O rock tomou tantos caminhos nesses seus quase 60 anos de existência que às vezes a gente se esquece de que, em sua origem, esse gênero musical tinha como alicerces a energia, a descontração e o compromisso total com a irreverência e o efeito contagiante capaz de lavar a alma de seus ouvintes para todo o sempre.
Felizmente, grupos como o Kiss não se esquecem disso. Em seu novo álbum, o excelente Monster, lançado no Brasil pela Universal Music, é exatamente isso que o quarteto americano nos oferece. Sem frescuras, sem complicações e com uma eficiência simplesmente impressionante. Rock na veia, como diziam os roqueiros setentistas.
Gene Simmons (vocal e baixo) e Paul Stanley (guitarra e vocal), os líderes do time, estão extremamente bem acompanhados de Tommy Thayer (guitarra e vocal, na banda há 10 anos) e Eric Singer (bateria e vocal, na banda, entre idas e vindas, há 20 anos). São esses dois caras que injetaram toda essa energia nos veteranos fundadores do Kiss.
Monster é hard/heavy rock básico do começo, com a alucinante Hell Or Hallelujah, ao fim, com a vibrante Last Chance, sem espaço para uma única balada. Riffs contagiantes de guitarra, refrãos matadores no estilo do hard rock oitentista e letras simples falando de temas simples. Solos econômicos, arranjos concisos e vocais repletos de personalidade são outras marcas.
As 12 músicas são bacanas, mas as minhas favoritas são, além das duas que já citei, a sensacional Wall Of Sound, a contundente Shout Mercy e a detonante Eat Your Heart Out. O melhor cantor do time é Paul Stanley, mas os outros três não ficam atrás quando assumem o vocal principal. Um time entrosado e que joga para ganhar na base da união.
O Kiss se vale de tanta parafernália visual em seus shows que muitos se esquecem de analisar o seu conteúdo musical. E não dá para negar que, em seus melhores momentos (e eles são muitos), o grupo do Linguarudo nos oferece um rock and roll simples, poderoso e que os aproxima do que o gênero tem de melhor, que é a irreverência e a energia.
Monster é um álbum que não irá revolucionar o mundo do rock, nem será badalado pela crítica especializada, nem mesmo será cultuado pelos fãs mais elitistas desse estilo musical. Mas que delícia ouvi-lo no talo e botar os ya-yas para fora!.
Isso é o verdadeiro rock and roll, e não é fácil de se fazer, embora aparentemente simples. O Kiss prova mais uma vez que sabe o caminho das pedras. E olha que eu não sou fanático por essa consagrada banda ianque. Mas não dá para negar que os caras são from hell mesmo!
Veja o Kiss ao vivo em Nova York em 2012:
Hell Or Hallellujah ao vivo com o Kiss no David Letterman:
October 26, 2012 at 3:41 pm
Excelente texto Fabian !!
Se o KISS tivesse a oportunidade de ler sua critica certamente ficariam espantados.
Se tem uma banda que foi perseguida e rotulada como “circo” foram eles.
Concordo que o marketing e a grana sempre falaram alto, mas os criticos precisavam simplesmente colocar os discos para tocar e avaliar se eram bons ou não. Como vc fez.
Obrigado mais uma vez por nos brindar com esse espaço democrático que reune textos sobre os mais diversos gêneros musicais.
abraços e tudo de bom
Alexandre Damiano
October 26, 2012 at 3:43 pm
Gostei bastante do Eric Singer cantando a empolgante All for the love of rock´n´roll
abraços
October 28, 2012 at 5:49 pm
O disco é muito bom mesmo, Alexandre. Ele se sustenta mesmo sem os recursos cênicos dos shows, assim como vários outros deles. O Kiss não teria se mantido durante tanto tempo no topo do rock se fosse apenas uma armação, como alguns pensam por aí. Eu os respeito exatamente por isso: eles dosam o espetáculo e a música, e sabem que um não sobrevive sem o outro no mundo do rock and roll. Fico feliz de você ter gostado do texto, pois eu o escrevi de coração, mesmo, de forma honesta e ponderada. Grande abraço, obrigado pela visita, e também gostei bastante do vocal do Eric Singer em All For The Love Of Rock And Roll!!!