Por Fabian Chacur

Toda vez que algum cantor, compositor ou músico de que gosto morre, parece que se vai com ele mais um pedacinho de mim mesmo. Afinal, eles nos oferecem momentos maravilhosos, que se renovam a cada nova audição de seus trabalhos. Não deveriam ir embora. E de certa forma, não irão nunca.

A mais nova baixa no meu elenco de artistas favoritos é Marvin Isley, que do início dos anos 70 a 1984 foi baixista de uma das melhores bandas de qualquer estilo de todos os tempos, os Isley Brothers. Ele se foi com apenas 56 anos de idade no último domingo (6).

O músico americano morreu de complicações oriundas da diabete que o atormentou durante mais de 20 anos e, inclusive, em 1997, custou-lhe a amputação das duas pernas. Deve ter sofrido muito nesses anos todos. Descanse em paz, meu caro!

Marvin foi elemento importante para a renovação da banda surgida no final dos anos 50 e integrada por seus irmãos mais velhos Ronald, Rudolph e O’Kelly. Até os idos de 1970, eles se mantiveram como um trio vocal e gravaram maravilhas como Twist And Shout, Shout, This Old Heart Of Mine e Nobody But Me.

Após sair da Motown Records (uma das várias gravadoras pelas quais passaram nessa fase inicial), aos poucos o trio percebeu que tinha a seu redor três músicos muito talentosos, embora bem jovens: o guitarrista Ernie, o baixista Marvin e o tecladista Chris Jasper, este último um primo.

Já no seminal álbum Givin’ It Back (1971) a nova formação se fazia presente, em um excepcional disco de releituras de canções de rock com um tempero de soul, funk e rhythm and blues inigualável.

Em 1973, Ronald (o vocalista principal) , Rudolph e O’Kelly perceberam que era preciso dar moral à garotada, e o título de seu álbum de 1973, com todos aparecendo na capa, dava o tom da coisa: 3+3.

Deste momento até 1984, os Isley Brothers se tornaram uma verdadeira usina de grandes discos e músicas, como That Lady, Harvest For The World, Fight The Power, For The Love Of You e Between The Sheets.

Até que a garotada resolveu tomar seu próprio rumo. Em 1985, lançaram seu primeiro álbum como Isley Jasper Isley, que inclui pelo menos um clássico, a sublime Caravan Of Love. Ernie voltaria aos Isley nos anos 90 e está lá até hoje, ao lado de Ronald, únicos dos anos de ouro a continuarem honrando esse legado maravilhoso.

Marvin Isley se foi, mas suas precisas/preciosas linhas de baixo, que ornaram de forma perfeita tanto os funks dançantes e pesados como as baladas mais doces, continuarão soando nos meus ouvidos até que a minha hora também chegue, espero que daqui a muito anos…