Por Fabian Chacur

Os Doobie Brothers figuram entre as minhas bandas preferidas de rock. Desde moleque, quando, aos 10 anos de idade, ouvi o compacto simples de vinil do meu irmão Victor com a fantástica Nobody, em 1971.

No ano seguinte, comprei o single de Listen To The Music. Em 1973, o álbum The Captain And Me, até hoje o melhor trabalho da banda americana. E assim foi, para sempre.

Eles tiveram, entre 1976 e 1982, uma fase mais soul, quando o cantor, compositor e tecladista Michael McDonald entrou no lugar do genial cantor, compositor e guitarrista Tom Johnston, e fizeram coisas legais nesse período. Mas não eram os mesmos Doobie Brothers.

Felizmente, o time voltou à ativa em 1989 após sete anos longe de cena com Johnston de volta ao comando e mantendo o também brilhante cantor, compositor e guitarrista Patrick Simmons, que nunca saiu do time.

Em pleno 2010, quando os Doobies completam 40 anos de carreira, chega às lojas o seu primeiro álbum de inéditas em 10 anos.

World Gone Crazy, que saiu nos EUA pelo selo independente Hor Records e ainda sem previsão de lançamento por aqui, tem uma edição especial com direito a um DVD contendo documentário de meia hora sobre a banda, com cenas raras e depoimentos bacanas.

A formação atual do grupo americano conta com Johnston, Simmons, o guitarrista e homem de mil instrumentos John McFee e o baterista e percussionista Michael Hossack. Músicos de apoio complementam o time em gravações e shows ao vivo.

Este novo CD trata-se de uma profissão de fé no velho e bom rock and roll com acento folk, country e blues, repleto de vitalidade, boas ideias musicais, arranjos instrumentais sempre vigorosos e aqueles belíssimos vocais que se tornaram desde o seu início uma marca registrada preciosa.

A rigor, as 13 faixas são bacanas, mas vale destacar algumas. A quase gospel A Brighter Day abre o álbum com clima pra cima.

Chateau é uma espécie de irmã gêmea do sucesso Dangerous, de 1991, com sua vibrante levada rock blues acelerada.

Eles fizeram uma extremamente competente regravação de Nobody, que curiosamente fez grande sucesso no Brasil na época mas passou batida na terra deles.

Uma boa chance de os americanos verem a besteira que fizeram em não levar esse rockão ao topo dos charts em 1971.

Young Man’s Game tem ótima letra que ressalta o óbvio: o rock and roll definitivamente não é apenas um “jogo de jovens”, pelo menos, não de idade.

Juventude é uma questão de espírito, e esse rock delicioso que lembra um pouco Old Time Rock And Roll, de Bob Seger, é a prova.

O antigo colega e ainda amigo Michael McDonald marca presença na romântica e de clima latino Don’t Say Goodbye.

Outra com influência “cucaracha” é a vibrante Old Juarez, mais na linha Carlos Santana.

O mítico Willie Nelson participa de I Know We Won, balada de acento folk que cativa pela delicadeza. E por aí vai. E vai bem.

World Gone Crazy é mais um disco delicioso de uma banda que nunca teve como objetivo revolucionar o rock, criar polêmicas ou ceder a fórmulas fáceis.

O lance desse povo é tocar rock and roll básico e agitar as plateias da forma mais fácil e difícil ao mesmo tempo: valendo-se apenas da música. E eles se mostram brilhantes mais uma vez.