Por Fabian Chacur

Após o colapso no mercado fonográfico criado pela pirataria e, principalmente, pelos downloads ilegais de música, o cenário continua repleto de incertezas e novas possibilidades. A poeira não baixou, e provavelmente nunca baixará neste agitado século 21.

Uma nova alternativa acaba sendo proposta pelo grupo britânico Kaiser Chiefs, um dos mais interessantes da nova geração e dono dos vigorosos hits I Predict a Riot e Everyday I Love You Less And Less.

Seu quarto álbum, The Future is Medieval, está sendo lançado apenas de forma virtual pelo site oficial da banda, o kaiserchiefs.com .

Até aí, o mundo já fez/faz isso por aí trocentas mil vezes.

A diferença, segundo matéria do jornalista Thales de Menezes publicada pela Folha de s.Paulo no dia 10 de junho de 2011, fica na forma como esse álbum está sendo oferecido aos interessados.

O fã entra no “sítio” (como diria a mala do Juca Kifuro, de quem sou fã, diga-se de passagem) do grupo britânico e depara com 20 músicas.

Destas, ele pode escolher 10 e montar a sua própria versão “customizada” (outra palavrinha da moda) do disco, com direito a montar capa própria com elementos visuais também oferecidos pelo quinteto.

O custo é de R$ 19,50, que podem ser pagos por cartão internacional de crédito ou por um tal sistema de compensação PayPal.

Para quem for mais preguiçoso, existem disponíveis versões montadas por outros fãs, que você pode adquirir. Aí, o autor da seleção ainda leva uma libra como pagamento por seu trabalho.

Tal procedimento é bem interessante, e pode ter várias interpretações distintas.

A minha, por exemplo, é a de que isso denota um pouco de preguiça dos músicos, pois abrem mão do sagrado direito de optarem pelo controle criativo de sua obra, direito esse pelo qual os artistas brigam desde o tempo da pedra lascada.

Adoro ver como o artista ordena suas músicas, como escolhe as que lança, enfim, acho que isso nos mostra um pouco da personalidade de cada criador, sua assinatura pessoal e intransferível.

Do jeito proposto pelos Kaiser Chiefs, é como se você virasse o diretor artístico ou produtor das gravadoras de antigamente, com a mão de ferro para decidir o que quiser, à revelia dos criadores.

Por outro lado, alguns podem considerar isso um grande ato de cumplicidade do artista com seus fãs, dando a eles o poder de decidir como querem consumir a sua música.

Seja como for, toda novidade desse tipo é sempre benvinda. Vamos ver se isso irá virar tendência, ou se irá gerar outras variações.