Por Fabian Chacur

Em 1979, vi Ivan Lins ao vivo pela primeira vez, no extinto teatro Pixinguinha do Sesc, na rua doutor Vila Nova, no centro de São Paulo. Ele estava lançando, na época, um de seus melhores álbuns, A Noite, e o show foi maravilhoso.

Sou fã desse cantor, compositor e tecladista carioca nascido em 16 de junho de 1945 desde que era moleque. Desde que Madalena invadiu as paradas de sucesso de todo o país, na voz dele e, principalmente, na de Elis Regina, que depois gravaria diversas de suas composições.

Chega a ser curioso pensar que, por pouco, o mundo perde um grande músico para ganhar mais um engenheiro químico. Sorte que a atuação dele no cenário musical universitário acabou motivando-o a deixar o mundo das calculadoras, pranchetas e réguas tê rumo ao universo da notas musicais.

Atualmente, a sonoridade de Ivan é mais mansa, aproximando-se mais da bossa nova, do jazz e do pop latino. Curto, sim, mas não tanto como a de suas fases anterioras. A inicial, por exemplo, era bastante calcada na soul music, e rendeu maravilhas como Quero de Volta O Meu Pandeiro e O Amor é o Meu País, entre outras.

Em 1974, quando vivia o auge do desgaste de ter apresentado um programa na Globo, o Som Livre Exportação, e ter sido descartado pela mesma, e também de uma perseguição por parte da crítica, que o considerava um artista alienado, surgiu Vitor Martins em sua vida.

O paulista de Ituverava se mostrou o parceiro ideal para Ivan, com sua poesia ora lírica e romântica, ora política e incisiva. A primeira parceria dos dois já indicava o que viria a seguir: Abre Alas, um dos grandes sucessos da MPB em 1974 e um clássico instantâneo.

A primeira fase de Ivan Lins na EMI-Odeon foi impecável. Fazendo uma mistura de MPB, rock, pop, jazz e soul, ele lançou alguns dos melhores discos pop da história da nossa música: Somos Todos Iguais Nesta Noite (1977), Nos Dias de Hoje (1978), A Noite (1979) e Novo Tempo (1980).

Ivan Lins sempre foi um artista de música emotiva, forte, intensa. Lógico que nem sempre a crítica especializada gosta desse tipo de artista, e então, muitos adoram baixar o cacete em seus trabalhos. Azar deles, pois assinam atestado de ignorantes.

Nessa fase, Ivan e Vitor Martins assinaram maravilhas como Quaresma, Guarde Nos Olhos, Cartomante, Saindo de Mim, Antes Que Seja Tarde, Somos Todos Iguais Nesta Noite e Velas Içadas, só para citar algumas canções dessas que nem o tempo irá apagar, de tão fortes e belas.

Nos anos 80 e 90, Ivan Lins se firmou no mercado internacional, virando fã de gente do naipe de Quincy Jones, George Benson (que gravou-bem- Dinorah Dinorah), Patty Austin, Sting e tantos outros.

Ele continuou lançando bons discos, como Awa-ii-o (1991) e Mãos (1987), com direito a algumas músicas arrepiantes, entre as quais Iluminados, Vitoriosa, Ai Ai Ai Ai Ai, Lua Soberana e Lembra de Mim.

Ivan Lins é um daqueles artistas difíceis de serem rotulados, pois sua música é MPB, é jazz, é rock, é pop, é soul…. É música com eme maiúsculo. Parabens, grande mestre, muita saúde, paz e alegria!