Por Fabian Chacur

O que Bruce Springsteen fez no dia 28 de junho de 2009 no Hyde Park, em Londres, durante o festival Hard Rock Calling, foi uma ignorância.

Famoso por suas grandes performances, ele se superou naquele dia, em um show absurdamente energético. Que, como bom consolo, poderemos ver agora, no DVD London Calling Live In Hyde Park, que a Sony acaba de lançar por aqui.

O show começa de dia, com The Boss e sua excepcional E Street Band mandando bala em uma leitura extraterrestre do clássico London Calling, do The Clash, como que saudando uma das capitais mundiais do nosso tão amado rock and roll. Ganhou a multidão logo de cara. E era só o começo.

A partir dali, o cantor, compositor e guitarrista americano que se tornou mundialmente conhecido a partir de seu terceiro álbum, Born To Run (1975), fez uma espetacular viagem por seus quase 40 anos de trajetória.

Bruce é um mais do que digno seguidor da linhagem original do rock and roll, aquela dos anos 50, dos Elvis Presleys, Chuck Berrys, Carl Perkins, Little Richards, Jerry Lee Lewis e Eddie Cochrans da vida. A isso, ele soma a paixão por Bob Dylan e outros country e folk rockers, e o resultado é avassalador.

Quem, como eu, já teve a graça de ver esse cidadão ao vivo, sabe que o Chefão entra no palco como se fosse a sua última performance, e transpira feito um bloco de gelo no sol do meio-dia carioca para nos satisfazer. Poucos astros encarnam o rock and roll de forma tão completa como ele.

As músicas são sensacionais, maravilhas como Working on a Dream, Born To Run, Glory Days, Dancing In The Dark e Lonesome Day. Mestre em covers, ele dá um banho em Good Lovin’ (dos Rascals, clássico dos anos 60) e Trapped (de Jimmy Cliff, que ele gravou nos anos 80).

A plateia presente trouxe cartazes com nomes de canções que gostaria de ouvir. Springsteen pegou vários deles e, quando iria cantar uma delas,  colocava o cartaz correspondente encostado nos retornos na frente do palco, para que todos soubessem o que ele nos ofereceria a seguir.

Enquanto o show vai rolando, o sol baixa. As últimas canções são tocadas já no escuro, quando a iluminação artificial dá o ar de sua graça.

Mas este é aquele tipo de show que independe de efeitos especiais, luzes ou outros recursos adicionais. A performance dos músicos e o carisma do The Boss são suficientes para cativar o povão.

A captação de áudio e vídeo em termos técnicos (o DVD é duplo, o Blu-ray, simples) é espetacular, sendo um verdadeiro luxo poder ver alguém no auge da forma e com o talento de Bruce Springsteen de forma tão cristalina.

Como extras, temos duas músicas gravadas em outros shows. London Calling Live In Hyde Park é uma verdadeira celebração ao que o rock and roll tem de melhor, que é…… sua capacidade de celebrar o que há de melhor na vida, e de nos deixar de alma lavada.