Por Fabian Chacur

Uma das mais ricas e swingadas vertentes da nossa música é a soul/funk music com tempero brazuca.

Tendo como criador e principal nome o saudoso Tim Maia, o estilo possui seguidores da mais pura estirpe, entre os quais Cassiano, Hyldon, Tony Tornado, Cláudio Zoli e a banda Black Rio, só para citar alguns.

Nesse universo rico onde samba, soul, funk, bossa nova, jazz, rock e o que mais pintar geraram uma mistura das mais consistentes, não podemos esquecer a dupla Robson Jorge & Lincoln Olivetti.

Ambos nasceram em 1954 e aprenderam o beabá da profissão durante os anos 70.

Na década seguinte, participaram de gravações de muito sucesso de Tim Maia, Gal Costa, Sandra de Sá e inúmeros outros, dando um tom mais black e pop à música comercial da época.

Robson tocava guitarra com swing e jogo de cintura, enquanto Lincoln se incumbia dos teclados, abusando dos timbres diversificados e de muito bom gosto e balanço.

Os dois souberam como poucos trazer para a nossa praia musical lições de artistas e grupos como George Benson, Earth Wind & Fire, Brothers Johnson e Kool & The Gang.

Sua maior contribuição ao Soul Brasil foi o álbum Robson Jorge e Lincoln Olivetti, lançado em 1982 pela Som Livre e relançado em CD pelo mesmo selo e, mais recentemente, pela Trama (2006).

O disco é totalmente instrumental, com a utilização dos vocais apenas em vocalizações e um ou outro refrão.

O repertório investe essencialmente em composições dos dois músicos.

No entanto, a faixa mais conhecida é de Rita Lee.

Trata-se de Baila Comigo, gravada em pot-pourri com uma faixa deles, Festa Braba, e utilizada na abertura da novela global Baila Comigo.

Eva também entrou na trilha de um filme na época, enquanto Squash chegou a tocar em algumas rádios mais abertas a trabalhos de qualidade.

O álbum é swing de ponta a ponta, com direito a timbres deliciosos de guitarra, teclados, baixos e metais, vocais aliciantes e percussão comendo solta.

Curioso pensar que, na época, muitos críticos considevaram a dupla os reis da pasteurização com seus arranjos modernos e inovadores.

Lógico que eles repetiram por diversas vezes a fórmula, especialmente quando contratados por gravadoras inescrupulosas que só queriam saber de ganhar dinheiro.

Mas quando eles davam as cartas, a coisa era fina. Finíssima.

Robson Jorge e Lincoln Olivetti tem outros destaques, como a certeira Aleluia, a latina Raton, a deliciosa (a la George Benson) Pret-a Porter e a deliciosa Ginga.

Um clássico marcante do Soul Brasil e indispensável na discoteca de quem admira o gênero.

Aliás, o relançamento da Trama pode ainda ser encontrado em São Paulo a preço de banana, tipo R$ 12. Uma pechincha!

Infelizmente, Robson Jorge nos deixou em 1993, mas Lincoln Olivetti continua por aí, firme e forte.