Por Fabian Chacur

Para muita gente por aí, KT Tunstall é uma one hit wonder, ou seja, maravilha de um sucesso só. Um julgamento injusto, se levarmos em conta o conteúdo de seu quarto álbum, Tiger Suit, que a EMI acaba de lançar no Brasil.

Para quem não se lembra dessa cantora e compositora escocesa nascida em 23 de junho de 1975, sua música Sudenly I See, faixa de seu álbum de estreia, Eye To The Telescope (2004) fez muito sucesso.

A canção, um rock acelerado e pop ao mesmo tempo, foi usado com destaque em uma das cenas do filme O Diabo Veste Prada. Curiosamente, não entrou no CD com a trilha sonora da atração estrelada por Meryl Streep.

Mas a gata de olhar lânguido e cabelos longos vai muito além de ser apenas alguém que acertou a mão em um momento e depois se perdeu em repetições ou derivações.

Tiger Suit foi gravado nos estúdios Hansa, em Berlin, mesmo lugar que gerou trabalhos seminais de David Bowie, Iggy Pop e U2, entre outros.

Com ótima voz e muita personalidade, Kate Victoria (seu nome de batismo) nos oferece uma bela mistura de rock, eletro, pop, folk e dance, com nítidas influências bem digeridas de artistas como Kate Bush, Melissa Etheridge, Joan Osbourne, Patti Smith e outras desse alto gabarito.

As 11 faixas são bastante bacanas, indo da vibração eletro de Lost, do impacto rocker de Madame Trudeaux e da viagem folk ballad de The Entertainer.

A artista não se perde em repetições, buscando em cada canção caminhos diferentes e próprios, vestindo assim a roupa de uma roqueira diversificada, criativa e muito vigorosa.

Tiger Suit pode até não emplacar singles como Suddenly I See, mas não por culpa da moça.

Basta tocar em rádios alguma das músicas citadas acima, ou ainda o rock Uummannaq Song (escreve-se assim mesmo) ou a saltitante Glamour Puss para a coisa mudar de cara.

E pensar que KT Tunstall tocou no Brasil há quase três anos e eu poderia ter visto o seu show na faixa. Que vacilão… Mas na próxima (se houver), eu garanto que não perco.