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Como eu descobri o Roxy Music

Por Fabian Chacur

O ano de 1976 não foi exatamente uma brastemp nas programações de rádio do Brasil. Especialmente em termos de hits internacionais. O que tocou de abacaxi naqueles 12 meses foi uma grandeza. Acompanhar as paradas daqui era jogo duro.

Mas me lembro bem de que, nas paradas se não me engano da rádio Excelsior, sempre tocava naquele período, entre as primeiras colocadas, uma tal de Both Ends Burning, de um certo grupo Roxy Music, do qual eu não tinha a menor referência.

Essa canção ficou na minha memória por pelo menos uns  sete anos. Baixem o pano. Sete anos se passaram. Agora, estou em 1983, em uma loja de discos chamada Golden Hits, que ficava na rua Matias Aires, perto da Augusta.

Olhando os diversos discos existente, vi um intitulado Viva!, lançado nos idos de 1976 e que tinha a tal música. Como estava baratinho, resolvi comprar para experimentar. Mal imaginei que aquilo viraria um vício.

Embora tenha adorado a versão ao vivo, queria Both Ends Burning em sua gravação de estúdio, a mesma que ouvi na rádio, e dessa forma, cheguei a Siren, de 1976, comprado na mesma loja.

Nem é preciso dizer que, em pouco tempo, fui comprando tudo o que vi dessa banda na minha frente. Confesso que cheguei a passar três deles para a frente, mas resolvi readquiri-los, dando uma nova chance, e me dei muito bem. Hoje, acho Manifesto (79), Flesh + Blood (80) e Avalon (82) maravilhosos. E tenho tudo deles, tudo mesmo.

Em 1995 e 2003 tive a honra de entrevistar o vocalista dessa banda, o genial Bryan Ferry, com direito a autógrafo e tudo. Os dois shows solo que ele fez aqui naqueles anos, respectivamente no Olympia e no Credicard Hall foram presenciados por mim. Sensacionais, só para não me alongar. Sim, também tenho tudo da carreira solo dele.

O Roxy Music, e Bryan Ferry em sua carreira solo, ajudaram a criar os parâmetros para um som pop que consegue misturar ousadia, experimentalismo e belas melodias e canções.

Além disso, Ferry é um cantor iluminado, que empresta sua voz de crooner à antiga a rock, soul, pop e muito mais com uma categoria que poucos conseguem igualar. Um gênio, que no grupo teve a seu lado mestres como o guitarrista Phil Manzanera, o saxofonista Andy Mackay e o baterista Paul Thompson, além do brilhante Brian Eno.

Tudo isso eu conheci graças a uma música que conseguiu furar o bloqueio de músicas internacionais malas que tocavam nas rádios brasileiras daquele ano de 1976. Caso clássico de colher uma pérola na lama…

obs.: essa beldade que está aí na capa de Siren que ilustra esse post é a mesma que foi casada com Mick Jagger, e que chegou a ser namorada de Brian Ferry antes de optar pelo rolling stone.

3 Comments

  1. vladimir rizzetto

    August 6, 2010 at 7:37 pm

    Olá Fabian, tudo bom?
    Pois é, meu caro, estava lendo esta resenha, ótima como sempre, e fui resgatar meus famigerados mp3 dos dois primeiros disco do Roxy, mais o Siren.
    Confesso para você, que ainda não achei o “fio condutor” que me ligasse apaixonadamente a este disco, contudo, devo dizer que os dois primeiros são supimpa! Aliás, esses são apenas esses três discos que conheço da discografia do Roxy Music.
    Sobre os dois primeiros, eu diria que é um Rock moderno, diferente, autêntico, com melodias ganchudas, somadas a maneira toda peculiar de Brian Eno tocar seus teclados e, como você mesmo disse, com o vozeirão de crooner do Brian Ferry! Perfeito!
    Mas, voltando, a sua resenha, gosto muito desse seu estilo muito pessoal de dividir suas memórias musicais conosco. Que seja sempre assim!
    Sobre a belíssima capa, a beldade é a Jerry Hall, certo? Ô mulher linda!
    Fala a verdade, Fabian, não se faz mais capa de discos como antigamente… Pode me chamar de nostálgico, o que for, mas não há comparação!
    E, desviando um pouco do assunto, fico aqui imaginando o tamanho da sua coleção! Você deve ter um acervo de fazer inveja a qualquer um!

    Grande abraço, caro baluarte!

  2. vladimir rizzetto

    August 6, 2010 at 7:38 pm

    Nossa, quantos erros!

    “Aliás, esses são apenas esses três discos que conheço da discografia do Roxy Music”.

    Corrigindo:

    “Aliás, são apenas esses três discos que conheço da discografia do Roxy Music”.
    Mobral, aqui vou eu…

  3. admin

    August 7, 2010 at 3:04 am

    Tenho uma meia duzia de três ou quatro mil discos em casa, meu caro Vladimir. Meu amor pela música me leva a gastar muito com isso. Mas não me arrependo. Afinal, o que se leva dessa vida é o que se come, o que se vive e o que se vê e ouve eheheheheh Gosto muito dos discos do Roxy, sem exceção. Pop rock inteligente, instigante, coisa de gente de talento e de bom gosto. Recomendo a audição de todos, sem exceção, pois você sempre encontra coisas bacanas em cada um deles. Manifesto,por exemplo, consegue ser uma fusão do estilo inicial da banda com o que viria logo a seguir.E realmente as capas dos discos de antigamente são muito mais interessantes do que as atuais. Mas sempre dá para achar coisas boas, é só ter saco e tempo para procurar, o que não era tão necessário nos anos 60, 70 e 80….. Grande abraço, tudo de bom e apareça sempre!!!!

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