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Paul McCartney lança CD de standards morno

Por Fabian Chacur

Desde os tempos dos Beatles, sempre ficou clara a influência dos standards da música americana na formação de Paul McCartney enquanto compositor. Músicas como Honey Pie, Here, There and Everywhere e Maxwell Silver Hammer eram provas concretas disso.

Esse lado jazzy de sua musicalidade continuou aparecendo nas décadas posteriores, como mostram canções como You Gave Me The Answer e Baby’s Request. Desta vez, no entanto, o genial cantor, compositor e músico britânico resolveu dedicar um álbum inteiro ao estilo.

Kisses On The Bottom, mais recente álbum de Paul McCartney, traz 14 faixas, sendo duas composições inéditas de sua autoria e 12 resgatadas de sua memória afetiva, assinadas por autores como Irving Berlin, Harold Arlen, Johnny Mercer e Frank Loesser.

Umas são mais conhecidas do grande público, como The Glory Of Love e Bye Bye Blackbird, enquanto outras se encaixam no perfil “lado B”, como The Inch Worm e It’s Only a Paper Moon.

Pela primeira vez na carreira, McCartney não toca nenhum instrumento musical em um de seus trabalhos, dedicando-se apenas aos vocais. A acompanhá-lo, a banda de Diana Krall (liderada pela própria ao piano) e convidados como John e Buck Pizzarelli, Eric Clapton e Stevie Wonder.


O resultado é um álbum basicamente morno, no qual os arranjos instrumentais são conservadores e nada acrescentam de novo às músicas, enquanto a voz de Paul soa por demais monótona para o gênero. Dá para curtir em uma ou duas músicas, mas não em um álbum inteiro.

Seu colega Rod Stewart se saiu muito melhor nessa praia, e fica difícil imaginar um segundo volume deste Kisses On The Bottom, ao contrário da série de álbuns que Rod The Mod dedicou aos standards na década passada, e que de certa forma salvou sua carreira em termos comerciais.

No caso de Paul, esta incursão pode ser avaliada como válida, mas também como um caminho a não ser mais seguido. Não por coincidência, o melhor momento do CD é a inédita My Valentine, com belíssimo clima soturno e excelente desempenho de Eric Clapton na guitarra/violão.

De resto, é aquele típico álbum que você ouve umas dez vezes, não consegue gostar e guarda em sua coleção, para de lá nunca mais sair. Não por ser ruim, mas por ser decepcionantemente mediano, algo não muito comum na excelente discografia de Paul McCartney.

Ouça My Valentine, com Paul McCartney:

4 Comments

  1. Nesta seara meu favorito será sempre o disco “As Time Goes By”, de Bryan Ferry (1999). Aliás, considero ele um mestre das “covers”.

  2. Concordo contigo, Neder. Além de excelente compositor, Bryan Ferry também tem um talento impressionante para reler material alheio. Sua voz de crooner das antigas se encaixa feito luva no formato standards. O primeiro álbum solo dele, These Foolish Things (1973) tem na faixa-título uma das melhores versões dessa música maravilhosa. O Bryan Ferry e o Roxy Music figuram no meu top 10 de artistas favoritos!!! Grande abraço e obrigado pela visita qualificada!

  3. O disco é low-profile sem dúvida mas isto estava claro nas intenções do velho Macca. Ele não quis fazer algo como o Rod. Eu achei o disco, dentro do que se propõe, bastante honesto e bem feito com a qualidade irrefutável do repertório e produção. Aliás achei a mais fraca My Valentine e o solo do Clapton bem comum e aquém do seu talento como guitarrista.

  4. admin

    March 18, 2012 at 12:13 am

    É por isso que eu gosto de democracia e não coloco as opiniões assinadas por mim aqui em Mondo Pop como verdades definitivas ou opiniões incontestáveis. Escrevo aquilo que penso e sinto, sempre fundamentando da melhor forma possível. Mas não sou dono da verdade. Valeu por externar sua opinião aqui, Gregório, e volte sempre que quiser/puder. Grande abraço!

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