Por Fabian Chacur

Amo a música feita por Paul Simon desde os tempos em que era muito criança e cantava junto o refrão onomatopaico de The Boxer toda vez que o ouvia tocando nas rádios, lá pelos idos de 1970/1971.

O cara, com o perdão do palavrão, é foda. Compõe bem, canta muito, toca demais e sabe se cercar dos melhores músicos para gravar seus discos.

Se seu currículo incluísse apenas o que fez nos tempos de Simon & Garfunkel, na década de 60,  já seria suficiente para que o cidadão fosse incluído em qualquer hall of fame do rock.

Mas isso é apenas um pedacinho de sua história, que inclui uma fantástica carreira solo que já está nos 40 anos de existência.

E às vésperas de completar 70 anos, o que, se Deus quiser (toc, toc, toc!) ocorrerá no dia 13 de outubro próximo, o cidadão dá provas de que não está a fim de desacelerar sua produção.

So Beautiful Or So What, novo álbum que acaba de sair no Brasil via Universal Music, é a prova concreta dessa afirmação.

Trata-se de um CD conciso, com dez faixas e em torno de 40 minutos de duração. Nenhuma nota ou canção está jogada fora por aqui.

Co-produzido por Phil Ramone, com quem trabalhou nos anos 70, o álbum equivale a uma espécie de disco-síntese, pois inclui, de forma explícita ou implícita, todos os elementos musicais que explorou nesses anos todos.

Rock básico em Getting Ready For Christmas Day, música africana em The Afterlife e Dazzing Blue, latinidade em Rewrite, intimismo em Love And Hard Times e Amulet, rockabilly em Love Is Eternal Sacred Light e So Beautiful Or So What (esta simplesmente sensacional para encerrar um álbum no auge)…

Meu Deus do céu, é muita musicalidade de qualidade para ser assimilada de uma vez só, embora o álbum consiga te cativar logo na primeira audição.

O lance é que você fica a fim de ouvir de novo, e em cada vez que isso ocorre, mais sutilezas são decodificadas e mais você se apaixona pelo álbum.

So Beautiful Or So What é a prova concreta de que artistas como Paul Simon, Paul McCartney e poucos outros só podem ter sido abençoados logo no berço, pois é duro entender como eles conseguem se manter tão produtivos e criativos durante tanto tempo.

Ouça Dazzing Blue, do novo CD de Paul Simon:

Ouça You Can Call Me All (ao vivo nos anos 80):

Ouça Kodachrome, uma das minhas favoritas, de 1973: