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CD de Caetano e David Byrne dá boa liga

Por Fabian Chacur

Caetano Veloso e David Byrne se conheceram lá pelos idos de 1984/85, quando lançavam seus primeiros filmes (respectivamente Cinema Falado e Stop Making Sense). Nascia ali uma amizade que se mantém firme até os dias de hoje.

Ao atuar em 2004 como curador de um projeto de shows no chiquérrimo Carnegie Hall, em Nova York, o autor de Alegria, Alegria resolveu convidar o ex-líder dos Talking Heads para dividir o palco com ele.

Realizada no dia 17 de abril daquele ano, a apresentação certamente entrou para o currículo dos dois por sua qualidade. E agora, oito longos anos depois, enfim chega ao formato CD no Brasil pela Universal Music (e nos EUA pelo selo Nonesuch, que já havia lançado um álbum de Caetano nos anos 80) a parte de áudio, com o título Live At Carnegie Hall.

O espírito do espetáculo é bem minimalista, com diversos momentos no melhor estilo voz e violão. Os brasileiros Jaques Morelenbaum (cello) e Mauro Refosco (percussão) fazem intervenções perfeitas em algumas músicas.

A rigor, temos aqui três tipos de atuação: Caetano solo, Byrne solo e os dois juntos interpretando algumas canções, num total de 18 faixas. A parte de Caê traz vários cavalos de batalha de seu repertório, como Sampa, Leãozinho e Você é Linda, com espaços para um belo lado B, Manhatã. O desempenho é impecável, como sempre.

Por sua vez, Byrne surpreende ao mostrar que alguns hits marcantes dos Talking Heads, como And She Was, Life During Wartime e especialmente Road To Nowhere, conseguem se manter vibrantes e consistentes mesmo sem os conhecidos e irrepreensíveis arranjos originais gravados pela mítica e extinta banda americana. Seu poder de recriação é de fato elogiável.

Juntos, Byrne e Caetano esbanjam carisma em canções como The Revolution, Dreamworld: Marco De Canaveses (escrita em parceria pelos dois), Um Canto de Afoxé Para o Bloco do Ilê (com Byrne cantando em um português deliciosamente capenga) e (Nothing But) Flowers.

Live At Carnegie Hall possui aquela simplicidade sofisticada que só gênios do gabarito de Caetano Veloso e David Byrne são capazes de nos proporcionar. Um CD que nasce clássico e que certamente será apreciado com prazer nos próximos mil anos, se ainda existirem o planeta Terra e os seres humanos nesse longo período de tempo.

Ouça (Nothing But) Flowers, com Caetano Veloso e David Byrne, ao vivo:

2 Comments

  1. Flavio Canuto

    May 7, 2012 at 3:20 pm

    Só a gravação de Road to Nowhere já vale o CD inteiro…é emocionante, genial!!!

    Dreamworld: Marco De Canaveses, que fala sobre Carmen Miranda também ficou ótima e o fato de ser originalmente escrita em Português e Inglês deixa-a ainda mais atraente…só falta agora lançarem o Blu-ray para que a gente possa ver do que a platéia tanto ri quando o Caetano canta os versos de Nothing But Flowers!!!rs

  2. Concordo! Para mim, essa nova versão conseguiu a façanha de ser melhor do que a original, pois ganhou uma energia simplesmente irresistível. Quando ao blu-ray, espero que saia mesmo, mas ainda não ouvi falar de uma possível data de lançamento. Vamos esperar. Obrigado pela visita, Canuto Guy, e volte sempre!!!!

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