Uma das mais ricas e swingadas vertentes da nossa música é a soul/funk music com tempero brazuca.
Tendo como criador e principal nome o saudoso Tim Maia, o estilo possui seguidores da mais pura estirpe, entre os quais Cassiano, Hyldon, Tony Tornado, Cláudio Zoli e a banda Black Rio, só para citar alguns.
Nesse universo rico onde samba, soul, funk, bossa nova, jazz, rock e o que mais pintar geraram uma mistura das mais consistentes, não podemos esquecer a dupla Robson Jorge & Lincoln Olivetti.
Ambos nasceram em 1954 e aprenderam o beabá da profissão durante os anos 70.
Na década seguinte, participaram de gravações de muito sucesso de Tim Maia, Gal Costa, Sandra de Sá e inúmeros outros, dando um tom mais black e pop à música comercial da época.
Robson tocava guitarra com swing e jogo de cintura, enquanto Lincoln se incumbia dos teclados, abusando dos timbres diversificados e de muito bom gosto e balanço.
Os dois souberam como poucos trazer para a nossa praia musical lições de artistas e grupos como George Benson, Earth Wind & Fire, Brothers Johnson e Kool & The Gang.
Sua maior contribuição ao Soul Brasil foi o álbum Robson Jorge e Lincoln Olivetti, lançado em 1982 pela Som Livre e relançado em CD pelo mesmo selo e, mais recentemente, pela Trama (2006).
O disco é totalmente instrumental, com a utilização dos vocais apenas em vocalizações e um ou outro refrão.
O repertório investe essencialmente em composições dos dois músicos.
No entanto, a faixa mais conhecida é de Rita Lee.
Trata-se de Baila Comigo, gravada em pot-pourri com uma faixa deles, Festa Braba, e utilizada na abertura da novela global Baila Comigo.
Eva também entrou na trilha de um filme na época, enquanto Squash chegou a tocar em algumas rádios mais abertas a trabalhos de qualidade.
O álbum é swing de ponta a ponta, com direito a timbres deliciosos de guitarra, teclados, baixos e metais, vocais aliciantes e percussão comendo solta.
Curioso pensar que, na época, muitos críticos considevaram a dupla os reis da pasteurização com seus arranjos modernos e inovadores.
Lógico que eles repetiram por diversas vezes a fórmula, especialmente quando contratados por gravadoras inescrupulosas que só queriam saber de ganhar dinheiro.
Mas quando eles davam as cartas, a coisa era fina. Finíssima.
Robson Jorge e Lincoln Olivetti tem outros destaques, como a certeira Aleluia, a latina Raton, a deliciosa (a la George Benson) Pret-a Porter e a deliciosa Ginga.
Um clássico marcante do Soul Brasil e indispensável na discoteca de quem admira o gênero.
Aliás, o relançamento da Trama pode ainda ser encontrado em São Paulo a preço de banana, tipo R$ 12. Uma pechincha!
Infelizmente, Robson Jorge nos deixou em 1993, mas Lincoln Olivetti continua por aí, firme e forte.
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