só agora descoberto (e adquirido) por este que vos tecla. O título não deixa margem a dúvidas sobre seu conteúdo: Demos.

São 12 gravações inéditas de canções posteriormente lançadas por eles ou como trio, ou como quarteto, ou ainda em suas carreiras solo. Algumas são bem conhecidas, enquanto outras, nem tanto. Mas a edição, a cargo de Nash e de Joel Bernstein, dá ao álbum uma fluência elogiável. Os registros foram feitos entre 1968 e 1971.

Características pessoais aparecem mais claras para quem por ventura não as percebeu nas gravações originais. Marrakesh Express, por exemplo, ressalta a habilidade de Crosby e Nash em concatenar vocalizações. Stills, aqui, fica só no baixo.

Em Long Time Gone, na qual Crosby e Stills se dividem em vários instrumentos, o duelo de guitarras entre os dois é excitante, com o primeiro improvisando alguns versos que não entraram na roupagem da canção que conhecemos através do álbum Crosby Stills & Nash (1969).

O mais fraco (embora não ruim) no violão deles é Nash, como se pode constatar em Be Yourself, na qual ele está sozinho se acompanhando. Solo também em Chicago, ele demonstra ser mais habilidoso com os teclados. Mas a sua voz é aquela coisa maravilhosa de sempre.

David Crosby toca um violão personalizado, no qual belíssimos acordes oriundos do jazz misturados a elementos de folk, country e rock dão a suas canções uma riqueza enorme, mesmo só com ele na voz e violão.

Se tiver dúvidas em relação a isso, ouça sua versão solitária de Dèja Vu, cuja estrutura da gravação definitiva já aparece toda definida nesta demo, com os espaços devidamente reservados para baixo, guitarra, bateria e vocalizações. Arrepiante.

Um verdadeiro virtuose no violão, Stephen Stills esmerilha em You Don’t Have To Cry, My Love Is a Gentle Thing e Love The One You’re With, nas quais ele vai na base do eu, eu mesmo e o Stills. E quase deixei de citar Singing Call, a melhor das quatro, na qual sua performance no violão é fluente e deliciosa, lembrando um pouco a de um clássico incluído em Dèja Vu, a tocante 4+20.

Neil Young aparece em uma faixa. Trata-se da gravação bruta de Music Is Love, da qual também participam Nash e Crosby, e que aparece, em sua versão com overdubs feitas por Young posteriormente, no primeiro álbum solo do ex-integrante dos Byrds, o seminal If I Could Only Remember My Name, de 1971.

Na verdade, nove das 13 faixas inclui apenas um dos músicos. Alguns poderão reclamar disso. Não eu. Nos trabalhos em que esses caras estão envolvidos, qualquer acorde, qualquer vocalização, qualquer canção é sempre bem-vinda. Sabe porque? Pelo fato de eles sempre, sempre e sempre respeitarem os fãs. E esse é, mais uma vez, o caso, aqui nessa maravilha de Demos.