Por Fabian Chacur

Ringo Starr é um daqueles artistas que sempre se deixou levar pelo bom humor e astral bacana, além de nunca se levar tão a sério. Tanto que há aqueles que insistem em rejeitar a importância do seu trabalho artístico. Um erro crasso.

De cara, ele figura entre os melhores bateristas de rock de todos os tempos. Fica difícil imaginar outro músico em seu lugar nos Beatles, pois Richard Starkey (seu nome de batismo) não só se encaixava feito luva na sonoridade dos Fab Four como também era versátil, talentoso e extremamente bem entrosado com seus colegas de bandas, aqueles célebres John, Paul e George.

Na carreira solo, sempre investiu em uma sonoridade roqueira sem grandes firulas, apostando em canções simples e agradáveis. Quando acertou a mão, nos proporcionou maravilhas como os álbuns Ringo (1973), Goodnight Vienna (1974) e Stop And Smell The Roses (1981), além de emplacar sucessos bacanas como Back Off Boogaloo, Photograph e Wreck My Brain.

Embora já tenha passado dos 70 anos de idade, Ringo felizmente continua mais na ativa do que nunca, como os felizardos que puderam ver seus shows no Brasil em 2011 (eu não fui um deles, buá!) tiveram a chance de conferir. Ao vivo e nos estúdios, pois ele está mantendo uma excelente média de um novo disco a cada dois anos há duas décadas.

Seu novo álbum, Ringo 2012, saiu há pouco no Brasil pela Universal Music. Nos EUA, chegou às lojas em janeiro e teve como posição mais alta a de número 80, enquanto no Reino Unido a coisa foi pior ainda, com o CD ocupando o posto de número 181.

Uma injustiça, pois o novo trabalho do ex-beatle é uma bela profissão de fé no velho e bom rock and rol.

São aproximadamente 29 minutos (distribuídos por nove músicas) sem um único acorde jogado fora.

Marcam presença no álbum um elenco de músicos de primeira linha, entre os quais Joe Walsh (dos Eagles), Richard Page (ex-Mr. Mister, veio ao Brasil com Ringo em 2011), Edgar Winter, Don Was, Dave Stewart (ex-Eurythmics), Benmont Tench (do grupo Tom Petty And The Heartbreakers) e Kenny Wayne Shepherd.

O repertório inclui um belíssimo cover de Think It Over, do mestre do rock and roll Buddy Holly e um novo arranjo para o clássico folk Rock Island Line, gravada nos anos 50 por Lonnie Donegan, músico que influenciou bastante os Beatles em seus anos iniciais como músicos.

Step Lightly, gravada originalmente no álbum Ringo (1973), surge aqui com novo e mais interessante arranjo.

As inéditas, todas tendo Ringo como coautor, são bem bacanas, e destaco a belíssima balada rock In Liverpool, na qual o astro relembra os tempos iniciais de sua trajetória de sucesso com os Beatles, além dos rocks Anthem, Wings e Slow Down.

O momento mais divertido fica por conta da leve e bem-humorada Samba, que fala de um namoro e de um cara tentando aprender a dançar o mais brasileiro dos ritmos.

Ringo 2012 soa como o Ringo dos anos 70: solto, cantando bem, descompromissado e oferecendo aos fãs um rock and roll delicioso de se ouvir, curtir e dançar.

Ouça In Liverpool, com Ringo Starr:

Ouça e veja o clipe de Think It Over, com Ringo Starr: