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Reedição de McCartney é bem interessante

Por Fabian Chacur

Lançado em 1970, o álbum McCartney marcou ao mesmo tempo o início da carreira solo de Paul McCartney e o fim dos Beatles, que se separaram quase que simultaneamente.

A Universal Music acaba de colocar no mercado brasileiro a luxuosa reedição deste trabalho histórico, junto com a de McCartney II (1980), já comentada anteriormente aqui em Mondo Pop.

A embalagem é no mesmo alto padrão, com direito a encarte luxuoso repleto de fotos (algumas inéditas), letras das canções e ficha técnica, além de adorável embalagem digipack, de longe o formato mais charmoso para CDs.

Temos dois discos, sendo o primeiro a versão remasterizada do álbum original e o segundo (bônus) incluindo gravações ao vivo e out-takes que ficaram de fora do LP original.

Indo quase em oposição ao último trabalho gravado pelos Beatles, o sofisticado Abbey Road (1969), a estreia do autor de Eleanor Ribgy na trajetória individual foi gravado no melhor espírito “exército de um homem só”, com um ou outro backing vocal de Linda McCartney e olhe lá.

O estilo despojado às vezes prejudica a qualidade do material, vide as inconsistentes instrumentals Valentine Day, Momma Miss America e Kreen-Akrore, esta última forte candidata a pior coisa já gravada por Paul em toda a sua longa carreira.

No entanto, não faltam canções ótimas, que Macca soube dar tratamento instrumental e vocal adequados, entre as quais That Would Be Something, Every Night, Junk, Oo You, Teddy Boy e a espetacular Maybe I’m Amazed, ponto álbum do disco.

O segundo CD inclui sete faixas. Temos duas boas versões ao vivo de Maybe I’m Amazed (uma gravada em 1974, outra em 1979, em Glasgow, Escócia) e mais duas canções de McCartney registradas no mesmo show em solo escocês, Hot as Sun e Every Night.

Suicide é na verdade a versão na íntegra daquela espécie de vinheta que aparece no álbum original no final de Hot As Sun/Glasses, pouco antes de Junk. Bem divertida e descompromissada, tipo voz e piano.

Don’t Cry Baby, por sua vez, é na verdade uma versão instrumental do que viria a ser Ooh You, lançada em McCartney.

E Women Kind é uma balada jazzística ao piano daquelas que costumam ser tocadas no fim de noite em botecos, interpretada de forma despretensiosa por McCartney.

A queixa feita por um freguês da loja virtual americana Amazon.com será repetida aqui por mim: somados, os dois CDs não chegam a 60 minutos de duração, não justificando o formato álbum duplo.

Outro detalhe: como havia tempo de sobra, a reedição poderia perfeitamente ter incluído as mesmas faixas bônus incluídas na edição britânica do CD nos anos 90, o single Another Day/Oh Woman Oh Why. Afora isso, é um álbum bem bacana que merece ser reavaliado pelos fãs do ex-beatle nessa nova configuração.

Veja Maybe I’m Amazed ao vivo em 1974:

4 Comments

  1. NATALINO BARIVIERA

    August 27, 2011 at 12:59 am

    Kreen-Akrore, esta última forte candidata a pior coisa já gravada por Paul McCartney em toda a sua longa carreira.
    A canção acima foi composta por Paul em homenagem a uma tribo de índios do Brasil que os irmãos Villas Boas estavam tentando contato nos anos 70. Se tratava do contato com os índios gigantes na região norte do Mato Grosso. A notícia dos índios gigantes se espalhou para o mundo todo, e Paul fez esta linda homenagem, e quem ouve a canção por inteira verá que parte dela são os tambores rufando como se a tribo estivesse reunida e dançando, também se ouve na canção pessoas gritando ou uivando, típico de uma dança de índios. O nome Kreen-Akrore é derivado do nome da tribo, que também foi chamada de Krena-Korá e outras. Após o contato o homem branco transferiu a tribo para o Xingú, em razão que no local (hoje Peixoto de Azevedo) havia muito ouro. A tribo hoje não representa mais que 150 índios, tudo em razão do progresso. É UMA CANÇÃO LINDA, E NÃO É A PIOR COISA DO PAUL, A CANÇÃO SE TORNOU BONITA EM RAZÃO DESTA HOMENAGEM DE PAUL À TRIBO DE ÍNDIOS E TAMBÉM AO BRASIL………. UM POUCO DE HISTÓRIO NÃO FAZ MAL A NINGUÉM……..

  2. admin

    August 28, 2011 at 2:34 am

    Caro Natalino:
    Nem sempre a boa intenção e a motivação digna gera uma boa obra. Conheço toda essa história que você contou acima, mas essa homenagem não nos proporcionou uma boa música, no meu modo de ver/ouvir. Ou você é daqueles que acha que tudo o que o seu ídolo faz é bom? Paul McCartney é o meu maior ídolo, mas também é um ser humano, com o direito de errar. Na minha opinião, essa música é provavelmente a pior coisa já feita pelo autor de maravilhas como Live And Let Die, Band On The Run, Yesterday, Pretty Little Head, Waterfalls, Coming Up, We Got Married e centenas de outras. É a minha opinião. Respeito a sua, respeite a minha, pois nenhum de nós é dono da verdade. Grande abraço e volte sempre que quiser/puder.

  3. Não entendo porque “Kreen-Akrore” foi chamada de “a pior coisa gravada por McCartney”. Esta afirmação só pode ser oriunda de um apreciador sem cultura, aliás como é a maioria dos fãs dos Beatles, que dão mais importância para as suas roupas e cabelos do que propriamente à sua música. Uma obra experimental, de natureza complexa, deve ser interpretada de outra forma, e não com superficialidade, como são tratadas músicas pobres e sem conteúdo artístico sério, como “From Me To You”, “Ob-la-di ob-la-da”, e tantas outras.

  4. admin

    August 31, 2011 at 3:57 pm

    Caro Roger:
    Embora você não respeite a minha opinião e tente me rotular de forma grosseira e maldosa como um fã superficial de música (algo que as pessoas que me conhecem sabem que não sou), respeito a sua. Para mim Kreen-Akrore pode estar repleta de boas intenções e inspiração digna, mas o resultado é pobre e chato, ao contrário de outros momentos experimentais bem mais bacanas assinados por Paul em sua maravilhosa carreira. E milhares de grupos e artistas pelo mundo afora dariam um braço para ter a autoria dessas “músicas pobres e sem conteúdo” na sua opinião, From Me To You e Ob-la-di Ob-la-da. Enfim, questão de opinião. Obrigado pela visita e volte sempre que quiser.

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