Por Fabian Chacur

O festival da música popular brasileira realizado pela TV Record em 1967 foi um dos grandes marcos da história da nossa MPB. Por isso, nada mais oportuno do que um documentário sobre o mesmo, focado na final da competição. Trata-se de Uma Noite Em 67, de Renato Terra e Ricardo Calil, já em exibição nos cinemas.

O filme mostra cenas da época e também entrevistas atuais com os principais personagens do festival, com direito a depoimentos divertidos, emocionantes e saborosos.

Para quem não sabe, ou não se lembra, eis os vencedores, na ordem: Ponteio– Edu Lobo e Marília Medalha; Domingo No Parque, Gilberto Gil e Mutantes; Roda Vida– Chico Buarque e MPB-4; Alegria, Alegria, Caetano Veloso e Beat Boys e Maria Carnaval e Cinzas, Roberto Carlos.

O alto nível dos participantes e o clima de efervescência cultural que o Brasil vivia naquele 1967 se mostram escancarados durante a produção.

Uma era de esperança, empolgação e felicidade, mesmo em meio a uma ditadura militar. No ano seguinte, com o endurecimento do regime, as coisas mudariam, como bem sabemos.

Só faltou uma coisa para Uma Noite Em 67 merecer nota dez. Durante toda a sua duração, fala-se sobre a importância do público, e de sua condição de um dos protagonistas do evento. Uma personagem até é citada, Telé Cardim, que recebeu o apelido de “musa das vaias”, por usar um vestido com um Ú.

Aí, fica a pergunta: porque não colocar no filme ao menos alguns depoimentos de integrantes desse público? Dizem que Telé aparecerá nos extras do futuro lançamento em DVD. Mas e quem pagou 18 contos para ver no cinema, como fica? Afinal, o documentário tem apenas 93 minutos. Dava para encaixar representantes desse público sem o menor problema.

Seria essencial incluir esse lado na produção. Será que houve algum preconceito por parte dos realizadores, que preferiram só mostrar a cara dos astros, jurados e jornalistas, deixando a plateia em segundo plano? Fica a pergunta. Mas não deixe de ver Uma Noite Em 67 por causa disso. Ou então espere o DVD.