Por Fabian Chacur

Em 1985, John Fogerty parecia ser mais um daqueles nomes cujos melhores anos em termos musicais haviam ficado no passado, relegados a cultuarem sucessos de outras eras em função de um presente não tão atraente.

Afinal de contas, ele não lançava nada há 10 anos, quando seu primeiro e autointitulado disco solo havia chegado ao mercado, com os hits Almost Saturday Night e Rockin’ All Over The World.

Antes, mais precisamente entre 1967 e 1972, brilhou como cantor, guitarrista e principal compositor do Creedence Clearwater Revival, uma das melhores e mais bem-sucedidas bandas de rock básico de todos os tempos.

No entanto, aos 40 anos de idade, o roqueiro provou a todos que ainda tinha balas bem calibradas na agulha para invadir o cenário rocker, com o excelente álbum Centerfield.

Gravado no melhor estilo “xá comigo que eu toco tudo”, dividindo-se entre vocais, guitarras, violões, baixo, bateria e teclados. Fogerty nos ofereceu nove músicas com aquele mesmo sabor swamp rock dos bons tempos do CCR.

Pelo menos três faixas entraram rapidinho para o songbook do melhor rock, as certeiras The Old Man Down The Road, Rock And Roll Girls e Centerfield, a excelente canção que deu nome ao álbum.

Sem inventar nem soar como mero reciclador do passado, Fogerty viu este álbum atingir o primeiro posto na parada americana, tornando-se uma das grandes histórias de sucesso de 1985.

De quebra, ainda tirou uma da cara do presidente da gravadora Fantasy, Saul Saentz, que lançou todos os álbuns do CCR e que na época movia processos contra ele na Justiça.

A música Vanz Kant Danz chamava o executivo de ladrão na cara dura. No fim das contas, Fogerty foi inocentado e, anos depois, voltaria a gravar na mesma Fantasy, agora integrante do conglomerado da Universal Music. Coisas da vida.

Em 2010, foi lançada uma excelente edição comemorativa dos 25 anos do lançamento de Centerfield, em adorável formato digipack e com direito a encarte luxuoso contendo letras, texto sobre a história do disco e também duas faixas bônus gravadas ao vivo na época, My Toot Toot e I Confess, ambas covers.

E, como tive a honra de conferir em maio deste ano (tem resenha aqui em Mondo Pop), o cidadão continua cuspindo fogo pelas ventas, aos 66 anos de idade.

Veja o clipe de The Old Man Down The Road: